Quem se diz plenamente feliz neste mundo ou está enganado, ou reduz a Felicidade a meras conquistas pessoais.
Somos seres em estado de imperfeição devido nossos pecados, e também em decorrência dos pecados cometidos por outros, e da reação natural, causa e efeito, porquanto a Natureza também não se alegra com este estado de coisas.
Isso nos remete claramente à percepção e consciência de que não seremos plenamente felizes nesta existência, porque o Amor não se vincula perfeitamente ao que lhe impõe limitações, nem sequer poderia aprovar a disseminação do Mal.
Não obstante, podemos, sim, construir uma história da qual não nos envergonhemos; pela qual nutramos os melhores e mais nobres sentimentos dos quais tenhamos tomado conhecimento ao longo de nossas vidas; mas a superfície da tristeza que se percebe em toda criatura religiosa denuncia sua consciência de que ainda não é o momento do Advento, isto é, do Encontro Alegre, Sublime, quando toda lágrima cessará. Eis porque Cristo, dada nossa incredulidade – o que comprova nossas imperfeições de personalidade -, veio até nós: para que tivéssemos elementos suficientes para conhecer a Verdade e o Caminho para a Vida, ainda que por ora apenas vislumbremos a Alegria Eterna.
Afinal, isso somente seria possível se acreditássemos no Seu Amor – pois, quem não crê na Verdade e no Amor, vive na angústia e em lutas injustas consigo e com todos aqueles com quem convive, na sua infelicidade sem fé nem perspectivas de superá-la por suas próprias forças, pelo que tenta reunir outros em torno de seu ego revolucionário, reconhecendo, naqueles que creem na Felicidade, seus inimigos. O cristão, por sua vez, em tanto momento, insatisfeito, evidentemente, com esta existência, clama “Maranatá!”, para que Deus antecipe sua vinda definitiva até suas criaturas.
Pois cabe a todos nós, humanos, com alegrias passageiras, com lapsos de bom senso e sujeitos a toda sorte de fugacidades alucinógenas, percebermos que nossa Alegria não se fixa nestes dias. O cristão, todavia, não amaldiçoa o mundo, já que é através deste que ele se encaminha a Deus, não restringindo a si este acesso, tal que convida a outros a se converterem, ou seja, a voltarem suas faces, mentes corações para a direção da Alegria, que é inseparável da Presença de Deus. A alegria do religioso, portanto, não se desvincula de sua comunhão com Deus, por quem ansiosamente aguarda.
Queridos irmãos, nossa felicidade é convicção e esperança de que Deus nos ama; os efeitos desta felicidade, contudo, não serão vivenciados neste estado de imperfeição. Mas nada temamos. A Felicidade já nos foi assegurada.
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