O futuro já começou e é você quem faz! Este era o jingle de um programa de rádio que eu mantive durante anos na Rádio Mundial e fez muito sucesso. Sonhar é o princípio da realização e eu sempre acreditei no futuro e na capacidade humana de inventar recursos inteligentes para melhorar a qualidade de vida na Terra e, por isso, reunia convidados que tivessem visões diferentes, que pensassem fora da caixa. Sempre procurei levar às pessoas ideias que fizessem com que elas projetassem para suas vidas algo além das suas próprias fronteiras.
Quando embarquei para Masdar, nos Emirados Árabes, foi para realizar um sonho e ultrapassar as minhas fronteiras: já que o futuro sou eu que faço, queria ver de perto uma cidade inteligente e inovadora. Pesquisei muito antes de ir, mas quando pisei meus pés naquele lugar, fiquei admiravelmente espantada. O que eu tinha em mente era muito limitado comparado ao que vi. Masdar, em árabe, significa recursos, uma cidade 100% planejada, tecnológica e sustentável, com energia solar totalmente renovável construída no deserto nos Emirados Árabes Unidos.
Inteligência artificial a serviço da humanidade
Em Masdar eu circulei em carros elétricos que se movimentam sem o auxílio de motoristas, ruas resfriadas por uma gigantesca torre eólica e até mesmo uma “polícia verde”. Os Emirados Árabes são pioneiros em diversos assuntos relacionados ao planejamento de cidades. Antes, eu já conhecia projetos de lojas e cardápios de restaurantes inteligentes e tudo isso para mim é fascinante…, mas, recentemente, me deparei com uma notícia que me fez pensar: onde é que vamos parar?
Você ouviu falar da Sophia, uma “persona” que ganhou recentemente a cidadania na Arábia Saudita? A notícia não me deixaria boquiaberta se não se tratasse de um robô com expressões faciais, compreensão de linguagem natural e diz com suas próprias palavras que se sente honrada e orgulhosa por essa distinção única. “É histórico ser o primeiro robô no mundo a ser reconhecido com uma cidadania”, disse Sophia, quando recebeu a notícia do jornalista Andrew Ross Sorkin, do New York Times e da CNBC.
Durante a entrevista ela afirmou que quer usar a sua inteligência artificial para ajudar os humanos a terem uma vida melhor. Minha pergunta é: será que precisaremos de uma máquina para nos ensinar como viver bem? Amo inovações e não há como voltar atrás com tudo que já foi criado. As inovações são “apenas” o início de uma verdadeira revolução! E ainda estou processando algumas coisas!
Ganhar a cidadania faz com que a robô tenha mais direitos do que as mulheres da Arábia Saudita, como a possibilidade de se locomover sem um guardião do sexo masculino que dê a elas a permissão para agir e de se apresentar sem estar com o rosto e o corpo cobertos. Nisso num lugar onde só recentemente foi concedido às mulheres o direito de dirigir e de assistir eventos esportivos em estádio.
Longe de me posicionar contra ou a favor. Nada disso. Estou ainda deslumbrada! Apesar de já ter visto tantas coisas revolucionárias, a história de Sophia só confirma que não existe limite para a tecnologia. Será que a humanidade será substituída por robôs? O que acontecerá daqui para frente eu não faço ideia, mas talvez não me espante se tivermos censo para seres humanos e para robôs. Será que os robôs conquistarão mais territórios que os seres humanos? O que será de nós se robôs tiverem a capacidade de sonhar? O que entendo até aqui é que analisar, refletir e prever sobre o futuro só vale a pena se pudermos mudar alguma coisa, nem que seja a nossa própria atitude no presente.
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