Fatos e Narrativas: O Abismo no Desenvolvimento da Proatividade dos Filhos
Verdade seja dita, todos nós, mães e pais, queremos criar filhos proativos, com pensamento crítico e autônomo. Bem posicionados naquilo que acreditam e defendem. Que tenham coragem e habilidade de comunicar suas percepções e opiniões, contribuindo para gerar massa crítica, crescimento e desenvolvimento da nossa comunidade, sociedade, país, mundo. É o tal do “criar um mundo melhor” que ouvimos repetidamente. Ou ainda “as crianças são o futuro da nação”. De fato, todos nós fomos a esperança de um mundo melhor quando nascemos. E hoje criamos o futuro, quando nos dispomos a dar à luz.
No artigo anterior (leia aqui), falamos sobre a importância do autoconhecimento para a clareza sobre a realidade emocional que vivemos tanto na infância como na vida adulta. E como o discurso materno e o contexto cultural – que prefiro chamar aqui de “espírito do tempo” influenciam na formação do meu “jeito de ver e viver a vida” – padrão de comportamento.
Qual é o problema?
A distância entre o que eu percebo instintivamente da realidade e o que a mãe nomeia. Em outras palavras, a distância entre o que ela diz e o que ela faz, entre o que ela diz que eu vivo e o que eu vivo de fato.
Nós mães dizemos que queremos filhos proativos, mas exigimos obediência. Que ao contrário de desenvolver pessoas seguras e bem posicionadas, vai criar um indivíduo sem autoconfiança pois sempre precisou sucumbir à vontade de outrem (a mãe, em primeira instância).
Dizemos que queremos filhos com pensamento autônomo e geradores de massa crítica, mas os mandamos para a escola e exigimos a nota máxima como comprovação de que estão aprendendo (ou pelo menos memorizando e repetindo) tudo aquilo que nós adultos julgamos ser importante para eles.
Queremos filhos organizados e tranquilos, mas vivemos correndo, apressadas, aturdidas com tantas demandas. Acabamos por embarcar nossos filhos também no trem da pressa, que é uma forma sutil e invisível de violência. E agora eles a levam dentro, com déficit de atenção, crises de ansiedade ou outra síndrome qualquer que os tira do momento presente.
Para complexizar ainda mais a situação, no Brasil vivemos um período onde aqueles que puderam chegar à vida adulta com visão ampliada dos fatos, pensamento crítico, habilidade comunicativa e coragem para questionar as narrativas, são derrubados das redes, silenciados, perseguidos e presos.
Considerando que a nossa “forma de viver” é construída por características inatas + aprendizado + repetição, me assombra o que tanto ensinamos e repetimos para que o espírito do tempo em 2021 seja esse abismo entre Fatos e Narrativas e com tão pouca liberdade de SER e MANIFESTAR.
Você está, de fato, nutrindo a curiosidade do seu filho/filha ou está “ensinando a ser uma pessoa de bem”?
Você o está acompanhando nas descobertas da vida ou está exigindo que ele ou ela seja “um bom menino”, “uma boa menina”?
Está contribuindo para gerar massa crítica ou está silenciando a voz dos bons?
Essas respostas te confortam ou te assombram?
Gostou do artigo? Quer falar mais sobre como desenvolver a curiosidade e proatividade dos filhos? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.
Liz Cunha
https://www.lizcunha.com.br/
Confira também: Autoconhecimento é manifestar a sua luz. Será?
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