Não há nada mais divino que ser humano
Estamos numa época onde o valor pessoal está na produtividade e falta de tempo. Nos venderam a ideia de que possuir títulos e bens nos confere valor. Quanto mais a pessoa “está na correria”, quanto mais dinheiro na conta bancária, quanto mais desfila com carros e artigos de luxo, então mais valor ela tem.
Mas essa também é a sociedade do cansaço, que na pressão de ser produtivo e estar conectado nos levou a uma cultura de sobrecarga, esgotamento e de não ser suficiente. No lugar da disciplina repressiva do passado, onde se queria uma obediência às normas, a sociedade atual nos exige estar constantemente produzindo e criando. A ideia de que podemos ser qualquer coisa que quisermos é uma ilusão, porque nunca há suficiente tempo nem recursos para fazer tudo o que esperam de nós.
A sociedade do cansaço também se refere à forma como nos comunicamos e relacionamos. Através das redes sociais e dos dispositivos móveis, estamos constantemente conectados e disponíveis para os outros, o que nos levou, de fato, a uma sensação de alienação e desumanização. Ao invés de estar verdadeiramente presentes em nossas relações, nos vemos obrigados a ser multitarefas, sempre disponíveis e prontos para responder qualquer mensagem ou notificação.
Cansaço físico mental, sono conturbado, solidão, insatisfação, ansiedade e medo. E nunca o que produzo é suficiente. Com essas dores, entramos então agora na era da espiritualidade, onde nos vendem realização, transformação, plenitude e felicidade.
Pessoas buscam em Deus, a espiritualidade, a iluminação. Alguém que os sustente, que os eleve e os tire dessa Samsara de pressão, tensão, desconexão, insuficiência e cansaço.
Essa é a agenda setting do momento: Espiritualidade, Deus, Jesus. Tá todo mundo nas redes falando de Deus. O assessor financeiro falando de Deus, o personal trainer falando de Deus, a consultora de imagem falando de Deus. Por quê? Porque vende.
Seguimos estando presos pelo consumo da época.
A questão é que não é o outro que irá nos elevar, desenvolver ou aproximar do Divino. A nossa elevação, de fato, depende da nossa forma de ver e viver a vida que está tingida por legados do sistema familiar e sustentados pelos discursos maternos que perpetuam comportamentos e dores transgeracionais.
Deus nos deu o sopro de vida e o livre arbítrio. Não há nada mais que ele possa nos dar.
Não nascemos humanos por acaso. Trabalhar, pagar conta, criar filhos, entrar em contato com emoções intensas e dolorosas, processar e transcender. Tudo isso faz parte da elevação espiritual. Depende, unicamente, de cada um de nós, da energia que estamos dispostos a empreender para acessar estados de mais alta gama, como por exemplo, a empatia, a compaixão, o amor, a presença e o preenchimento.
Não há nada que o Divino possa fazer por você que você não esteja disposto a fazer por você. Não há nada mais Divino do que SER humano. Imperfeito, consciente, amoroso e conectado… Conectado ao seu Ser Essencial. Aí está Deus.
Gostou do artigo? Quer conversar mais sobre como encontrar o divino dentro de você? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.
Liz Cunha
https://www.lizcunha.com.br/
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