Hoje eu quero tratar de algo que, muito provavelmente, tem estado bem presente no cotidiano dos Coaches, que é a gestão de conflitos. Em momentos de crises, os choques de interesses e a pouca paciência das pessoas formam a química fantástica para estimular situações de estresse e embates.
Não há dúvidas de que o Coaching é uma ferramenta que pode auxiliar a gerenciar crises, mas é fundamental entender melhor sobre o assunto e, como fazemos neste espaço, procuramos trazer conteúdo que possa agregar método e ciência. E me inspirar no caso da Junta de Freguesia Friedrichshain-Kreuzberg, de Berlim.
Em 2001, duas áreas de Berlim foram agregadas em uma região que, no Brasil, costuma-se chamar de subprefeitura (Friedrichshain, antigo bairro de Berlim Oriental, e Kreuzberg, antigo bairro de Berlim Ocidental, são ligados pela ponte Oberbaumbrücke, sobre o rio Spree). Será difícil imaginar as crises decorrentes de juntar histórias recentes tão diferentes das duas áreas? Será difícil entender os conflitos entre as pessoas, trabalhadores e o novo governo local?
Como fato histórico, a junta política e a comissão dos trabalhadores assinaram um acordo, em 2005, para a gestão dos conflitos. Ambos os lados, de forma madura, reconheceram ser isso algo normal e originado por diferentes objetivos e valores. Porém, se a discussão não existe ou não é construtiva, os conflitos assumem potencial destrutivo, que prejudica o convívio e a colaboração. As partes elegeram o Coaching como um dos instrumentos de colaboração construtiva para o acordo.
A metodologia de abordagem, então escolhida, foi a de Friedrich Glasl, economista austríaco e consultor de gestão. A escalada de conflitos de Glasl tem nove níveis, divididos em três níveis (cada um com três níveis). Com esta informação, esperamos que cada Coach fique bem alerta em qual nível está o problema de seu cliente, podendo assim agir a tempo de que a crise se torne insustentável e irreversível.
Vamos conhecer os três níveis, sendo que os três primeiros cabem no espaço de solução em que os participantes do conflito ainda podem chegar a acordo positivo. Os três seguintes já levam a uma solução em que alguém acaba derrotado e, os três últimos, invariavelmente, levam à derrota e desastre total:
- Endurecimento, quando começam a existir momentos de tensão e choques pontuais;
- Debate e polêmica, quando vem a polarização, a agressão verbal ainda racional, um combate leve;
- Ação forte, quando a desconfiança aumenta, perde-se empatia e há tendência a agir contra o outro;
- Conluios, quando um dissemina boatos sobre o outro, destrói a imagem e arruma apoios na causa;
- Ofensas públicas, começa a ficar um caminho sem retorno, com rituais de acusação aberta;
- Ameaças diretas, quando começam as ameaças e contra-ameaças, amplificam-se as diferenças;
- Aniquilamento, quando começam ações efetivas para aniquilar o outro, até assumindo algumas perdas;
- Estilhaçamento, quando há tentativas de descontrolar o outro para que ele entre em colapso puro, e;
- Juntos para o abismo, quando não há mais volta, porque vem a destruição do outro como prêmio.
Fica então um alerta: tente avaliar esse método e entender melhor o estágio do conflito de seu cliente, ok?
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