Agora é pra valer: A Neurociência vai a fundo na Religião e na Espiritualidade
Gostaria de confessar meu entusiasmo e alegria ao ver publicado em uma das revistas científicas de maior impacto mundial, neste mês de julho, um artigo relacionado ao grande chamado: a espiritualidade e religiões devem ser, de fato, estudadas pela neurociência.
Compartilho com vocês alguns aspectos mais relevantes do Artigo:
1. Importância da Religiosidade e Espiritualidade:
Cerca de 85% da população mundial se identifica como religiosa ou expressa interesse em práticas espirituais. Décadas de pesquisa nas ciências sociais mostram que crenças e práticas religiosas ou espirituais podem melhorar a saúde e o bem-estar, aumentar a coesão social, empatia e comportamento altruísta, e proteger contra declínio cognitivo ou abuso de substâncias. No entanto, também têm amplificado conflitos, polarização e opressão ao longo da história.
2. E o que seria Neurociência da Religião/Espiritualidade?
A neurociência parte do pressuposto de que as experiências religiosas são fenômenos reais que podem ser investigados cientificamente. Busca entender como o cérebro humano responde a estímulos religiosos, como a oração, meditação e rituais, e como essas experiências afetam a percepção, emoções e comportamento dos indivíduos.
3. Sobre a relutância dos Neurocientistas:
De acordo com os autores, neurocientistas têm evitado estudar como as crenças afetam o cérebro devido à resistência histórica das instituições religiosas e ao medo de que a pesquisa seja vista como promoção ou despromoção de uma religião específica. Uma análise de 2021 revelou que termos relacionados à espiritualidade e religião aparecem em uma ínfima minoria das propostas de projetos submetidas ao Instituto Nacional de Saúde dos EUA desde 1985. Atualmente, o número de artigos publicados sobre neurociência da religião no Brasil é bastante limitado.
Pesquisadores em antropologia, psicologia e estudos religiosos têm investigado e definido diversas crenças e práticas religiosas e espirituais globalmente. Instrumentos como o Questionário de Experiências Místicas (MEQ) ajudam a classificar experiências religiosas ou espirituais, que podem ser, de fato, correlacionadas com técnicas de neuroimagem para mapear a atividade neural associada.
4. Alguns dados:
- Estudos de neuroimagem mostraram que experiências religiosas e espirituais ativam múltiplas regiões cerebrais, incluindo redes envolvidas em meditação e cognição social. A remoção de tumores em certas áreas do cérebro também tem sido associada a aumentos nos sentimentos de conexão com outros e com a natureza.
- Práticas e atividades religiosas têm padrões de neuroimagem característicos que diferem da conectividade cerebral, por exemplo, de pessoas que praticam esportes ou atividades sociais. Por outro lado, drogas psicodélicas têm mostrado modulação da atividade em regiões cerebrais associadas a experiências religiosas ou espirituais, sugerindo uma base neural compartilhada.
É claro que ferramentas como inteligência artificial e realidade virtual já estão em atividade para identificar padrões de atividade cerebral associados a conceitos religiosos ou espirituais. A ideia é que experiências em realidade virtual possam evocar estados místicos em ambientes controlados, proporcionando assim novas maneiras de estudar a atividade neural associada a tais experiências.
E o futuro?
Investir na neurociência da religião pode oferecer novas ferramentas para tratar dor e vícios, e ajudar a entender as alterações cerebrais associadas a crenças religiosas extremas. A colaboração entre neurocientistas e estudiosos religiosos é essencial para avançar nesse campo emergente. Em um mundo onde as afiliações religiosas estão mudando, a neurociência pode esclarecer como essas mudanças afetam o cérebro e a sociedade.
Gostou do artigo?
Quer conversar mais sobre como a neurociência da religião pode oferecer novas ferramentas para tratar dor e vícios, e ajudar a entender as alterações cerebrais associadas a crenças religiosas extremas? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Um forte abraço,
Dra. Marcia Coronha
https://www.institutoconsciencia.info/
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Referência: Patrick McNamara e col. Neuroscientists must not be afraid to study religion. Nature, 02 July 2024
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