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Ferramentas de Coaching Auxiliando a Nutrição Funcional

O comportamento alimentar é um fator importante a ser lidado quando se trata em melhorar a adesão ao tratamento do paciente que procura o atendimento em nutrição.

Por Silvia Micelli (Coach de Saúde e Bem-Estar da Carevolution)

O comportamento alimentar é um fator importante a ser lidado quando se trata em melhorar a adesão ao tratamento do paciente que procura o atendimento em nutrição, escolher a melhor estratégia no momento da intervenção nutricional é fundamental para o sucesso no tratamento.

A nutrição funcional estuda a modulação dos desequilíbrios funcionais e ativação de componentes que favorecem o equilíbrio celular. Podemos usufruir de nutrientes, compostos ativos através da alimentação balanceada e quando necessária o uso de suplementação nutricional. Porém, mesmo utilizando todas estas condutas é comum depararmos com dificuldade em promover a adesão do paciente à terapia de nutrição, já que ele, às vezes, desiste quando recebe as diversas mudanças que terá que fazer ou abandona o tratamento mesmo antes de realizar as tentativas de adaptações.

The Institute for Functional Medicine recomenda que parte do tratamento prevê diversas mudanças no estilo de vida, considerando a individualidade bioquímica, baseada nos conceitos da genética e singularidade ambiental, buscando o equilíbrio dinâmico entre os fatores internos e externos no corpo, identificando a saúde como uma vitalidade positiva não apenas a ausência de doença, tornando o paciente responsável sobre suas escolhas e protagonista do seu tratamento 1.

A nutricionista deve realizar um atendimento que considere não apenas as interações bioquímicas individuais, mas também considerar o contexto psicológico que o paciente se encontra, e assim conduzir o atendimento adequado voltado para alcançar resultados com as estratégias nutricionais de acordo com as condições que o paciente tem de realizar as mudanças.

Seguindo os princípios da entrevista motivacional para incentivar os pacientes a realizarem as mudanças necessárias é muito importante o nutricionista e o paciente estabelecerem laços de empatia. “Empatia é, segundo Hoffman (1984), a resposta afetiva vicária a outras pessoas, ou seja, uma resposta afetiva apropriada à situação de outra pessoa, e não à própria situação”2. O tratamento empático está associado a baixos níveis de resistência do paciente e melhor adesão ao tratamento a longo prazo. Esta habilidade implica na compreensão, na atenção, em ter sensibilidade para ouvir, saber elogiar com sinceridade, ser livre de julgamentos e preconceitos e assim estabelecerem laços de confiança.

A nutricionista pode ajudar seu cliente encontrar estratégia de mudança acessível e aceitável fazendo-o entrar no estágio de ação e engajar nas ações e metas para chegar ao processo de transformação.

James Prochaska3 em 1992, descreve os estágios de mudanças através do Modelo transteórico de mudança (MET) pelas quais as pessoas passam no curso de modificação e transformação. Reconhecendo em qual estágio o paciente se encontra e definindo estratégia de abordagem diferente em cada etapa. O primeiro estágio de mudança é a pré contemplação, a pessoa ainda não está visualizando a necessidade de mudança, momento de se estabelecer empatia. Já no estágio de Contemplação o indivíduo já visualiza a necessidade de mudança ao mesmo tempo não tem forças para mudar, neste momento podemos escutar e fazer reflexões positivas. Já na fase de Preparação, o cliente quer mudar, mas não consegue; é a vez de ajudá-lo com metas específicas. Nos estágios de Ação e Manutenção onde pode ocorrer recaídas, é o momento de se inspirar em metas motivadoras, criar recompensas reforçar valores.

Segundo Miller  amp; Rollnick, (2002) “o MET foi projetado para ajudar os conselheiros, baseando-se em estratégias de aconselhamento centrado no cliente. A motivação para mudar é extraída do conselheiro, é de breve duração, evitando persuasão direta, o estilo é geralmente silencioso e eliciando. A prontidão para mudar é vista como flutuante em relação à interação interpessoal, o aconselhamento e relacionamento são mais parecidos com uma parceria ou companheirismo do que funções de especialista” 4.

Após o reconhecimento do estágio que o indivíduo se encontra é fundamental atuar no planejamento e fortalecimento do compromisso em mudar. A nutricionista junto com o cliente pode estabelecer planos de metas com objetivos, e definir as ações para a transformação.

As condutas podem ser baseadas na determinação de metas, estas viáveis e desafiadoras, elaboradas pelo cliente. Podem haver propostas, por exemplo, diminuição gradual no consumo de determinado alimento ou exclusão em dias da semana específicos, sempre viáveis e que representem progresso no tratamento.

O nutricionista deve estar preparado para as recaídas e preparando o cliente sobre estas possibilidades como parte normal do processo. Para negociar um plano de mudança é necessário identificar e traçar os motivos mais importantes, com prazo estipulado, e os benefícios que irão proporcionar.

O cliente deve perceber que o trabalho é em conjunto, em que cabe a ele realizar as escolhas que serão mais adequadas ao seu dia a dia, mostrando que todas as decisões devem ser adaptadas durante o tratamento, para que assim consiga realizar uma mudança no estilo de vida e conseguir incorporar ações diárias que favorecem sua saúde.

A motivação, incentivo e orientação para que o indivíduo seja responsável pela rotina alimentar é importante para a continuidade ao tratamento, o aprendizado constante através de retorno que utilize novas estratégias do plano alimentar também faz parte do processo.

Pacientes empoderados com o tratamento analisam seus próprios resultados e acabam se adaptando ao seu plano alimentar otimizando sua transformação. O atendimento baseado na entrevista motivacional evita fazer argumentações e confrontos diretos, auxilia seu cliente a identificar pontos fortes dentro da sua história de vida e conecta valores de vida com seus desejos conseguindo assim maiores possibilidades de sucesso.

Os equilíbrios emocional, psicológico e espiritual fazem parte do sucesso do tratamento. Podemos verificar que é possível, através de diferentes estratégias utilizadas em Health Coaching tornar a consulta de nutrição mais eficiente, fazendo que o paciente seja o protagonista do seu tratamento e que ele será responsável pelas mudanças alcançadas, e o cultivo do estilo de vida saudável é construído diariamente.

Referências Bibliográficas:

  1. Jones, D.S.; Hoffman, L; Quinn, S. 21ST. Century medicine: A New Model for Medical Education and Practice. Washington: Institute for Functional Medicine, 2009.
  2. Hoffman, M. L. (1984). Interaction of affect and cognition in empathy. In C. Izard, J. Kagan,  amp; R. Zajonc (Eds.), Emotions, cognition, and behavior (pp. 103-131). New York: Cambridge University
  3. Prochaska, J.O., DiClemente, C.C.,  amp; Norcross, J.C. (1992). In search of how people change: Applications to the addictive behaviors. American Psychologist, 47, 1102-1114. (This article presented the transformations in the science and practice of behavior change that were made possible by the Transtheoretical Model.
  4. Miller, W. R.,  amp; Rollnick, S. (1995). What is Motivational Interviewing? Behavioral and Cognitive Psychotherapy, 23(4), 325–334. Miller, W. R.,  amp; Rollnick, S. (2002).
Sharon Feder Author
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Sharon Feder é formada em Psicologia pela Brown University nos EUA, com especialidade em Estudos Brasileiros e Portugueses pela Brown University e Coach de Saúde e Bem-Estar com Certificação Internacional pela Wellcoaches (EUA). Treinada no Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento (ProChange Behavior Systems). Atualmente, é Sócia Diretora na Carevolution Consultoria em Saúde e Bem-Estar, desenvolvendo programas de qualidade de vida e capacitações de profissionais com foco em mudança de comportamento, engajamento e autocuidado.
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