Gerir a carreira está se tornando uma tarefa bastante complexa.
O mundo ficou maior, pois temos informações na ponta dos dedos, acessando facilmente o mundo através da Internet, o que nos coloca diante de oportunidades e ofertas que não se imaginava algum tempo atrás.
O fato do universo ter ficado maior e com muito mais opções não torna a vida, quando se trata de escolha profissional, mais fácil. Afinal, diante de tantas alternativas, a sensação de não ter feito a escolha certa ou de ter que abrir mão de muitas outras possibilidades é realmente bem angustiante.
Por outro lado, a impossibilidade de conhecer melhor tantas carreiras e a falta de incentivos para que os jovens possam conhecer minimamente diversas profissões é grande, e não é raro que acabem por escolher aquelas que tenham maior visibilidade, principalmente através das mídias – impressa, televisiva e principalmente sociais.
Muitas vezes o critério de escolha é baseado em fatores externos, na sua maioria em status e remuneração.
Minha preocupação continua, pois os aspectos que apresentei até o momento estão relacionados à percepção do mundo externo que nos cerca, porém o que pode dificultar ainda mais a escolha e a autogestão da carreira é falta de autoconhecimento.
Pode parecer uma palavra autoelucidativa, mas se conhecer leva tempo. Há muito pouco espaço e incentivo no meio acadêmico para aprofundar essas questões, que muitas vezes é percebida como menos importante diante das ciências duras.
Refletir sobre os próprios valores, o que motiva, agrada, desagrada, entusiasma, entristece; quais são as crenças… Enfim, se reconhecer minimamente facilita a identificação de atividades que tenham maior aderência com quem se é.
De certa maneira, boa parte das escolhas que fazemos na vida estão baseadas nos valores e nas crenças que possuímos. Sem ter consciência delas, as escolhas tendem a ser bem frustrantes.
É verdade também que não é possível evitar as frustrações e que viver e experimentar faz parte do processo de aprendizado e amadurecimento pessoal e profissional, mas poderia ser mais incentivada a reflexão sobre as experiências vividas, principalmente pelos mentores desses jovens, sejam eles os pais, professores e até os gestores das empresas.
Por trabalhar com carreiras e ver no dia a dia a importância de um bom mentoring na vida profissional dos alunos, costumo dizer que a sala de aula é um ótimo local para discutir sobre desenvolvimento ou início de carreira.
Mas talvez você se pergunte como engajar o estudante neste assunto. Afinal, teoricamente, ele já optou por uma profissão porque está em um curso técnico ou universitário.
É aí mesmo que está a resposta: neste começo de carreira surgem dúvidas, “medos”, desafios e muitas vezes os alunos necessitam de conselhos, exemplos ou até mesmo tirar dúvidas sobre possíveis cargos que têm vontade de exercer.
O professor pode então assumir o papel de estimulador em sala de aula sempre que possível, levando os estudantes a refletirem sobre o mundo que os cerca. É importante fazer links com o mercado de trabalho, expandir o horizonte, mostrar que eles podem ser um de vocês, professores.
Além do ponto-chave: compartilhar experiências. Exemplos reais são aqueles em que os alunos podem se identificar e, quem sabe, usá-los como base durante sua jornada profissional, atrelada ao que está cursando ou não.
Afinal, como disse alguns parágrafos acima, o mundo é muito grande e o leque de oportunidades também. Basta os estudantes estarem prontos para encarar os desafios que terão pela frente, utilizando a ajuda que proporcionamos um dia.
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