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Eu gosto do meu curso e da minha faculdade, mas nem sempre

Passar por crises existenciais ao longo da vida é normal e, além disso, esperado, já que somos seres racionais e sociais em eterno desenvolvimento.

Passar por crises existenciais ao longo da vida é normal e, além disso, esperado, já que somos seres racionais e sociais em eterno desenvolvimento, porém quanto mais avançamos nas etapas da vida, mais as crises existenciais assustam, pois colocam em questionamento não só um futuro totalmente incerto ou nem iniciado, como era o caso das crises existenciais da adolescência.

Quando se está no começo da vida adulta já se deu alguns passos em direção a um plano que se tinha pré-estabelecido. Tempo e dinheiro já foram investidos e sacrifícios já foram feitos para que tal plano fosse continuado e, com a crise existencial nos questionamos se já fizemos tudo para chegar até aqui. Será que essas certezas que eu tenho sobre o mundo e sobre mim mesma vão se concretizar ou estão corretas? Assustador, não? Assustador pensar que tudo que já se passou até agora pode não levar àquele sonho ou plano, já que não temos mais certeza se somos aquilo que pensávamos que éramos ou se queremos aquilo que pensávamos que queríamos. Todas as bases de nossas vontades e ações colocadas em xeque novamente por uma crise existencial.

Tudo isso é assustador não só pela preocupação e responsabilidade legítima que temos com a nossa própria vida e com os nossos esforços, mas também porque estamos inseridos em um padrão de vida adulta e responsabilidade que nega totalmente essa “metamorfose ambulante” que o ser humano é, como já dizia Raul Seixas. Ao questionar este padrão de adulto que temos podemos nos acalmar e entender que tudo bem não saber sempre ao certo o que se quer da vida adulta, mesmo que já tenham se dado passos nesse sentido.

Questionar os padrões sociais é, na minha opinião, o caminho mais certo para o autoconhecimento de um modo introspectivo e pessoal, que não tenha respostas prontas como “ame mais”, “seja mais gentil”, “seja responsável” e coisas do tipo, vendidas por dez e noventa e nove em livrarias do mundo inteiro. Caso isso desse certo, os números mostrariam pessoas com menos depressão, menos desilusão e se sentindo menos perdidas na sua função social e pessoal.

Nesses dias de crise existencial, se permita a sensação de ser uma criatura racional e emocional. Se permita duvidar de tudo e de si mesma. Apenas questionando saímos do lugar, seja retornar para um novo começo ou continuando em frente com o planejado. A dúvida é um sinal de vida, sinal de que o “meu tempo” é o aqui e o agora, porque estamos vivos e nosso potencial continua existindo até o nosso último suspiro de vida.

Hoje foi aquele dia em que não sabe mais e quer continuar com o curso que escolheu para a faculdade? Ou continuar trabalhando em determinada área? Tudo bem, é apenas a dúvida te lembrando que se está vivo. Se questione e cresça, independentemente do que aconteça. (Quero ser feliz também – Natiruts).

Beatriz Alves Ensinas é Estudante de Direito na PUC-SP, estagiando na área e em São Caetano do Sul, São Paulo. Depois de três anos contribuindo na coluna “De adolescente para adolescente”, iniciada por ela e depois tendo a parceria de Bruno Sales, a partir de agora ela é responsável pela coluna “De Universitário para Universitário”.
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