Em meio a uma vida agitada, ninguém está isento das constantes perdas que ocorrem em nosso dia a dia. E quando se trata de mulheres ativas que resolvem optar por serem também mães, então, aí sim é que precisamos nos preparar porque as perdas, ainda que temporárias, serão inevitáveis. O mais interessante é que esses fracassos ou problemas não estão sob o nosso controle.
Antes de sermos mães, somos filhas, irmãs, amigas, esposas, administradoras de um lar e, ufa, profissionais. Isso sim é que podemos chamar de multifuncionalidade. Aí chegam os filhos e muitas mulheres se vêem entre a cruz e a espada quanto às suas carreiras (já que os outros papéis dificilmente conseguimos abrir mão). Algumas, acabam desacelerando por um período profissionalmente, para se dedicarem exclusivamente à maternidade. Junto com essa decisão vem um monte de questionamentos. Monstros e sombras das cobranças e culpas chegam juntinhos. Entretanto, mais do que evitar o que é inevitável, a forma como respondemos a essas coisas é o que determina o quão bem-sucedidas e felizes seremos.
Ainda falando dos muitos papéis que temos na vida, em nosso trabalho, ocupamos também papéis diferentes, o que exige de nós equilíbrio físico, mental e espiritual para harmonizarmos tudo isso e também para que não haja prejuízos na totalidade de nosso ser.
Almejamos a conquista da felicidade pessoal (uma família, um lar bem-sucedido) e profissional (um ótimo salário e posições de destaque). Porém, para tal, precisamos nos libertar das angústias do passado para nos abrirmos a novas experiências e evitarmos nos frustrar por coisas que perdemos ao longo da jornada. Fazer do desenvolvimento de nossa força interior nosso objetivo principal e acreditar que o restante virá na sequência, pode ser um começo.
Essa força pode ser definida como algo vivo acima da experiência que acontece dentro de nós. Alguns chamam de resistência; outros, de superação; e outros mais, de RESILIÊNCIA.
O Wikipédia classifica resiliência como conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, estresse etc. – sem entrar em surto psicológico.
Essa combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas ou adversidades se transformou em uma das principais competências necessárias dentro do mundo corporativo. E se traduzirmos tudo isso para um dos maiores gestos de amor e doação que é a maternidade, essa competência é ESSENCIAL para a sobrevivência dessa mãe-profissional.
Por muito tempo, as empresas buscavam o que faltava em seus ambientes de negócios, já que seus colaboradores eram eficientes, eficazes, controlavam sua autoestima e mais uma série de fatores. Ainda assim, não conseguiam lidar com os conflitos. As crises se estabeleciam e então os quadros de estresse e depressão iam surgindo no decorrer do processo.
Quando uma mulher abre mão do mundo corporativo para se dedicar ao bebê que chegou, direciona quase toda a sua energia a ele. Esquece de si mesma, de todas as suas qualidades e entra em modo automático para focar só no que diz respeito à maternidade. Muitas vezes se vê esgotada física e mentalmente. E aqui é que a resiliência entra com tudo, especialmente para aquelas que querem suas carreiras de volta após o período mais crítico e de maior dependência de seu filho para com ela.
Bendita física que descobriu a resiliência, que se mostra ser fundamental para nos adaptarmos a essas situações de crise, não mais as aceitando, mas aprendendo com elas.
Existe uma diferença entre o resiliente e o resignado. O segundo é aquele que aceita prontamente tudo o que lhes é imposto. Um exemplo disso seria se estivéssemos em um ambiente corporativo, vivendo as pressões excessivas causadas por cobrança diária ou expectativas geradas, e fôssemos resignados; entenderíamos aquela pressão como algo normal, pensaríamos que as coisas são assim em qualquer empresa e apenas aceitaríamos. Resignação é aceitar as dificuldades, aceitar que os problemas existem e que nada podemos fazer para mudar. Aceitamos, engolimos e não fazemos nada a respeito.
Por outro lado, se de fato fôssemos resilientes e vivêssemos essa mesma situação citada, engoliríamos, digeriríamos e transformaríamos a crise, o estresse e toda essa pressão em algo produtivo, com resultados positivos. E acredito que, para uma mulher, que decide voltar ao mundo dos negócios associando suas vidas pessoais com um plus chamado filho, ser resignada apenas não basta. É preciso usar em demasia a resiliência para dar conta do recado.
Esse é o papel fundamental dessa competência maravilhosa: transformar o conflito ou a dificuldade em algo possível e que nos projete além de onde estamos. Podemos entender hoje em dia que, ao sermos resilientes, aprendemos com as frustrações, e isso nos prepara para uma próxima situação de forma mais estabilizada e em condições equilibradas para passarmos por um novo conflito ou dificuldade.
Todavia, a frustração não é esse “bicho papão” que todas nós tememos. O caminho é inverso: a frustração deve ser nosso trampolim. É ela que nos lança cada vez mais longe e é a partir dela que criamos movimento e saímos do lugar-comum onde estamos acomodados, ambientados (também conhecido como zona de conforto), e procuramos novo ambiente ou nova situação desafiadora. Ao fazermos isso, enxergamos novas possibilidades de mudança. Isso nos torna mais resilientes, já que com a frustração se abrem novos campos de possibilidades que estão dentro da adaptação às situações difíceis. Sem frustração, não há resiliência.
Mas, então, qual é o segredo e como podemos chegar até o nível de profissionais, ainda que sejam essas mulheres em fase de retomada de carreira, que toda empresa busca no mercado de trabalho, sendo resilientes?
Essencialmente, precisamos desenvolver algumas características com nuances pessoais para o mundo corporativo:
- Autoestima: configurada como um dos princípios básicos da resiliência;
- Relações humanas evoluídas: entendermos que o ambiente de trabalho pode, sim, ser mais afetivo e humanizado, tal qual nosso ambiente familiar ou de amizade;
- Administração das próprias emoções: ter habilidade para nos manter serenos em situações de estresse e ler as pistas no outro nos auxiliará a reorientar nossos comportamentos. É essa troca entre nós e as pessoas com quem convivemos que nos humaniza;
- Controle dos impulsos: essa característica foi referida tão sabiamente por Mahatma Ghandi, famoso líder indiano, como a capacidade de não se levar impulsivamente pela experiência da emoção;
- Otimismo: a crença de que as coisas podem sempre melhorar;
- Capacidade de identificar precisamente as causas dos problemas e das adversidades presentes no ambiente: essa possibilidade nos habilita a nos colocarmos em um lugar mais seguro em vez de nos posicionarmos em situação de risco;
- Empatia: o ato de nos colocarmos no lugar do outro sempre;
- Autoeficácia: a convicção de sermos eficazes nas ações às quais nos propomos;
- Alcançar pessoas: capacidade de nos vincularmos a outras pessoas para viabilizarmos soluções, sem receios nem medo do fracasso.
Sempre que penso a respeito de resiliência e nas formas de alcançá-la, imagino logo um tripé para a sustentação desse conceito.
A primeira ponta desse tripé, eu chamo de AUTOPRIORIZAÇÃO (nisso aqui, as mulheres que são mães, precisam se lapidar)! Você em primeiro lugar, porém olhando sempre para o outro. Se pensarmos no primeiro mandamento de Cristo, Amar a Deus sobre todas as coisas e a teu próximo como a ti mesmo, percebemos que até para falar do amor a Ele, Deus nos colocou em primeiro lugar. Somos motivados a fazer o bem e gerar o amor ao Ser Supremo e também a qualquer semelhante. Logo, se entregarmos amor, cuidados, ou fizermos o bem a nosso semelhante, com toda certeza receberemos amor, cuidados e bondade de volta.
A segunda ponta, gosto de chamar de RECOMEÇO! É aqui que muitas mulheres desistem achando que, o tempo dedicado ao filho as desatualizou e acabou de vez com suas carreiras. Não! Sempre podemos recomeçar. Triste isso, mas conheço muitas pessoas com uma visão distorcida da vida! Elas almejam coisas, desejam coisas, fazem planos para a vida, mas, caso o que planejam não saia conforme programaram, acreditam que suas vidas se desestruturaram e nada mais vale a pena. O resiliente acredita que O FIM NÃO EXISTE.
Fechando o tripé, a última ponta, eu chamo de PERSISTÊNCIA! Talvez essa capacidade de jamais desistir seja o ícone maior de resiliência. Desistir é o que nos impossibilita de agir. Desistir ao meu ver é o contrário do sucesso, porque aquele que fracassa, mas não desiste, continua em movimento…às vezes rastejando, mas segue em frente. Já o desistente não. Esse está parado, inerte…não mais se movimenta em busca do que almejava. Perder a esperança e o desejo de mudança faz que nos afastemos da ideia de ser resilientes de fato.
O Problema não é o problema, mas sim sua atitude em relação a ele. (Kelly Young)
Situações adversas, fracassos e perdas aparecerão sempre, seja no mundo corporativo ou na vida pessoal. O que precisamos é aproveitar esses momentos da vida para treinar nossas habilidades, já que todos nós temos os recursos necessários “instalados em nossos drivers interiores de fábrica”. Basta ativarmos e utilizarmos da maneira certa, no momento oportuno.
Quer se destacar no mundo dos negócios ou retomar sua carreira? Aqui está o maior e talvez mais simples segredo de todos: Renove suas energias e seja resiliente!
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