Em outubro do ano passado, compartilhei em minha página do Facebook, “Coaching de Desenvolvimento Pessoal e Profissional”, um artigo escrito pelo Dr. Travis Bradberry publicado no Linkedin (4 Signs your Boss Is Worse Than Cigarretes). Pasmem, este foi visualizado 53.304, teve 1.000 cliques e foi compartilhado por 1.712 visitantes, sem contar os inúmeros comentários – a maioria relatando situações vividas.
O que isso significa? Lançando uma visão não cientifica, mas de quem está acostumada a receber para Psicoterapia ou para o Coaching pessoas em sofrimento por motivos relacionados ao ambiente de trabalho, posso dizer que não só o trabalho em si pode causar danos à saúde, mas também gestores por meio do gerenciamento das equipes.
Um estudo realizado pela Haward Business School e pela Universidade de Stanford (EUA), onde os pesquisadores analisaram 200 pesquisas, chegou à conclusão que o estresse cotidiano no trabalho pode fazer tanto mal quanto a exposição à fumaça de cigarro dos outros.
Pesquisas recentes da American Psychological Association relataram que 75% dos trabalhadores americanos identificam seu chefe como a pior e mais estressante parte de seu trabalho e 60% dos trabalhadores dos EUA preferiria um novo patrão a um aumento salarial, ou seja, o “ser” é mais importante que o “ter”. Verificou-se que 27% dos profissionais que se deparam com um mau gestor saem assim que encontram uma nova colocação, 11% sem ter outo emprego em vista e 59% permanecem, mesmo com um ambiente adverso.
Só para ilustrar, quem assistiu ao filme “O diabo veste Prada”, pode observar uma situação onde a personagem de Meryl Streep vive uma gestora agressiva e narcísica, que se articula em torno de seus interesses, tratando os funcionários de forma hostil, que se calam e aceitam em função do emprego que têm e pelo status que ocupam em detrimento de sua vida pessoal e até saúde.
Saindo da ficção e voltando para a realidade do mercado de trabalho, verifica-se que o profissional, embora sofra assédio moral no trabalho, muitas vezes não se rebela ou se demite, mantendo-se numa zona de conforto.
O fato é que isso gera um clima de trabalho ruim, mas desde que metas e prazos sejam atingidos, nada se muda, mas quando estes fatores são abalados, aí sim buscam-se as causas e são propostas mudanças.
Olhando sob o ponto de vista de manutenção de uma equipe coesa, assertiva e produtiva, com sinergia fluida e saudável, encontramos um Líder de “peso”, ou com uma Liderança positiva, e podemos ressaltar alguns pontos importantes para isso:
Dar e receber Feedback
Apontar aos colaboradores os aspectos positivos e negativos, que ajudaram ou que dificultaram o encaminhamento de um processo, dá transparência e renova a relação, cria confiança entre o Líder e a equipe.
Por outro lado, saber o que a equipe pensa a seu respeito é fundamental, existem muitas formas do Líder saber como é visto pela sua equipe, muito além dos resultados, e para isso, é importante um diálogo onde obtenha dos seus liderados essa opinião, mesmo que em alguns casos informalmente.
“Céu de Brigadeiro”
Esta expressão define que podemos voar sem medo de tempestades, ou seja, o controle emocional do Líder, no cotidiano ou diante das adversidades, promove na equipe bem-estar, e assim, a sinergia das equipes repercute numa melhor interação.
Isso significa que a maturidade do Líder promove uma condução dos trabalhos de forma focada, objetiva e criativa, para atingir os resultados esperados.
Líder parceiro
É uma sintonia fina que se estabelece entre o Líder e o Liderado, com reconhecimento da imagem da Liderança mais próxima de uma parceria, onde imperam o respeito e a cordialidade.
O Líder tem o verdadeiro conhecimento que faz a equipe crescer e ao mesmo tempo desempenhar as suas tarefas ao se apropriar do propósito do seu trabalho, e não simplesmente ser um executor.
Saber Ouvir
É uma verdadeira arte “saber ouvir”. O pensamento flui com uma rapidez maior que a velocidade com que as palavras são ditas, por isso escutar o outro com atenção é fundamental para entender o que este realmente quer dizer, e assim processar a ideia e elaborar a ação.
Assim, ouvir os membros da equipe com atenção permite ao Líder tirar dúvidas e evita antecipar atitudes que podem levar a ações equivocadas que geram mal-estar, consequentemente, interferem no clima organizacional e nas metas a serem atingidas.
Conclusão
O adoecimento que o estresse causa ao profissional tem custos elevados organizacionais e de saúde pública aqui e em outros países – isso é publicado anualmente por pesquisadores de diversas entidades sérias ao redor do mundo.
Preparar-se para ser um Líder e não um Gestor é o que faz a diferença para o gerenciamento de equipes saudáveis, assertivas e produtivas.
A empresa que tem um RH preocupado em selecionar Líderes capacitados para o real gerenciamento de equipes busca diminuir os riscos de seus colaboradores a terem problemas de saúde e aumenta as chances de ter cases de sucesso na administração de equipes.
“As pessoas pedem a diferença entre um líder e um chefe. O líder lidera, e o chefe dirige” (Theodore Roosevelt)
Natalia Marques Antunes
Psicóloga, Coach e Palestrante
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