Principalmente quando chega o mês de março, quando celebramos o Dia da Mulher, eu fico imaginando como vivia Eva no início da existência do Homem! Feliz no Paraíso, a tranquilidade reinava naquele lugar. A natureza exuberante e a intimidade com os animais faziam parte da rotina daquela mulher que, ao lado de Adão, usufruía de intensa harmonia e companheirismo! Pelo menos é isso que eu imagino. Confesso que tento me colocar no lugar dela e tenho dificuldade! Quando volto os meus pensamentos para a mulher moderna, a tranquilidade sai de cena e, como flashes, surge em minha mente uma série de responsabilidades que deixa bem longe a aparente passividade dos séculos passados e me deparo com a ansiedade da mulher do século XXI.
Após a revolução dos sutiãs, a mulher vem conquistando espaços muito além do que ela própria conseguiria imaginar. Nos diversos setores da economia, a “matéria prima” feminina é maioria, mas o sonho de construir uma família permanece. E, por obra da natureza, a tarefa da procriação não pode ser delegada aos homens! Assim, começa a árdua tarefa de conciliar papéis.
Certa vez, durante uma entrevista, uma jornalista visivelmente admirada com a minha postura de mulher independente e bem resolvida, decidiu “investigar” qual o caminho das pedras para eu ser boa mãe, boa profissional, boa filha, boa esposa, boa amiga… E, quando ela ia enumerar mais alguns itens da suposta “boa conduta feminina” eu a interrompi e falei: “Pode parar! Eu não consigo ser boa em tudo. Isso é um mito. O que eu aprendi da vida e coloco em prática é que quando se é boa em algumas coisas, a qualidade se amplia! Eu não sou perfeita em tudo, mas procuro investir o melhor de mim em cada momento.”
O rótulo de que mulher moderna sabe e pode tudo é um mito que a sociedade tem feito muita gente engolir, mas não diz respeito à realidade. Tem muita gente padecendo as amarguras dessa visão e tem se tornado crescente uma angústia generalizada para as mulheres e, também, para os homens. As mulheres têm se cobrado demasiadamente o tempo todo: tem que ser a melhor profissional, tem que ter um filho e tempo para brincar com ele, tem que ser bonita e elegante, ter nádegas durinhas, barriga tanquinho e seios empinados, tem que acompanhar a moda, ser excelente amante, companheira, amiga, esposa, mãe, filha! Ufa! Querer ser boa em tudo também cansa!
Não se pode ter tudo, mas é possível conquistar o melhor naquilo que escolheu. E ser uma excelente empreendedora. Realizada em um ponto, ajusta-se os desejos secundários, mas não menos importantes. Administrar as demandas tem a ver com equilíbrio, autoconhecimento e definição de autorrealização. No filme “De pernas para o ar 2”, a workaholic Alice (interpretada por Ingrid Guimarães), fica enfurecida porque o marido conhece uma mulher perfeita: bonita, mãe presente de cinco filhos, bem-sucedida profissionalmente, dona de casa exemplar e, por aí vai! Intrigada, ela segue ao encontro da super, hiper, mega mulher e pergunta como ela consegue ser tão perfeita em tudo. A resposta foi simples e direta: “Eu não tenho marido!”. Disso tudo, eu tiro três conclusões: Eva nasceu no tempo certo e a realidade da mulher moderna é bem diferente. A segunda é que não existe certo ou errado e sim resultado de uma escolha. A terceira é que todas as nossas escolhas devem ser feitas a partir de nossos próprios parâmetros e não com base no que consideramos realidade na vida do outro. Quais as escolhas que você tem feito para a sua vida? Qual é a prioridade das suas realizações? Ter de forma clara e bem resolvida essas questões faz total diferença na vida da Super Mulher que desejamos ser! Pense nisso!
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