Eu estou a ponto de …
As 4 fases do Estresse e os Fatores de Riscos Psicossociais do Trabalho
Nos últimos meses tenho recebido contatos de executivos de empresas clientes, preocupados com o que eles chamam de “desânimo geral”.
“As pessoas estão trabalhando e desenvolvendo suas atividades, mas eu percebo que perderam entusiasmo, requerendo muito esforço e energia para que as coisas se realizem.”
Quem são os profissionais que estão assim? Os próprios executivos ou suas equipes?
Ou seus familiares e amigos?
Ou estamos vivendo de fato um esgotamento coletivo e não temos a coragem de olhar para tal momento com receio do que isso demandará?
Podemos considerar muitas variáveis sócio, políticas, econômicas e a própria realidade pessoal que por muito tempo esteve ameaçada pela insegurança em relação ao COVID e seus impactos.
No macro ambiente, identificamos a crise econômica, a queda na oferta de empregos, aliada ao avanço das tecnologias impactando no mundo do trabalho, ampliando novas oportunidades, mas imprimindo um ritmo acelerado na competitividade no mercado e na aquisição de novas competências. Surgiram novos padrões de emprego, novas jornadas de trabalho, contratos temporários e em tempo parcial, reestruturações nos organogramas das organizações e terceirizações.
Por um lado, encontramos profissionais com poucas oportunidades de empregos, profissionais com gaps de habilidades para as novas oportunidades, por outro lado, profissionais que ainda estão empregados tendo que acumular novas tarefas e funções, com jornadas mais prolongadas para garantirem seus empregos.
O cenário de complexidade e incertezas diminuem o controle dos indivíduos sobre seu trabalho e sua vida, que passam a viver um estado de vulnerabilidade psicossocial, impactando assim o equilíbrio emocional e levando os indivíduos ao estresse e seus transtornos associados.
O estresse individual ou coletivo está interferindo na sua vida e/ou no seu trabalho?
Para responder essa pergunta, vamos inicialmente realizar a auto-observação verificando se já possuímos alguns sintomas de estresse em menor ou maior grau, na tabela abaixo:
FASES DO ESTRESSE:
a) Fase de alerta:
Diante de uma situação que gera tensão, o organismo se prepara para agir, com a produção de substâncias como a adrenalina, que o leva as reações de “luta e fuga” e, por isso, demanda esforços físicos e emocionais (Malagris & Dias, 2019);
b) Fase de resistência:
Ao persistir a fase de alerta, o indivíduo utiliza energia adaptativa para se reequilibrar. Se consegue, então os sinais da fase de alerta desaparecem, levando-o à sensação de melhora. Contudo, quando isso não ocorre, o indivíduo sofre a sensação de desgaste generalizado (Malagris & Dias, 2019);
c) Fase de quase-exaustão:
Nesta fase, o organismo está enfraquecido e não consegue se adaptar ao agente estressor, então as doenças começam a aparecer, tais como herpes simples, psoríase, picos de hipertensão e diabetes nas pessoas com predisposições genéticas (Lipp, 2000);
d) Fase de exaustão:
Resulta da contínua exposição do indivíduo ao estressor ou a muitas fontes de estresse simultâneas, e há incidência da exaustão psicológica (por exemplo: depressão, ansiedade aguda, inabilidade de tomar decisões, vontade de fugir de tudo). E exaustão física (por exemplo: alterações orgânicas, hipertensão arterial essencial, úlcera gástrica, psoríase, vitiligo e diabete) (Silva & Martinez, 2005).
Você reconheceu algum sintoma ou então alguma fase no autodiagnostico?
O melhor caminho é buscar ajuda profissional para que você possa reorientar seus cuidados com sua saúde física e psíquica.
Na segunda tabela abaixo, vamos analisar os fatores de riscos psicossociais relacionados ao trabalho, a saber:
Fatores de Riscos Psicossociais do Trabalho | |
Conteúdo do trabalho | falta de variedade, subutilização das habilidades, fragmentado sem sentido, exposição contínua a pessoas |
Carga e ritmo de trabalho | ritmo e pressão contínua, prazos permanentes, prazos irreais |
Horário de trabalho | revezamento em turnos, longas jornadas permanentes, jornadas antissociais e imprevisíveis |
Controle | baixa participação na tomada de decisão, falta controle sobre a carga de trabalho, ritmo, etc |
Ambiente e equipamentos | disponibilidade adequada de recursos e equipamentos para o trabalho, iluminação, ruído |
Cultura Organizacional | Comunicação deficiente, falta apoio na solução de problemas, definição clara de objetivos |
Relação interpessoais | falta transparência, confiança, relacionamento social precário, conflitos com superiores e pares, intimidação e assédio |
Papel na Organização | ambiguidade dos papéis e responsabilidades |
Desenvolvimento de carreira | estagnação, incerteza na carreira, salários baixos, insegurança no emprego, baixo valor social para o trabalho |
Interface casa e trabalho | exigências conflitantes entre trabalho e casa, baixo suporte em casa, dupla carreira |
Adaptado por Leca e Jain (2010) Artmed |
E como está, de fato, o seu ambiente de trabalho?
Vale a pena repensar e assim assumir o controle do seu bem-estar?
Ou então sugerir melhorias no seu ambiente de trabalho?
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre o estresse no trabalho e como assumir o controle do seu bem-estar? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.
Um abraço,
Regina Sotto Maior
https://www.estacaolideranca.com.br
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