Humanidade: A Pandemia é um Convite a “Ser” humano
A pandemia da Covid-19 foi um chacoalhão no contexto da humanidade: nossas formas de fazer, aprender, ensinar, viver, pensar e sentir. Ela é, literalmente, um convite a abandonarmos nossas reações automáticas. Mas percebam que, as decisões que estamos tomando são reativas; eles não partem de uma compreensão profunda do que está acontecendo. Temos medo e posições anteriores arraigadas: crenças e valores que se desenvolveram em outros ambientes, em outra realidade, em outras vivências.
E uma mente – individual ou coletiva – sujeita a posições anteriores é muito lenta, inflexível, falta serenidade, empatia, humildade, verdade, equilíbrio, generosidade, coragem, sobriedade, pureza e ações corretas. Cada um de nós, desde a visão limitada do nosso padrão de comportamento, personagens ou automáticos (como prefiram nominar), acredita que sabe como tem que fazer as coisas e como aquilo que faz tem que ser. Mais cedo ou mais tarde então perceberemos que tudo é mais complexo do que pensamos, tudo é interativo, dinâmico, sistêmico.
Independentemente do nosso Eneatipo, a pandemia é um convite para uma aprendizagem igual a todos: aprendermos a nos vincular, aprendermos a “ser” humanos. O que é um paradoxo, já que somos incentivados a todo instante, por todos os meios, a fazer contato somente pelas telas. Só que muito mais do que antes, parece que tudo está interagindo com tudo. Ninguém consegue ficar isolado, mesmo querendo.
Aprofundando esse pensamento: o ser humano evoluiu isoladamente. Cada grupo cresceu envolto em seus ninhos, em sua cultura, em suas tendências instintivas, em suas crenças e com uma mente com capacidade tecnológica crescente, mas com muito pouca capacidade de vincular, com muito pouca aceitação do diferente, da experiência dos outros. Portanto, este é o convite para findar um processo evolutivo longo.
Por que isso termina com a pandemia (ou pelo menos deveríamos aprender algo com isso)?
Porque pela primeira vez a humanidade precisa deixar de se enfrentar para se unir. Temos a grande oportunidade de fazer emergir a primeira “humanidade”. Até agora fomos brasileiros, chineses, japoneses, russos, americanos; orientais e ocidentais; hindus, islâmicos, católicos, evangélicos, budistas, agnósticos; Eneatipos 1, 2, 3, 5…9. Mas não somos, nem mesmo sabemos o que é uma civilização verdadeiramente “humana”.
Sabemos o que é um chinês, conhecemos a cultura italiana, os costumes japoneses, temos uma ideia de como vive um hindu e simpatizamos com o japamala budista… Temos tão claro o certo e o errado, não? Mas o que os humanos fazem quando estamos juntos? O que são os valores humanos?
Neste momento pandêmico histórico, somos convidados a olhar, de fato, para além dos nossos padrões de comportamentos, das identidades isoladas, crenças arraigadas. Somos convidados a questionar, redesenhar, ressignificar, recombinar e assim buscar um sentido completamente novo, onde todas as diferenças que antes pareciam essenciais, de personalidade, identidade, raça, nacionalidade, religião e gênero, tornarem-se secundárias. Não surgirá mais uma “ideia” de humanidade, mas um verdadeiro sentimento de humanidade: o amor ágape que nos constitui desde o dia da nossa concepção.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre como olhar para além dos nossos padrões de comportamentos, das identidades isoladas e das crenças arraigadas? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Liz Cunha
https://www.lizcunha.com.br/
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