Hoje, eu gostaria de discorrer e convidá-los para uma reflexão sobre dois “ES”. O “E” de Empreendedorismo, o “E” de Empoderamento
Segundo o SEBRAE – (2009) ”o empreendedor tem como característica básica o espírito criativo e pesquisador. Ele está constantemente buscando novos caminhos e novas soluções, sempre tendo em vista as necessidades das pessoas.” Empreender é ainda o ato de criar e gerenciar um negócio.
O Brasil é considerado um dos dez países líderes em empreendedorismo no mundo, segundo relatório do GEM (Global Entrepreneurship Monitor), realizado anualmente desde 2001, e que avalia a quantidade de cidadãos envolvidos em atividades voltadas para negócios. Em contra partida, um estudo do Banco Mundial, realizado desde 2003, coloca o país na 125ª posição entre 181 países no critério “facilidade de fazer negócios”. Esse critério é medido por atributos como facilidade em abrir e fechar uma empresa, em obter crédito e em fazer valer contratos. Mais difícil ainda é fechar um negócio. E, segundo o economista, Eduardo Gianetti, o Brasil tem que resolver dois problemas para aumentar a sua velocidade de crescimento e se sustentar entre os países mais economicamente fortes. Primeiro, aumentar sua poupança e os investimentos em capital humano. Segundo, criar um ambiente de negócios mais amigável e menos impeditivo.
Neste cenário, o crescimento da proporção de mulheres no total da população empreendedora saltou de 29% em 2000 para 46% em 2003. A mulher em pouco tempo se preparou mais profissionalmente, conquistou espaços, independência econômica e financeira. E agora é hora de avançarmos numa questão bem mais profunda: o Empoderamento Econômico. As mulheres não querem mais ser apenas independentes financeiramente. Elas, quero dizer nós, queremos participar em igualdade de condições e de salários em todos os níveis corporativos. Queremos ter acesso ao crédito e ao mercado.
No dia 06 de março de 2012, a Diretora Executiva da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e para o Empoderamento da Mulher (ONU Mulheres), Michelle Bachelet, enfatizou que países e empresas com maiores índices de igualdade de gênero obtêm melhores performances e crescimento mais rápido. “E o crescimento é mais inclusivo, com mais benefícios para todos”, disse ela. Além disso, um recente estudo da Harvard Business Schools aponta que se as mulheres ganhassem os mesmos salários dos homens nos EUA, haveria um aumento de 9% do PIB daquele país.
Mas falar em empoderamento econômico não faz sentido e não haverá igualdade se as mulheres não ocuparem cargos políticos. Willian Shakespeare já dizia “Plante seu jardim, decore sua alma. Não espere que lhe tragam flores.” As mudanças e as conquistas que tanto almejamos devem ser feitas por nós. Não podemos mais delegar, não podemos mais abrir mão de sermos protagonistas de nossas próprias historias. O empoderamento econômico das mulheres só se tornará realidade à medida que ocuparmos cargos de poder que impactem diretamente nas políticas públicas.
Nós mulheres, queremos políticas que melhorem a segurança, principalmente para nossos filhos pequenos e adolescentes; queremos políticas mais eficazes de enfrentamento à violência contra a mulher; queremos políticas que garantam a qualidade do ensino e o acesso à saúde de qualidade.
Nós, empresárias e trabalhadoras, queremos discutir e participar das reformas trabalhista e tributária que façam com que nossas empresas sejam mais competitivas, mais eficazes, mais modernas, menos onerosas e menos burocráticas.
À medida que mulheres como a juíza Patricia Acioli, morta em agosto de 2011 por investigar e atrapalhar o esquema de propinas de policiais militares no Rio de Janeiro, continuarem a dar o exemplo de que nós estamos efetivamente preocupadas e engajadas com a construção de uma sociedade mais justa, mais igual, mais ética e mais humanizada, mais e mais mulheres se sentirão estimuladas a se envolverem em todos os setores da sociedade que, de uma forma ou de outra, possam impactar na qualidade de vida de todos.
Entretanto, toda mudança e toda conquista só é possível quando há união. Cabe a nós, empreendedoras, empresárias e trabalhadoras acreditarmos que será através do conhecimento, da qualificação, da ampliação de nossa rede de relacionamento que mudaremos a história desta cidade, saindo na frente, discutindo e refletindo com maturidade as questões de gênero.
Para concluir, quero deixar apenas uma breve citação de Platão: “tente mover o mundo – o primeiro passo será mover a si mesmo”
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