Há algum tempo, venho pesquisando sobre o conceito da Intervisão no mundo da Supervisão, e me deparei, com o que acredito, seja a melhor explicação do que se trata.
Intervisão é o processo de supervisão envolvendo pares com o mesmo foco profissional, e foi lançado em 2008 pela EMCC- European Mentoring and Coaching Council na Suíça para um grupo de onze associados que trabalhavam como Coaches externos e internos em diferentes organizações.
Foram várias as razões para que a EMCC Suíça oferecesse um espaço de reflexão estruturada para seus associados, entre eles:
- Possibilitar a revisão de casos desafiadores;
- Disponibilizar um espaço seguro para o desenvolvimento pessoal e profissional dos coaches;
- Diferenciar a EMCC de outras organizações profissionais.
Com o passar do tempo, as sessões dos grupos de Intervisão, ganharam corpo e os objetivos traçados para o grupo, foram:
- Destacar casos que eram trazidos para as discussões – de forma estritamente confidencial e descaracterizada – eram criados codinomes tanto para os indivíduos que protagonizavam os casos como para as empresas onde ocorriam as situações;
- A partir de cada caso apresentado, gerar uma variedade de diferentes pontos de vista e abordagens na busca de soluções práticas;
- Oferecer novas perspectivas para cada caso em particular.
Mas como realmente funciona a intervisão, depois de alguns anos?
A função da intervisão é olhar para a própria realidade promovendo o necessário afastamento, da situação pois a distância pode possibilitar diferentes possibilidades e olhares para uma mesma questão. Ao trocar opiniões diferentes sobre um caso particular, a intervisão ajuda o dono (quem trouxe o caso) a ser mais efetivo em sua construção de significado para uma melhor atuação. E isso ajuda o grupo a experimentar a eficácia do senso comum em busca de soluções potenciais.
A Intervisão está quase isenta de pressões de qualquer tipo. Por outro lado, existe a expectativa geral, implicitamente compartilhada por todos, de que qualquer problema em qualquer caso deveria ter pelo menos uma solução. Muitas vezes, as situações nos casos apresentados são “contingentes”. Não há “impossibilidade” nem existe “necessidade”. Como no Coaching, o processo de intervisão começa com a descrição de uma situação.
Ao fazer distinções, a “diferença” pode surgir. Fazer perguntas em vez de fazer “declarações” ajuda o dono do caso a explorar novos territórios cognitivos (Megginson e Clutterbuck 2009). Usando a linguagem de busca de soluções, o padrão do processo de grupo é o seguinte:
- denotar algo (verbalizar);
- explorar/explicar seu significado (construir a realidade subjetiva);
- avaliar o “significado” se faz sentido para os outros (contexto);
- reconstruir significado e/ou sentido (assimilação/acomodação).
E você caro(a) leitor(a) já pensou nisso? Participou de algum processo de Supervisão onde o conceito de Intervisão tenha sido adotado? Deixe aqui seu comentário.
Referências:
Bachkirova, T – Jackson, P. and Clutterbuck, D. – Coaching and mentoring Supervision: Theory and Practice (Supervision in context) – McGrawHill – Open University Press
Megginson, D. and Clutterbuck, D. – Further Techniques of Coaching and Mentoring – Oxford: Elsevier Butterworth – Heinemann
Proctor, B. – Group Supervision: A guide to Creative Practice – 2nd edition, London: Sage
João Luiz Pasqual
Presidente da ICF Brasil eleito para o triênio 2016/2018 atuando aqui como colunista representante e voluntário da ICF Brasil.
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