Quantos motivos temos para relutar em levantar da cama, a cada amanhecer? Apelos não faltam para ficar ou para sair. Aparentemente os motivos para ficar, desanimam qualquer cristão. Podemos escolher dentro de um cardápio imenso, as mais diversas opções. Como a vida é feita de escolhas, então muito cuidado nesta hora, pois trata-se da hora da verdade. O que faz alguém sair do conforto da sua cama, muitas vezes em uma manhã cinzenta, ou chuvosa, depois de uma noite com sobressaltos, e/ou após a derrota de seu time no dia anterior, o trânsito prometendo engarrafamentos e com aquela atividade postergada algumas vezes e na convivência nem sempre fácil com pares e superiores? Realmente é para os fortes.
Para nossa sorte, se mudarmos a chave, encontraremos também, uma quantidade enorme de motivos para encararmos o amanhecer cheios de energia, otimismo e determinação. Precisamos começar a pensar em motivação tanto a externa, ambiental, do mundo que nos cerca e nos desafia, quanto a interna, onde estão depositados nossos valores, crenças e propósitos que nos mobilizam na primeira hora. Nesta linha temos a motivação perene que tem a ver com a própria missão de vida e aquilo que será nosso legado, sobrevivendo às mais diversas intempéries, turbulências e desconexões e a motivação pontual, que é aquela com prazo, data de vencimento, satisfação temporária.
Importante refletir, sobre a motivação pontual, muito presente nestes tempos de consumismo exacerbado, mais ao alcance de nossas mãos, do nosso paladar, à construção da imagem e/ou da nossa capacidade de aquisição, trazendo a sensação de realização, que se esvai, tão logo que um novo desejo se apresenta. Faz parte de um modo de viver, mas necessitamos mais, pois a felicidade e a qualidade de vida não moram neste endereço. Segundo Alan Wallace, físico e ex-monge tibetano “a felicidade genuína não depende de estímulos externos. Ela surge do que trazemos para o mundo e não do que pegamos do mundo”.
Precisamos ter a capacidade de percebermos o que nos impulsiona na direção das nossas metas. Aí resume-se uma questão essencial: a capacidade de identificarmos uma meta SMART (Específica, Mensurável, Atingível, Relevante e com Prazo) para nossa vida. Por mais incrível que possa parecer, uma maioria não tem clara qual é a sua meta, ou qual seu papel ou mesmo qual legado quer deixar, como quer ser lembrado, qual o exemplo. Uma grande parcela, sucumbe às questões do dia a dia, absorvidos pela sobrevivência que cria uma distração, desfocando da sua missão ou não permitindo uma formação desta. Um grande dificultador é a falta da cultura de construção de um planejamento, deixando as pessoas ao sabor dos ventos e das tempestades.
A falta da autoconsciência nos impede de compreendermos como reagíamos, nos relacionamos com os outros e os ambientes. Também não sabemos identificar nossos valores e crenças, que todos temos e nem sempre percebemos, acessamos e muito menos desenvolvemos. Saber que nossas crenças nos motivam e nossos valores nos permitem, já nos posiciona para identificarmos para onde queremos ir. Crenças e valores estão ligados aos sentidos, diferente de proposito, pois são relativos a eventos ou ações retrospectivas, enquanto o proposito é a nossa intenção em adotar uma linha de ação, no presente e no futuro. Para John Whitmore, “o sentido é principalmente psicológico, ao passo que propósito é um conceito espiritual”.
Pular da cama, de forma otimista, esperançosa, colaborativa, construtiva, requer que estejamos equipados, não apenas dos conceitos da Inteligência Emocional, baseados em cinco pilares: o conhecimento das emoções (autoconsciência), o gerenciamento das emoções, automotivação, o reconhecimento das emoções dos outros (empatia) e conviver com semelhantes (relacionamentos interpessoais), mas também levar em consideração um novo conhecimento, ou nova descoberta, a QS (coeficiente de espiritualidade). A Inteligência Espiritual, longe do conceito religioso, leva à reflexão o desejo de se encontrar um sentido ou propósito e integrá-lo à vida, para saber o que queremos de forma holística, de modo a equilibrar o desenvolvimento pessoal com uma existência mais plena de significado.
Para alguns autores, depois do Coeficiente de Inteligência (QI) – foco na mente, o Coeficiente Emocional (QE) – foco no coração, temos o Coeficiente Espiritual (QS) – foco na alma. Segundo a pesquisadora Danah Zohar, que identificou dez qualidades comuns às pessoas espiritualmente inteligentes. Segunda ela, as pessoas que têm inteligência espiritual têm essas características:
- Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo;
- São levadas por valores. São idealistas;
- Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade;
- São holísticas;
- Celebram a diversidade;
- Têm independência;
- Perguntam sempre “por quê?”;
- Têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo;
- Têm espontaneidade;
- Têm compaixão.
A dualidade, sobrevivência x desenvolvimento pessoal, vem exigindo das pessoas uma enorme agregação de valor, nem sempre, pesada ou complexa, mas de muita atenção e autocuidados. A integração com pessoas e o planeta requerem sensibilidade, energia e proatividade, valores essenciais para a perpetuação da espécie.
E aí, pronto para encarar? Levanta da cama e vai, leve, animado, com perspectiva de realizações suas e dos outros, encarando a verdade que é libertadora e inspiradora. Assim que levantar, faça uma pequena reunião com você mesmo, diante do espelho, reafirme seu propósito!
Ivan Quadros
Coaching amp; Mentoring
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