Continuando nossas reflexões sobre comportamentos de atletas e a necessidade de aumento de percepção, da fundamental importância da Inteligência Emocional e porque a tantos afeta a sua ausência, e o porque a muitos privilegia, abordados no meu artigo Inteligência Emocional e o Futebol (parte I). Voltemos às análises…
Mas existem ocorrências marcantes pelos dois extremos. Na Copa do Mundo de 1958, Brasil e Suécia disputavam uma das partidas e o Brasil, saiu perdendo, quando um dos nossos melhores jogadores, Didi, logo após o gol dos adversários, se dirigiu ao fundo da rede, resgatou a bola, caminhou calmamente ao centro do campo, plenamente consciente de seu papel e importância em acalmar toda a equipe, composta por muitos jovens, na sua maioria, levando o nosso time logo a seguir à vitória. No outro extremo, o ídolo francês Zidane, considerado como um gentleman, no final da Copa de 2006, em casa, foi acometido de um sequestro neural, perdeu as estribeiras e agrediu o adversário italiano demonstrando total desequilíbrio. Pensou, sentiu, agiu e interagiu, sem barreiras. Um vexame que marcou, com esta reação, negativamente, uma carreira brilhante.
A instabilidade emocional tem caracterizado as condutas dos jogadores, principalmente sul-americanos, e alguns dos nossos adversários têm trabalhado com muita eficiência a nossa emocionalidade, provocando, desgastando e nos levando ao limite e aí, moto continuo, esquecemos o nosso real objetivo para estarmos naquela competição, e entregamos o ouro, permitindo que os outros trabalhem com nossas emoções.
Recentemente, no campeonato baiano, no principal jogo do campeonato estadual, vimos um festival de desequilíbrios, começando por provocações às torcida, MMA entre os jogadores e uma desastrada estratégia de desistência da partida, diminuindo propositadamente o número de jogadores, para interrupção da partida. Faltou equilíbrio, amadurecimento, decência, respeito aos colegas de profissão e à torcida, aumentando o clima de hostilidade, com o exemplo, aos que estavam presentes no clássico. Novamente, onde estava a Competência Emocional? Por que no meio do tumulto com uma grande quantidade de atletas, uma outra parte, assistia impassível ou participavam como amenizadores do problema instalado?
Logicamente que a sede de vitória, nos leva, por vezes, a extrapolarmos alguns dos nossos limites. Porém nada justifica a quebra de compromissos básicos, da convivência respeitosa, humana, na sua percepção às relações dignas, novamente, percebendo o outro como seu igual, adversário e não inimigo, além da inconteste importância como exemplo para toda uma sociedade.
A importância dos clubes em preparar atletas, cidadãos equilibrados, na formação de suas equipes, torna-se fundamental e estratégico, não apenas para contribuir com a sociedade, mas para, sob o ponto de vista do negócio, formar equipes vitoriosas, constantes, com substância, obtendo dos atletas talentosos um rendimento extra, contributivo e com espírito de time, equipe, conjunto harmônico e de referência, daí a necessidade de reconhecer a necessidade em profissionalizar este processo.
Chega a hora do trabalho do profissional de Coaching, em especial o esportivo. Para o desenvolvimento de equipes de alta performance, competente emocionalmente, é preciso desenvolver um conjunto de habilidades cognitivas (mentais e emocionais) e motoras. Traçar o perfil psicológico, no levantamento de informações, preparo do planejamento e para início do desenvolvimento de habilidades, de um modelo mental, com características emocionais amadurecidas, com recursos e de percepção das circunstâncias e de sua importância para com o time e a instituição, e sua legião de torcedores.
A responsabilidade do profissional é enorme, por conta da obrigação em estar alinhado com a equipe técnica, o desenvolvimento do planejamento, conhecendo as competências de todas as áreas dos atletas, para desbloquear potenciais, maximizar desempenhos, identificar pobreza emocional para mudança de postura e desenvolver a autoestima, tendo como principal mote, transformar pessoas.
No futebol, o pior cego é o que só vê a bola! (Nelson Rodrigues)
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