Inovação Tecnológica na Resolução de Conflitos?
Você já ouviu a expressão “Indústria 4.0”?
A indústria 4.0 teve sua primeira menção pública em 2011, em Hanover. Ela é baseada em um complexo tecnológico com o objetivo de automatizar os métodos industriais por meio de conceitos de transformação digital, como a computação em nuvem ou a internet das coisas. Ou seja, o enfoque são as fábricas inteligentes que tornam os processos produtivos autônomos, eficientes e customizáveis.
Esse conceito surgiu para transformar a vida das pessoas, por meio do crescimento econômico, da geração de empregos qualificados e da elevação da qualidade de vida. No entanto, é preciso analisar quais são os impactos da indústria 4.0 e como ela pode mudar as relações, tanto comerciais como pessoais, no mundo globalizado. Ela promete revolucionar o modo como os processos industriais são desenvolvidos.
Se, por um lado, as indústrias necessitam ampliar a eficiência para ter competitividade perante os negócios globais, por outro, precisam cuidar da experiência relacional com seus stakeholders, uma vez que as possibilidades de conexões em rede são diferenciais para esse novo contexto.
E é diante desse novo contexto global que o mundo, em especial o corporativo, tem buscado por inovação tecnológica. E, ao que parece, investir e pensar em inovação tecnológica remete ao processo de produção de bens e serviços de uma forma mais evidente do que pensar na inovação tecnológica de resolução de conflitos.
Existem hoje diversas tecnologias inovadoras ligadas à gestão de conflitos e melhor convivência entre as pessoas. Metodologias dialógicas e colaborativas, que se aplicadas no cotidiano das corporações, podem promover maior eficiência nos processos produtivos, inclusive.
A cultura construída no mundo corporativo é de que a competição é essencial à sobrevivência de uma empresa. As empresas competem por mercados, por consumidores, fornecedores, investidores, tudo na vida da empresa é competição.
Como falar em mudança de paradigma neste contexto? Aqueles que prestam serviços às empresas, querendo falar a linguagem de seus clientes, reproduzem esse paradigma trabalhando em torno da força da uma empresa e seu potencial competitivo. Todos em torno do paradigma da competição construíram e continuam a construir uma “verdade”.
Afinal, os paradigmas são construídos assim, com o sentido de alguma coisa sendo altamente compartilhado até que todos compreendam daquela forma, sem questionar outras possibilidades. E assim, aqueles que pretendessem mostrar que existiam outras formas de atuar para as empresas foram ignorados e até taxados como “loucos”. E não foi assim na história do desenvolvimento humano?
Pois bem. A história foi se desenrolando e as transformações do mundo tem convidado as empresas a pensarem em outras possibilidades para seus negócios. A pensar quando, como e onde a competição é bem-vinda [e quando não é].
A revolução tecnológica tem mostrado que as tarefas repetitivas podem ser realizadas por máquinas, cada vez mais rápidas, mais autônomas, mais eficientes. Com essas inovações a competição passa a tomar outros aspectos.
Vale lembrar que ao falar de mudança de paradigma não estou defendendo o fim do paradigma anterior, mas a consciência de que ele existe e que podem também existir outras formas de pensar e agir no mundo, num determinado contexto e momento histórico.
Com a tecnologia a avançar, as relações têm recebido maior destaque. É como se, no raciocínio do paradigma da competição, a “vantagem” de uma marca se dê não mais pelo produto em si, mas pela experiência oferecida aos stakeholders. A partir dessa tomada de consciência, muitas mudanças vêm ocorrendo no mundo corporativo. A preocupação com habilidades socioemocionais, conhecidas como soft skills tem sido hoje pauta significativa das empresas.
Segundo a pesquisa global Capgemini Digital Transformations Institute de 2017, 60% das empresas estão em uma crise de soft skills entre seus funcionários. A pesquisa revelou os anseios dos executivos entrevistados: foco no cliente (65%); colaboração (64%); paixão por aprender (64%) e habilidade organizacional (61%). Note-se no resultado da pesquisa que a comunicação e a colaboração estão em primeiro plano e esse é um importante revelador daquilo que se está a desenvolver neste trabalho.
O acesso ao conhecimento técnico foi ampliado e a tecnologia possibilitou o maior desenvolvimento possível até determinado momento histórico, fazendo com que as necessidades do mundo corporativo se modificassem.
Para mim, que venho trabalhando há mais de 10 anos neste contexto, este momento revela a evidência da necessidade de mudança de paradigma cultural, passando-se a desenvolver o diálogo e a colaboração.
A mudança de paradigma deve ser implementada dentro da organização em todos os departamentos. Se existe a expectativa dos executivos em funcionários que atendam bem os clientes e a empresa não trabalha internamente a forma de comunicação entre seus funcionários, se não há espaço para o desenvolvimento de diálogo e de colaboração, será quase impossível alcançar esse objetivo.
Da mesma forma se a expectativa de que os funcionários colaborem entre si e todos com a empresa e a empresa não constrói essa forma de agir em toda a sua atuação, certamente não atingirá essa expectativa.
É hora de começar a implementar ações que promovam essa mudança, construir espaços de diálogo, caminho efetivo para o engajamento e a colaboração.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre inovação tecnológica na resolução de conflitos? Então, entre em contato. Terei o mais prazer em ajudar.
Um abraço,
Juliana Polloni
https://www.linkedin.com/in/juliana-polloni
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