O assunto meditação ainda é cercado por crenças e mitos que foram passando de geração a geração, e ainda hoje, apesar do advento da tecnologia que proporciona informação de forma rápida e, muitas vezes, de qualidade, ainda assim, muitas pessoas têm uma visão distorcida da meditação.
Como praticante e facilitadora nos Programas de Mindfulness para Qualidade de Vida, a meditação permeia boa parte da minha vida, e é inevitável que esse assunto seja tema de muitas conversas entre amigos, familiares, conhecidos, enfim, ouço de boa parte das pessoas que converso, afirmações que estão na contramão do que realmente significa meditar.
E para abordar e escrever sobre esse assunto, escolhi os 3 principais mitos que normalmente surgem ao abordar o tema:
Mito número 1 (disparado): Meditação é para esvaziar a mente
A mente é feita para pensar, e é isso que ela faz. O acúmulo de pensamentos, as ruminações mentais, nos causa cansaço, mesmo que não percebamos, e na maioria dos casos esses conteúdos não são percebidos mesmo, nem pela qualidade dos pensamentos, e nem pela quantidade.
Meditar, do ponto de vista de Mindfulness, e de boa parte das práticas de meditação que tive contato, não é esvaziar a mente, mas sim, ficar desperto e próximo dos conteúdos mentais.
Ao estarmos despertos e próximos, percebemos padrões e pensamentos tóxicos, e ao reconhecê-los, é possível transformá-los.
Meditar é observar o que se passa na mente e, não, limpar os pensamentos.
A ausência de pensamentos pode acontecer, e após algum tempo de prática é possível perceber e observar inclusive essa ausência.
Mito número 2: Meditação é para relaxar
É muito comum os alunos dos grupos de mindfulness dizerem que tem o relaxamento como objetivo para fazer o programa.
O relaxamento pode ser um efeito colateral positivo da prática de meditação, mas não necessariamente ficaremos relaxados ao praticar.
A expectativa de relaxamento pode ser inclusive uma das razões pelas quais as pessoas desistem de meditar, visto que ao não se sentirem relaxadas, acreditam que não estão conseguindo meditar.
Meditação não é relaxamento, é ficar com o que está, sem buscar mudar nada, e pode ser que ao adotar essa postura de aceitação e observação do que está, da forma como está, o relaxamento surja de forma natural.
Mito número 3: Não serve para pessoas muito agitadas
Esse é um dos mitos mais paradoxais que encontro.
Se você é muito agitado, é uma razão bastante contundente para meditar.
Não para buscar se tornar calmo, mas, sim, para se tornar íntimo dos processos que o levam a ficar agitado.
Ao tomar consciência da agitação, seja do corpo ou da mente, e dos processos e conteúdos que levam a essa agitação, um dos efeitos pode ser a calma.
Ao escrever sobre cada um desses mitos, reforço em mim a clareza de que a expectativa é um grande desafio para o praticante de meditação, e que o leva muitas vezes a desistir, pois ao esperar um resultado, ao perseguir um objetivo a cada vez que se sentar para praticar, e não alcançar, aos poucos a energia e a motivação dão lugar à frustração e à dúvida.
Ao praticar, é recomendado procurar trazer à consciência a intenção de apenas sentar para praticar. Sem precisar buscar e mudar nada.
E estar consciente de que não é tarefa fácil, pois estamos condicionados a desejar, porém, a intenção correta ajuda a nos manter no caminho.
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