DISC, Autoconhecimento e Orientação de Carreira
Em um passado não tão distante para muitos, e para alguns uma decisão ainda muito presente, a escolha de uma profissão ou carreira sofria ou sofre ainda forte influência de pais, professores, tendências de mercado ou valores sociais. Seria como se um jovem, ao terminar o ensino médio, logo após receber o seu certificado de conclusão, tivesse que entrar na fila de um ônibus e, ao chegar à porta deste, o motorista dissesse qual o número do assento para sentar e qual o destino deste ônibus.
Essa porta do ônibus poderia se assemelhar ao momento da decisão de qual faculdade seguir no momento do vestibular, onde “alguém” aconselharia ou direcionaria qual carreira seria a mais indicada. A vida é uma viagem só de ida, que após iniciada nunca para; pode-se até decidir mudar de ônibus para outro meio de locomoção ou outro destino, porém o caminho já realizado torna-se escrito em pedra, não dá para reescrever – o que passou, passou, certo ou errado.
O primeiro ponto de reflexão é: por qual razão alguém deve induzir, escolher, direcionar ou decidir, direta ou indiretamente, a carreira de uma pessoa, uma vez que cada um é singular e quem vai “viajar” é o próprio indivíduo?
O propósito da vida de cada um pode ser entendido como o reflexo de quem cada um é, com seus talentos e limitações. Por qual motivo teríamos uma razão de viver que não fosse congruente com quem somos?
Pensando desta maneira, a carreira profissional pode ser vista como um instrumento para que cada indivíduo tenha o local, momento e meios para manifestar seus talentos, ocupando assim o seu lugar devido, contribuindo positivamente para o mundo à sua volta, como nenhuma outra pessoa conseguiria.
Todos nós deveríamos estar no banco do motorista de nossas vidas, deveríamos poder escolher o modo de locomoção e, principalmente, para onde ir! Quanto menos uma pessoa se conhecer, mais precisará de informações externas, vindas de conselheiros, professores, orientadores, psicólogos, coaches, pais, etc. Logo, temos aqui uma dica de muita importância para quem quer descobrir qual carreira seguir: a necessidade por autoconhecimento.
Quando um jovem não sabe para onde ir, as perguntas mais relevantes não deveriam ser relativas a qual profissão promete uma remuneração ou segurança maiores, mas sim a respeito de quem você é, obtendo respostas que o coloquem em contato com suas qualidades, talentos, valores, etc.
As respostas mais importantes vêm de dentro, não de fontes externas; ao revelarmos quem somos, o caminho a seguir é encontrado. É ouvindo o som que toca dentro de nós mesmos que identificamos com qual ritmo nascemos com o dom para dançar.
O processo de autoconhecimento pode ter início através do entendimento do perfil comportamental de cada um (teoria DISC, por exemplo), porém os traços comportamentais mostram apenas o como alguém realiza o que escolheu ser e fazer.
Podemos ter advogados, médicos, administradores e artistas exatamente com o mesmo perfil comportamental. Na música, podemos encontrar artistas com perfis comportamentais bem diferentes e todos, cada um no seu estilo, com muito sucesso, como, por exemplo, os cantores Lobão, Ivete Sangalo, Milton Nascimento e Chico Buarque, muito provavelmente com as características comportamentais de uma pessoa agressiva (D), alegre (I), calma (S) e detalhista (C), respectivamente.
A análise de perfil comportamental também não irá dizer se uma pessoa deverá seguir a carreira acadêmica, dando aulas em uma faculdade, ou como empreendedor, apenas para citar dois exemplos. O que fortemente influencia uma pessoa a optar pela carreira acadêmica são certamente seus valores. Nossos valores também são determinantes em como devemos utilizar o nosso tempo, para ter um dia gratificante.
O apreço à busca do conhecimento, à descoberta da verdade e ao crescimento intelectual é um forte motivador para a carreira acadêmica. O perfil comportamental irá apenas dizer como esses professores ou professoras serão percebidos pelos alunos.
Alguns professores serão vistos como mais sérios, outros mais divertidos, uns mais rebeldes, outros conservadores, e assim por diante. Mas todos os que fizeram a opção, por vontade própria, para seguir uma carreira acadêmica, seguramente possuem o incremento da sua intelectualidade como uma significativa força impulsionadora para a sua carreira.
Quanto ao empreendedorismo, conhecer o perfil comportamental é muito pouco para entender a razão da escolha de uma pessoa para abrir um negócio próprio e suas chances de sucesso. O que fortemente influenciará essa decisão, no sentido de buscar algo que tenha prazer em fazer, serão os valores da própria pessoa, novamente.
Essa pessoa, ao optar por empreender, presumidamente mostrou que valoriza, não só, mas principalmente, eficiência, produtividade, custo-benefício, retorno sobre investimento, dinheiro, acúmulo de capital, bens materiais ou gestão de recursos. O perfil comportamental irá contribuir para a compreensão a respeito de qual a melhor fase da vida para abrir o negócio próprio, em qual segmento econômico, localidade, sozinho ou com sócios.
As pessoas, quando em condições de escolher, procuram alocar os seus respectivos tempos naquilo em que depositam mais valor, em atividades que lhes dão prazer, lhes deixam felizes, e elas, quando imersas, não percebem o tempo passar.
Para uma maior segurança ao escolher uma carreira, o recomendável é investir o seu tempo e demais recursos onde o retorno é o mais certo e garantido possível: o autoconhecimento. Dentro do autoconhecimento há várias dimensões de análise, sendo que os valores indicam para onde ir, e os comportamentos, o como irá manifestar o que escolheu para ser.
As pessoas à nossa volta são importantes fontes de informação, que devem ser ouvidas e valorizadas, no entanto a resposta a respeito de qual veículo de locomoção utilizar e para onde ir, sempre no banco do motorista – obviamente –, vem do contato, paciência e habilidade de ouvir a voz interior, ou seja, a sua vocação, que é só sua e de mais ninguém.
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Alexandre Ribas
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