A evolução da vida no planeta terra vem passando por grandes ciclos evolutivos até chegar ao ser humano, que evolui progressivamente em pequenos ciclos e em alguns grandes saltos evolutivos, tais como a descoberta do fogo, da escrita, da impressão gráfica, da revolução industrial.
Estamos agora assistindo a uma transformação como jamais se viu, abrangendo, pela primeira vez, quase simultaneamente, todas as culturas em todas as partes do planeta, em função dos extraordinários meios de comunicação. Caminhamos para uma só grande civilização Planetária multicultural e multirracial.
Vieram emergindo ao longo dos últimos séculos, e agora das últimas décadas, as teorias evolucionistas, as leis da genética, a Teoria da Relatividade, a Teoria Quântica, os avanços da psicologia do inconsciente, pondo em xeque os paradigmas lineares e mecanicistas predominantes.
O que isso significa?
Todos estes avanços significaram pontes de aproximação entre os povos, mas, sobretudo, permitiram a reaproximação definitiva do mundo da ciência e tecnologia, lastreado nos campos lógico-racional e moto-operacional do cérebro, com o mundo da espiritualidade (campo intuitivo-emocional) desvinculado das amarras institucionais religiosas e seus fundamentalismos, jogos de poder e controle mental.
No que diz respeito a nós, seres humanos, há que ressaltar, neste processo, a evolução da consciência. Todos os seres vivos têm consciência, contêm em si a impulsão criadora do Big Bang. Basta olharmos com que clareza as células de um organismo, todas replicantes da célula que lhe deu origem na concepção, como vão se multiplicando e criando os diferentes órgãos e suas funções.
No ser humano esta consciência adquire a capacidade de se autodirecionar segundo projetos próprios, reorientando as energias da natureza em seu proveito. Progressivamente, vamos tomando consciência de que podemos ter consciência. Somos capazes de criar paisagens mentais orientadoras.
A consciência baseada na dualidade
É interessante a parábola bíblica do paraíso perdido: o ser humano rompe a dependência do instinto (deus natureza) e opta pela ciência do bem e do mal, isto é, já não é mais o instinto animal que determina seus atos, mas seu próprio critério de avaliação.
Começa então a longa caminhada de aprendizagem de como utilizar esta fantástica conquista na convivência com a natureza, com sua própria natureza, e com os demais seres, humanos ou não. Seu instinto já não atende à necessidade de dar direção à sua vida. Terá que desenvolver uma nova consciência de si, dos outros seres humanos com os quais convive e com a vida como um todo.
O ser humano cria uma consciência baseada na dualidade do “me serve, não me serve”, que vem a se tornar o “é bom, é mau”. Em cima dessa dualidade é que a consciência vai evoluir. Criam-se ideias e valores do bem e do mal, do belo e do feio, do pode e do não pode. Passa a ter o poder de criar imagens explicativas da realidade, cria divindades do bem e do mal, anjos bons e maus, numa projeção fantástica da necessidade de se sentir seguro.
É em cima dessa dicotomia que se desenvolvem os princípios filosóficos, as verdades teológicas e as explicações científicas. Alguns poucos sábios e místicos, tais como Buda, Lao-Tsé, Sócrates, Jesus, buscavam passar uma visão mais integradora da realidade, para além dessa dualidade. Mas poucos entenderam suas mensagens, que acabavam, para a maioria, engolidas pelas velhas crenças e valores, controladas por pequenos grupos dominantes pela força bruta (poder civil) ou pelo controle mental (poder religioso).
A evolução da consciência humana
Nós fomos acostumados a olhar a história de forma comparativa, dicotômica, linear. Mas o que existe é, na verdade, a história da humanidade, do processo global de evolução dos seres humanos, onde cada povo, cada cultura, cada civilização se entrecruza organicamente, tendo cada um sua função no processo evolutivo, cada um evidenciando algum aspecto da grande evolução.
A evolução da consciência humana vem fazendo emergir a consciência da liberdade de pensamento (Renascença, Reforma), o sentido da cidadania (Revoluções Francesa e Americana), a consciência da igualdade (emergência dos socialismos), a Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU – 1948), o início da quebra das barreiras religiosas (Concílio Vaticano II, Teologia da Libertação, Ecumenismo, Dalai Lama), o reconhecimento por todos os povos de que o planeta é responsabilidade de todos (Eco 92), o conhecimento aprofundado do Cérebro e das neurofunções.
A grande busca do ser humano sempre foi obter uma explicação para sua origem e uma visão de mundo que orientasse suas ações. Um grande salto foi dado, no Ocidente, à época chamada iluminista, quando se tentou uma grande explicação racional e se aplicou ao cosmo a visão que aflorava do domínio da tecnologia na emergência da chamada Revolução Industrial. O mundo foi descrito como uma grande máquina. Uma máquina que se pode descrever, quantificar, calcular e, se possível, controlar. É daí que emerge o chamado pensamento mecanicista cartesiano, codificado sobretudo por Newton e Descartes.
Período de Transformações
Nas últimas décadas vem se ampliando a consciência dos direitos fundamentais das pessoas. O inigualável posicionamento da mulher vai se expandindo, rapidamente, por todos os cantos do planeta, provocando reações e protestos diante de situações de desrespeito pelas meninas e mulheres que, até poucas décadas, nem sequer eram percebidas. Há uma progressiva consciência em busca de superação da pobreza e miséria que assola grande parte da população do planeta.
As relações familiares entre cônjuges e com os filhos estão passando por transformações, buscando formas mais afetivas do que normativas de convivência. Cada vez mais estamos nos dando conta de que temos criado culturas e civilizações que contradizem frontalmente os princípios que os fizeram emergir. Criamos um mundo antagônico ao que nos propúnhamos. Hoje estamos pondo em risco até mesmo a sobrevivência da espécie humana na sequência de milhares, ou mesmo milhões, de outras espécies que estão se extinguindo no planeta em função de nossas ações.
No mundo empresarial, dos negócios, tornou-se absolutamente predominante a competição desenfreada. No afã de criar máquinas cada vez mais complexas e de desenvolver teorias de administração das organizações que daí emergiam pela impulsão econômica, também os indivíduos humanos passam a ser classificados e qualificados segundo sua utilidade para o bom êxito da máquina empresarial, seja como ‘mão de obra’ que ‘serve – não serve’ para a produção, seja como consumidor a ser seduzido à busca de um bem-estar mirabolante.
Tudo isto só acontece à medida que as pessoas têm sua consciência submetida a uma visão de mundo dicotômica, alimentada pelas pregações religiosas de bom-mau, de culpa e medo de castigos, e muito bem explorada pelo jogo de envolvência dos meios de comunicação e marketing. Basta ver a muito bem arquitetada exploração das festas religiosas e cívicas pelo mundo afora.
Promessas de felicidade no futuro ou ‘no além’ conseguem manter populações massificadas submetidas a fanatismos fundamentalistas, que entravam a evolução material e espiritual de mais da metade da população do planeta. Promessas de felicidade condicionada e fugaz geram uma busca sem limites por bens de consumo supérfluos e até mesmo muitas vezes danosos à saúde, mantendo as populações em estado de excitação e estresse atrás de objetos e divertimentos enganosos.
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