Com a Internet perdemos o alcance de nossas ideias e palavras. Perdemos o controle de entendimento e significado que nossas palavras podem ter para qualquer pessoa no mundo. Isso porque não há mais limites de propagação do material que produzimos ou reproduzimos. A barreira do espaço e do tempo foi diluída com a Internet.
Prova disso é que assim que publicamos os textos um leitor do Marrocos ou da Índia pode ter acesso imediato. E esse leitor pode criticar de forma positiva ou negativa aqueles textos, sendo na esfera da Internet ou na esfera física propriamente dita, como por exemplo, produzindo uma crítica oral entre amigos e familiares. A chance quase absoluta de eu, enquanto autora dos textos publicados, não ter conhecimento se essas criticas foram feitas ou não e seus possíveis conteúdos, prova como não há mais controle daquilo que esse leitor pode entender ou fazer com a informação que recebeu.
Antigamente, até o nível do telefone, havia um controle das impressões e entendimentos da outra pessoa que recebeu a informação, pois havia no mínimo a entonação de voz. E, caso o encontro fosse pessoalmente, a reação à informação era instantaneamente percebida. O problema é que isso não é mais possível com a Internet, quando o passar de informações se basta em escrever linhas e clicar no “send” (tirando as possíveis videoconferências, por exemplo, pelo Sykpe).
A Internet também nos tirou o direito ao esquecimento. Isso fica muito claro quando estamos mexendo na nossa “timeline” do Facebook e de repente aparece aquela notificação: “você esteve com fulano de tal há um ano”. Normalmente ficamos um pouco desesperados por que naquela foto não estamos, vamos dizer assim, no nosso melhor ângulo. Além de não termos controle sobre aquela foto não temos o direito de esquecê-la. O exemplo com a foto foi um exemplo descontraído e cômico. Mas isso pode se tornar realmente comprometedor quando se está procurando uma vaga de emprego. Ou em caso de construção de carreira, como foi, recentemente, o caso do cantor Biel, onde “posts” antigos ajudaram a denegrir ainda mais a imagem pública do cantor. O problema de não podermos mais esquecer é ficarmos presos a um passado já escrito e não valorizando o presente onde há as únicas possibilidades reais de mudança, evolução ou regressão. Ou sentirmos um eterno saudosismo, o que atrapalha os relacionamentos presentes.
Participe da Conversa