Pois é, estava eu discutindo com amigos a crise política no Brasil, agora com um ambiente nada favorável ao presidente em exercício. Um ex-presidente é réu da Lava-jato, sua substituta no cargo sofreu impeachment, o vice que assumiu o mandato sofre pressões de toda ordem e, pior ainda, há uma classe política que teima em criar escândalos novos a cada dia. Imediatamente, foi recorrente lembrar da crise política na Bélgica.
Em 2010, após a eleição para cargos legislativos, uma série de conflitos entre os partidos políticos levou a que muitos ocupantes de cargos públicos se demitissem. Sem lideranças formais constituídas, os partidos buscavam coalisões e, enquanto isso o tempo passava, sem que chegassem a um acordo. Ao final daquele ano, completou-se um período de 200 dias sem Governo. Lembrando que a Bélgica tem um Monarca, este nomeou um político socialdemocrata para tentar resolver a situação. Apenas após 541 dias é que houve uma solução negociada, podendo a Bélgica voltar a ter uma situação institucional normalizada.
Alguém pode perguntar: e o que aconteceu com o cotidiano das pessoas e da economia? Pesquisas feitas à época indicaram que a paralisia governamental não provocou qualquer alteração ou inconveniente na vida profissional ou pessoal dos belgas. Lá, assim como aqui, parece que a condução do cotidiano está muito mais ligada à motivação das pessoas em construir caminhos numa economia estável do que na tutela da casta política. O recorde de dias sem Governo bateu de longe os anteriores (Holanda – 207 – e Iraque – 289).
Porém, surge então a pergunta: é possível que uma empresa tenha sucesso sem a estrutura de hierarquia, com chefes e subordinados? Em fevereiro deste ano, uma matéria da BBC (reproduzida no Brasil pelo UOL), mostrou como funciona uma empresa sueca que decidiu não mais ter chefes. Para quem quiser ler a matéria completa, clique aqui.
Aproveitando o impacto da matéria, a publicação UOL fez uma pesquisa com o leitor brasileiro e perguntou: Você gostaria de trabalhar sem chefe? Havia duas alternativas, sendo uma delas o SIM (justificado por não preciso que alguém me diga o que fazer no trabalho) e outra o NÃO (justificado por o chefe tem um papel importante). Deixo a cada um de vocês analisar, sob o seu ponto de vista, o resultado que mostrou não haver a dependência do chefe para o respondente brasileiro, pois 68% preferem trabalhar sem essa figura que aponta caminhos e dá as ordens do que deve ser feito.
Sendo isso uma evidência, pode-se perguntar: será que há alguma confusão entre a figura do chefe e a do líder, para esses respondentes? Será que a expressão “chefe” remete a uma imagem negativa, a ponto de haver essa repulsa demonstrada pela pesquisa? Seria o resultado diferente se a expressão fosse “líder”?
Fica o convite para você ler a matéria e organizar pensamentos e ideias para estruturar sua carreira em torno da figura de um “chefe” ou da de um “líder”. E boa sorte em sua escolha!
Participe da Conversa