Começamos o nosso Espaço do Coach, em 2015, com uma relevante abordagem para orientar o trabalho dos Coaches brasileiros, principalmente quanto à vida pessoal do Coachee. O conteúdo original foi publicado no International Journal of Evidence Based Coaching and Mentoring (Volume 11, Nº 1), com o título Effect of a quality of life coaching intervention on psychological courage and self-determination (O que dizem as pesquisas: Como a autodeterminação afeta a coragem?), da autoria de Devorah Curtis e Lisa Kelly.
O estudo foi fundamentado na teoria da autodeterminação. Ele incluiu sessões de Coaching, preparação psicológica, entrevistas pessoais e por telefone, bem como avaliações de perfil dos participantes. De acordo com a teoria da autodeterminação, o bem-estar é dependente do equilíbrio psicológico que se pode construir entre necessidades de autonomia, relacionamentos e competência, as quais devem ser atendidas para alcançar a coragem psicológica. Coragem psicológica é definida como a energia pessoal que comanda os vários tipos de motivação ao longo do espectro da autodeterminação, ainda mais quando em períodos de estresse.
Nessa pesquisa, o foco inicial do Coach era diferente para cada pessoa e o processo foi baseado nos pontos fortes e no que cada participante procurava especificamente aprender, experimentar ou alcançar. Também se considerou necessário disponibilizar um conjunto de diferentes técnicas de regulação emocional e de biofeedback. Os resultados mostraram que, independentemente do foco inicial do Coaching e das técnicas aplicadas, todos os participantes experimentaram progressos e reforçaram a coragem psicológica. Ao final, eles tinham mais autoconfiança, autoestima, autodisciplina e autodeterminação.
Os encontros e as sessões de biofeedback ajudaram os participantes na identificação de certos hábitos emocionais arraigados, os quais inibiam a tomada de ação com confiança e autodeterminação, o que levou a influenciar os resultados e o sucesso da intervenção. Dessa forma, cada pessoa teve que sair de sua zona de conforto e desenvolver capacidades cognitivas e emocionais de coragem psicológica por meio de disciplina e prática. É importante notar que o crescimento pessoal e a internalização não era algo fácil aos participantes, pois tinham que cultivar as características de uma mentalidade corajosa a fim de gerar a energia emocional necessária para superar crenças negativas e avançar para o que eles valorizavam.
Segundo as autoras, foi muito positivo perceber que a coragem psicológica é uma habilidade cognitiva e emocional que pode ser reforçada por adultos saudáveis através da intervenção do Coaching de vida. Os resultados também demonstraram como a coragem psicológica é internalizada e como isso afeta as diferenças individuais na motivação. Para as autoras, ainda que não seja possível assumir que as mesmas técnicas funcionarão para todos os clientes, o mais importante é conectar profundamente cada um com seus valores e pontos fortes, de modo que eles possam ter esse suporte para avançar em qualquer direção que escolherem.
Finalizando, a integração bem sucedida construida nesse estudo fez com que os participantes tivessem que reconhecer, assimilar e confrontar as crenças e dogmas que cristalizaram motivos e barreiras emocionais, tais como a opressão, o medo do fracasso, o perfeccionismo, a culpa e/ou a raiva, tudo acontecendo dentro de seu trabalho ou mesmo em situações pessoais. Portanto, mais um ponto positivo à prática do Coaching de vida, que mostrou-se válido para a transformação desejada pelos participantes.
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