Meus amigos leitores, hoje mudarei a abordagem para esclarecer (ou melhor, responder) a crítica recebida quanto às minhas duas últimas postagens. Uma leitora encaminhou, por Twitter, a seguinte observação (sic):
“@CloudCoachingBR Além de vcs quererem fazer que é da competência de psicólogos, sem a responsabilidade deles, agora vão interferir tbem na medicina!!! Aí já é demais”.
Como a resposta diretamente a ela foi dada pelo Twitter, que limita a extensão de qualquer explicação, bem como pela hipótese de que haja outros leitores que possam ter entendimento similar, decidi usar deste espaço para avançar no assunto, em duas frentes: a questão da concorrência com psicólogos e a possível interferência em prerrogativa da área médica.
Para “requentar” o assunto, em 25 de Janeiro o blog publicou o artigo “Como está a sua saúde mental?”, em que eu apresentava a seguinte conclusão:
O meu recado final é para que haja um padrão ético sempre presente nos relacionamentos pessoais e profissionais, buscando ajudar as pessoas a terem mais conforto diante de seus problemas, anseios e fobias. Especialmente, que o profissional de Coaching esteja sempre pronto e em dia com a sua própria saúde mental, de forma a executar a ação adequada com o cliente, dentro de um contexto de harmonia e bem-estar. E com a clareza de entender as origens de eventuais dificuldades que possam estar presentes no alcance de objetivos ou metas antes identificadas.
Posteriormente, em 15 de Fevereiro, o blog publicou o artigo “O desafio da síndrome de burnout”, em que eu apresentava a seguinte conclusão:
O desafio de enfrentar a síndrome de burnout é de todos os profissionais em intervenção humana, havendo um espaço especial para coaches em ajudar na reversão dos seus efeitos. Aliás, devo comentar, todos nós profissionais devemos estar atentos para não cairmos nessa armadilha.
Portanto, só esse comentário já deixa claro que não há qualquer tentativa de interferir com assuntos médicos, mas sim a necessidade de registrar que problemas como descrito geram desafios a todos os profissionais em intervenção humana, com um espaço de trabalho também para coaches.
No segundo artigo, todas as afirmações foram baseadas em pesquisas e estudos técnicos (referenciados, incluindo os autores), para categorizar o que é a síndrome de burnout e seus efeitos. Enfim, de maneira organizada houve a descrição de como burnout é analisado pela ciência, de como a síndrome está evoluindo e, ainda mais, como é capaz de afetar, indiscriminadamente, todos os tipos de profissionais. Minha conclusão chamou a atenção para coaches e mentores sobre a probabilidade de eventual atendimento envolver um cliente que esteja passando por essa situação. É preciso ter muita atenção para, se for o caso, adotar a melhor abordagem em apoio à saúde desse cliente, por vezes sugerindo a intervenção de um profissional médico ou terapeuta. De maneira alguma houve “interferência na medicina” (sic), muito pelo contrário.
Continuando, quero me referir ao Institute of Coaching (https://instituteofcoaching.org/), localizado em Boston – EUA, uma das mais prestigiosas instituições de Coaching do mundo e onde, em 2012, tive o orgulho de apresentar um estudo técnico. Ele foi criado em 2009, de forma a cultivar a base científica e as melhores práticas em Coaching, graças a um investimento da Harnisch Foundation no McLean Hospital, afiliados à Harvard Medical School. Hoje, o Institute of Coaching mobiliza uma comunidade com milhares de membros em todo o mundo e, conforme seus líderes:
“Coaching é uma prática jovem, composta por profissionais de ampla variedade de disciplinas e origens, desde consultoria de negócios, relações humanas e desenvolvimento organizacional, treinamento, esportes, educação e filosofia, até disciplinas psicológicas, como psicologia industrial e organizacional, psicologia de aconselhamento, psicologia clínica e psicologia social. Dada a variedade de origens, experiências e perspectivas que os profissionais oferecem, não é surpreendente ver uma falta de consenso sobre definições, métodos e técnicas”.
Portanto, há um elo bem real e inquestionável entre as dores humanas e as possibilidades de abordagens positivas, não se limitando ao Coaching, à Psicologia ou a qualquer outra área. O fundamento é que, qualquer que seja o profissional dedicado a atuar a favor do ser humano, que ele esteja técnica e emocionalmente preparado para isso. Porém, algum leitor pode se perguntar: Como esse eventual (se é que existe) conflito entre o Coaching e a Psicologia é visto no Brasil? Afinal, se já mostrei que na minha postagem não houve a interferência com assuntos médicos, como fica a questão de estarmos entrando na seara de competência dos psicólogos (como afirmou a autora da crítica enviada ao blog)?
Para não gastar tempo de vocês, e deixando a que cada um forme a sua opinião, finalizo com a sugestão de leitura da NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE A PSICOLOGIA DO ESPORTE, COACHING E O SISTEMA CONSELHOS (clique aqui), publicada pelo Conselho Federal de Psicologia, em Agosto de 2016. Acredito que ali está resumido tudo o que se pode responder a qualquer um que ainda afirme haver conflito natural de competências entre a Psicologia e o Coaching. O que é óbvio, como citado na Nota, é que
“…a prática de técnicas aplicadas pelo profissional que se denomina coach não é um conhecimento da Psicologia ou pertence a qualquer uma das suas especialidades. Assim, os profissionais da Psicologia que atuam com essa formação não devem associar suas ações às práticas psicológicas…”.
Encerro por aqui!
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