Publiquei esta mensagem no ano passado e decidi postá-la novamente (quem não leu vai poder conhecer o conteúdo agora e quem leu poderá refletir novamente a respeito).
O dia 2 de novembro é uma data muito respeitada em todo o mundo, dedicada que é aos mortos, pessoas que como nós registraram a sua passagem pelo planeta Terra. Porém, os mortos já se foram para outros planos e deixaram seu legado aos parentes e amigos, os quais nem sempre sabem disso tirar o melhor proveito. A par de ser interessante conhecer a tradição de homenagear os mortos como demonstração cultural espalhada pelas Américas, o que isso tem a ver com o Coaching e suas diversas dimensões possíveis?
Consciente ou inconscientemente para quem a celebra, a data de Finados implica em se pensar na vida e na morte, na ressurreição e na possível nova existência. Ora, isso é essencialmente transformação, é morrer naquilo que não seremos mais e passar a viver a mudança para o novo que nos espera. Seja com o processo de autocoaching ou a partir do apoio de profissional qualificado, qualquer pessoa em busca de transformação será estimulada a refletir (pensar, analisar, esquadrinhar, meditar, ponderar, discernir, entre outros sinônimos) e voltada a encontrar os próprios caminhos para chegar ao “seu sucesso”.
Por essa razão, normalmente tenho resposta diferente da usual quando me perguntam o que é o Coaching. Vejam os leitores que a maior parte das respostas em sítios e blogs refere-se ao processo (como é que funciona, como é que se faz, como é a metodologia, etc). Eu vejo o Coaching pela ótica transformadora, ou seja, o Coach estimula o Coachee a se conhecer melhor e a ganhar autossuficiência na capacidade de reflexão. Em outras palavras, a prática do Coaching “ensina” a refletir sobre o que somos, o que sabemos e achamos que sabemos. O Coaching questiona as certezas ou falsas certezas da pessoa, e ilumina uma nova forma de encarar a vida. Essa é uma forma consistente de construir o verdadeiro legado que queremos deixar em nossa passagem pelo planeta Terra.
É nesse espaço de reflexão que nasce a sincronicidade, fenômeno descrito por Carl Yung como algo que ocorre entre eventos que coincidem de maneira significativa, sugerindo um padrão associado. Pois bem, quando escrevi o artigo em 2013, eu estava no exterior em uma atividade profissional na qual o papel do consultor tinha destaque em problemáticas organizacionais, mas o papel do Coach ganhava preponderância no trato com as lideranças empresariais. E o ponto mais marcante nessa experiência estava na necessidade de adotar o Coaching para estimular a reflexão dessas lideranças, além das questões técnico-organizacionais presentes. Ou seja, tudo era voltado essencialmente para a ação transformadora, “matando” o passado e “construindo” o novo momento.
A melhor maneira de fazer isso, naquela oportunidade, foi começar com um workshop cujo título não poderia ser mais sugestivo: “Conhece-te a ti mesmo”. Fui buscar lá na Grécia Antiga os postulados socráticos de questionar as certezas e dogmas das pessoas para, então, a partir das descobertas individuais, construir a mudança. No caso em particular daquele trabalho, a mudança pode até ser chamada de “construir autoconfiança”. Tanto no pensar, como no decidir; tanto no planejar, como no realizar.
Acredite o leitor ou não, um vício fundamental que todo ser humano deveria ter é o da reflexão. Não para demorar-se em tomar uma decisão, mas para ter visão integrada e holística do que envolverá essa decisão. Voltando aos sábios de outrora, saindo da Grécia e indo para a Roma Antiga, Sêneca deixou como legado esta frase inspiradora à mudança e à transformação pessoal: Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, elas são difíceis, porque não ousamos empreendê-las. Ousar com determinação, matar o passado e construir responsavelmente o presente só faz sentido se houver o adequado processo de reflexão pela pessoa envolvida.
E se da reflexão conseguir evoluir para a transformação, isso é algo que todos deveriam celebrar com uma festa. Aliás, desde os povos mexicanos mais primitivos, o Dia de Finados é marcado pela música e pela comida, com a alegria das famílias pelo reencontro espiritual com seus antepassados. Celebrar a transformação não é sofrer pelo que se deixou de ter, mas pela oportunidade de aproveitar por aquilo que se tem a ganhar. Aproveite você também ao se desapegar do que é velho em você para construir o novo, sem negar o passado e sem supervalorizar o futuro, mas vivenciando profundamente a transformação presente. Acredite que a experiência será maravilhosa!
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