Reza a lenda que quando estavam tomando um café num bar dos EUA, Bill Gates e Warren Buffet foram interpelados por um fã que lhes perguntou qual o segredo para o sucesso. Em um uníssono, os dois responderam conjuntamente: Foco.
Foco é, sem dúvidas, um dos mais importantes pilares do sucesso. Sucesso é para muitos um sentimento e não necessariamente dinheiro e posição social. Nos sentimos realizados quando percebemos que o que fazemos faz sentido e que conquistamos coisas que são intangíveis, não apenas materiais. Ter foco nos ajuda a alcançar nossos objetivos e as metas desejadas.
Quando perdemos o foco nos sentimos frustrados e com uma sensação de culpa por não termos feito o que desejamos ou precisávamos. A falta de foco nos leva a procrastinar e deixar para depois coisas que nos são importantes e que, uma vez realizadas, nos fariam bem.
Estamos vivendo a era da falta de foco e atenção e é assustador o numero de crianças, adolescentes e adultos sendo diagnosticados com TDAH (Transtorno de Deficit de Atenção com Hiperatividade). Como educadora e tendo dedicado minha vida ao ensino, questiono muito vários diagnósticos e acho que chegamos até numa epidemia preocupante uma vez que, parece, os diagnósticos têm sido feitos de forma indiscriminada assim como a prescrição de medicamentos como ritalina. Não que não seja necessário, mas devemos estar mais atentos para o fato de que todos nós temos algum grau de falta de atenção causado por fatores externos que cada vez nos distraem mais e tiram nosso foco.
Em tempos de smartphones e intensa atividade nas redes sociais, nos distraímos muito facilmente. Além disso, temos uma forte tendência a procrastinar e contarmos histórias para nós mesmos na tentativa de nos convencer delas. São as famosas desculpas e aí culpamos o clima, a falta de tempo, a falta de dinheiro, etc.
Daniel Goleman, no seu livro Foco, classifica o foco como sendo uma das várias formas de atenção. Ele diz que uma outra forma de atenção é a concentração, que é a nossa capacidade de estar focado em uma determinada coisa, pessoa ou assunto conseguindo ignorar totalmente o resto. A outra forma de atenção é o que ele chama de Presença Aberta que a consciência do momento presente. Este é o conceito de Atenção Plena ou Mindfulness cunhado pelos autores do livro de mesmo título, Mark William e Danny Penman.
Atenção plena é o ato de estar 100% focada na atividade que estiver realizando. Quando estiver lavando a louça, dirigindo, malhando, estudando, cozinhando, ou fazendo qualquer coisa, procure levar o seu pensamento e suas sensações para aquele ato. Por exemplo: se estiver lavando uma louça, foque na textura da bucha, na espuma de sabão, no cair da água e conecte cada movimento a um prazer. Não deixe que qualquer outro pensamento invada sua mente. Ajuda muito também fazer exercícios de respiração, inspirando e expirando profunda e lentamente sempre que perceber que está se distraindo com algum outro pensamento.
Ao contrário do que muitos acreditam, Atenção Plena não é meditação. A meditação é uma outra prática que ajuda enormemente a melhorar o foco e é inclusive recomendada como tratamento e alternativa para que seja evitado o uso de drogas psicotrópicas nos casos mais amenos de falta de atenção. Enquanto a prática de Mindfulness pode ser aplicada em qualquer lugar e a qualquer momento, a meditação exige, pelo menos, que se esteja num lugar mais silencioso e em posição adequada para a prática, embora muitas permitam até que se medite deitada e se faça antes de dormir ou ao acordar. Nem toda meditação exige que se esteja em posição de Lotus como a meditação original de Buda e há varias meditações guiadas disponíveis no Youtube ou em podcasts.
Para não perder o foco e se sentir mais produtiva, algumas dicas são preciosas:
- defina as prioridades. Comece sempre fazendo as coisas que são mais importantes e faça primeiro as que lhe dão menos prazer e acha mais chatas;
- defina horários para acessar as redes sociais. Se você é muito “viciada”, procure ter um horário na parte da manhã, à tarde e à noite e estabeleça um tempo para não se perder e ficar muito mais horas do que gostaria;
- crie hábitos fazendo uma mesma atividade ininterruptamente por pelo menos 21 dias consecutivos. Estabeleça um desafio para você mesma.
Por fim, uma valiosa contribuição de Daniel Goleman é o que ele chama de Free Association (Associação Livre) na qual o seu cérebro está livre para “vaguear” e ir para onde quiser. Dr. Goleman disse que isso é ESSENCIAL PARA A CRIATIVIDADE. E este é o meu grande alerta para pais, professores, gestores e todos que lidam com pessoas. Será que, ao diagnosticarmos indiscriminadamente nossas crianças, jovens e adultos com deficit de atenção não estaremos matando seres altamente criativos que precisam também dos seus momentos de liberdade para vaguearem por onde quiserem e lá descobrirem novas formas de fazer as coisas e inovar?
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