“Para todas as realizações há um momento certo, existe sempre um tempo apropriado para todo o propósito debaixo do céu. Há o tempo de nascer e a época de morrer, tempo de plantar e o tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de edificar, tempo de chorar e tempo de rir, tempo de lamentar e tempo de dançar, tempo de atirar pedras e tempo de guardar as pedras, tempo de abraçar e tempo de se apartar do abraço, tempo de buscar e tempo de desistir, tempo de conservar e tempo de jogar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de ficar quieto e tempo de expressar o que se sente, tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de estabelecer a paz.” (Eclesiastes 3)
A vida é feita de fases. Cada uma delas é recheada de desafios e avanços. Mas como lidamos com o tempo das coisas?
Durante a infância, damos início a nossa consciência de nós mesmos, do mundo e, naturalmente, das pessoas à nossa volta. Descobrimos que nem todos os nossos desejos serão satisfeitos. E para que alguns sejam, deveremos trabalhar para isso. Nada será automático. Nosso principal objetivo é a socialização e formação da nossa personalidade. Nosso maior desafio está justamente nos limites que esbarram nos outros.
Então chegamos à adolescência. Um período que no passado sequer era reconhecido. Nosso corpo experimenta uma complexa transformação bioquímica, enquanto desenvolvemos nosso senso crítico. Passamos a ter nossas próprias opiniões e interpretações do mundo. Nosso principal objetivo passa a ser desenvolver nossa habilidade de escolhas e preparar-se para a vida adulta. Nosso maior desafio é a inabilidade de lidar com esta responsabilidade.
Os adultos à nossa volta possuem importante papel ao longo destas duas fases, pois são eles que nos apresentam o mundo e as suas regras.
Eles quem nos estimulam a seguir numa determinada direção. Tendo desenvolvido nosso senso de mundo e consciência de nós mesmos, em teoria estamos prontos para enfrentar a vida adulta. Inicialmente, jovens adultos, pois nos faltará experiência. E com o passar do ano, alcançamos a tão esperada maturidade. Ou não.
Talvez muitos não estejam nem perto de alcançar a maturidade pois sequer perceberam que chegaram à fase adulta. Com frequência tenho me deparado com homens e mulheres, em idade biológica adulta, pensando e, principalmente, sentindo como se ainda fossem crianças.
Seja porque tiveram a sua infância marcada por ausências e traumas, seja porque mantiveram-se fixados nas suas aspirações adolescentes, seja ainda porque não reconheceram a passagem do tempo e não se atentaram aos aprendizados das suas experiências. O fato é que homens e mulheres adultos vêm se comportando de maneira equivocada, pois seguem interpretando o mundo com um olhar infantojuvenil. E os prejuízos são inúmeros, nos diferentes pilares da nossa existência.
A persistência do pensamento mágico, comum para crianças, é a principal causa pela qual adultos deixam de agir frente aos seus compromissos. Submetem-se a relações abusivas e destrutivas. Abrem mão dos próprios sonhos, atribuindo ao mundo e às pessoas à sua volta a causa dos seus fracassos.
A recente onda social que alimenta a vontade de permanecer jovem, em desvalorização do envelhecimento, traz ainda mais confusão para o processo de amadurecimento. Nossa sociedade está perdendo o senso de responsabilidade e compromisso consigo e com os outros.
Não estamos preparando nossos jovens para lidarem com os processos da vida, para que entendam a importância de plantar, cultivar e só então colher. Devemos rever este equívoco, a partir de nossas próprias histórias.
Como eu disse, a vida é feita de fases. Como estamos lidando com os processos e fases dela?
Sheila Berna
https://www.sheilaberna.com.br/
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