Como primeiro texto do ano não posso deixar de dizer algo sobre as férias de uma universitária. Não quero que isso seja um texto nos moldes daquelas redações escolares onde a professora pedia para que contasse como foram as férias. O que quero é discorrer brevemente sobre uma reflexão que só se pode ter ou ser iniciada enquanto universitário de férias.
Tenho certeza que você já ouviu essa frase em tom de afirmação e até mesmo de lamentação por seus avós ou pais. Porém você já pensou porque eles dizem isso? Essa ignorância a que se referem é o desconhecimento das dificuldades do mundo. Dificuldades e angústias como as quais os donos de negócios, funcionários de empresa, cientistas políticos, filósofos e tantos outros profissionais e estudiosos que lidam diretamente com pessoas e/ou estudam sobre o futuro incerto e decepções certeiras da humanidade, lidam.
Primeiro devemos nos questionar porque não saber e/ou não viver os problemas de convívio e expectativas humanas é tão prazeroso ao ponto de se comparar com uma benção. Uma resposta possível é que, caso não se tenha essas ciências, seriam menos os problemas para se preocupar, gastar tempo e energia resolvendo-os ou ao menos lidando com os mesmos de um modo mais confortável. Porém eu não concordo com esta afirmação.
Não acho que a ignorância seja uma benção, muito menos que seja prazeroso não ter consciência ou vivência dessas pequenas grandes dificuldades. Creio que a ignorância doa tanto quanto lidar com os problemas e com a própria sociedade. Isso ocorre, pois, a pessoa ignorante pode não saber sobre as angústias filosofais da vida como o que é verdade ou felicidade; pode não viver situações delicadas em relação ao convívio humano e sociedades.
Porém, o ignorante tem plena consciência do seu potencial racional, potencial de conhecer muito por todos os campos de ciências e pesquisas, isso por ser um ser humano em plenas condições mentais, cuja uma das características identificadoras é a própria e mesma Razão, exposta neste argumento. Ou seja, ignorância não é uma benção pois com ela vem a dor de saber e sentir o potencial racional em seu íntimo e por algum motivo, idade, condição socioeconômica, não poder exercer e desenvolver o mesmo. A dor vem de não poder ser inteiramente humano, não viver todas as suas faculdades, potenciais e características em plenitude e, com isso, ficar sempre com um vazio existencial causado pela falta de uma capacidade plenamente exercida, a capacidade de conhecer, questionar e pensar criticamente, a Razão.
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