O mundo moderno, pela sua dinâmica e excesso de informações, vem nos acostumando a viver no modo “piloto automático”, isto é, não vivemos no momento presente de forma consciente naquilo que estamos fazendo, mas sim em um modo no qual quase tudo é feito pelo hábito e de forma automática.
Não, não quero falar aqui da música “Cotidiano” do Chico Buarque (“Todo dia ela faz tudo sempre igual”), mas sim do nosso costume em não vivermos o aqui e agora.
Um estudo interessante realizado no MIT por J. Kabat-Zinn mostrou que uma pessoa vive focada naquilo que faz, sem divagações ou desvios de foco, apenas 15% do seu tempo em que passa acordada, ou seja, para uma expectativa de vida de 80 anos, ela passará menos de 9 anos de sua fase adulta vivendo o momento presente!*
É isso mesmo, em toda fase adulta passamos apenas 9 anos conscientes do que estamos fazendo, isto é, apenas 9 anos em que realmente “saboreamos” a vida. O restante do tempo, nosso pensamento encontra-se em algum lugar, divagando e distante daquilo em que deveria estar focado, o que certamente limita a nossa atuação, desempenho e excelência profissional, além de causar estresse, cansaço mental e dificuldade na realização das diversas atividades.
Atualmente quem quiser se sobressair nesta imensa massa de indivíduos atuantes profissionalmente deverá necessariamente fazer uma reprogramação na forma de conduzir seus pensamentos, “treinando” a mente para estar conectada com o mundo presente e experimentando o que a vida lhe oferece naquele momento. Esta “academia mental” pode ser frequentada por pessoas de qualquer idade.
As pessoas que agem rápido para chegar ao destino sem prestar a atenção ao que ocorre no caminho, pessoas que não têm muita consciência no que estão fazendo, que atuam mecanicamente, que se preocupam em demasia com o passado e com o futuro, são aquelas que mais necessitam de mudança dos hábitos.
Como nosso assunto é o Comportamento do Profissional e Coaching, quero compartilhar uma prática que venho usando com sucesso. Nos processos de Coaching eu separo 8 encontros apenas para discutir e praticar 16 tipos de exercícios, sendo dois a cada encontro. Um sempre visando treinar a mente a focar no que é importante naquele momento e outro para liberar hábitos arraigados.
A nossa forma de pensar e de conduzir o nosso raciocínio pode ser treinada para uma melhor eficiência e objetividade, com o consequente aumento da produtividade, do foco na atividade exercida naquele momento, no desenvolvimento do raciocínio e memória.
O exercício de liberar hábitos arraigados tem como finalidade nos livrar de certas práticas que incorporamos e que limitam o nosso desenvolvimento. Com estas atividades podemos desenvolver a criatividade e a inovação, e criarmos condições de nos mantermos alertas e vigilantes.
Estas práticas não são difíceis de serem aprendidas e o melhor, com pessoas de todas as idades.
O mundo moderno exige profissionais focados e que vivam “neste mundo” e não que estejam sempre navegando por lugares incertos e não sabidos, comprometendo seus sonhos e dificultando a conclusão de seus projetos.
Nestes tempos de muita competitividade e em que a disponibilidade no mercado de bons profissionais é crescente, a importância de nos diferenciarmos dos demais é de grande valia para a nossa empregabilidade.
(*) Kabat-Zinn ; Full Catastrophe Living: Using the Wisdom of your Body and Mind to Face Stress, pain and Illness (Piatkus, 1990), (ISBN: 9780345536938)
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