Mindfulness e os três níveis de concentração
A concentração é um dos principais elementos para a realização da prática de meditação.
O meditador pode ter um bom nível de concentração, mas de uma forma tensa. E pode acessar um bom nível de concentração e foco, mas de uma forma relaxada, sem gerar tensão.
No primeiro nível de concentração, o meditador tem algum domínio mental e uma certa estabilidade. É a concentração que usamos para dirigir, ou que um médico usa para fazer uma cirurgia, por exemplo. Esse nível de concentração é frágil e pode sofrer facilmente influências externas e internas (os 5 obstáculos da meditação: sonolência, dúvida, inquietude, aversão, desejo).
O segundo nível de concentração é mais profundo. Nesse nível, os obstáculos podem se manifestar, mas eles não atrapalham. As interferências externas também podem surgir, e o meditador pode notá-las sem se influenciar por elas.
Esse nível de concentração dá acesso ao terceiro nível, conhecido nas tradições budistas como samadhi.
Esse nível é muito profundo no foco e na estabilidade mental, e nele nenhum obstáculo surge. A concentração de fato é tão forte e profunda, que não sofre nenhuma influência interna e ou externa. É um nível de consciência e presença em que a mente não se manifesta. Os fatores externos ficam como um pano de fundo, sem que haja nenhuma interação com eles.
Esse terceiro nível geralmente é alcançado em práticas de meditação mais longas, e/ou em retiros de silêncio, e os meditadores mais experientes podem alcançá-lo com mais facilidade.
No segundo nível já é possível viver uma experiência mais relaxada de concentração, e quando o terceiro nível é acessado, nenhuma tensão se faz presente.
Muito interessante, não? Mas cuidado! Ao praticar meditação com o objetivo de chegar a esse nível de concentração a cada vez que for se sentar para meditar, os obstáculos provavelmente surgirão com força total.
A meditação não deve ser vista como uma meta a ser atingida, como um lugar a ser alcançado.
Se fossemos definir um objetivo, seria: eu me sento, eu observo meu objeto de meditação (ex: respiração), e a cada vez que me distraio eu noto, trago a mente de volta e então retorno a atenção para o objeto da prática.
Aos poucos, a habilidade de notar que a mente se distraiu vai se desenvolvendo, e o intervalo entre a distração e o retorno à prática, vai ficando então com lacunas menores.
A forma como fazemos esse retorno também se desenvolve, para que façamos isso de forma gentil e suave, sem as habituais manifestações críticas da mente.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre mindfulness e os três níveis de concentração? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Silvia Cavalaro
https://www.silviacavalaro.com.br/
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