Por razões profissionais, eu era um dos convidados para o evento promovido pela FIA – Federação Internacional do Automóvel em Viena, na Áustria, no último dia 2/12. O Prize Giving – 2016, com cerca de 400 pessoas de mais de 150 países, completou uma semana de árduo trabalho de gestão e serviu para proceder à entrega da premiação aos melhores do automobilismo mundial, em todas as suas categorias.
Algo que ninguém esperava era a notícia que o campeão mundial de Fórmula 1, Nico Rosberg, viria a dar ao mundo do esporte. Por que alguém jovem e no auge do sucesso, decide abandonar a sua carreira vitoriosa? Depois de dar a notícia à tarde, em evento paralelo em frente ao Palácio Imperial de Hofburg, Nico Rosberg reafirmou a decisão tomada cinco dias após conquistar o campeonato mundial. Essa foto que tirei dele, durante entrevista à mídia internacional na entrada do evento, mostra uma pessoa feliz, confiante e muito bem decidida.
Certamente, Nico gera repercussão internacional, assim como Felipe Massa também teve. Mas ontem o Primeiro Ministro da Nova Zelândia, John Key, renunciou ao seu cargo para ter mais tempo de conviver com a família, sem o mesmo impacto. Assim como eles, muitos já fizeram o mesmo e, parece que foi uma intuição de minha parte, no artigo da última 6ª feira (Dimensões do Sucesso) eu escrevi o seguinte: no nosso cotidiano lutamos muito para construir um sentido e um caminho, mas não podemos fazer disso obsessão. Não adianta deixar para aproveitar amanhã a conquista de hoje, pois talvez o amanhã não lhe chegue para isso. A cada conquista, a cada pedacinho de alegria que você associar com algo parecido com “sucesso”, celebre com a sua família e os amigos. Não fique transferindo oportunidades de viver momentos alegres para substituir por mais trabalho e novos desafios. Busque o equilíbrio no qual a sua família seja o centro dessa escolha.
O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) tinha a tese de que as dificuldades na vida decorrem da natureza do desejo e de como ele é saciado. Segundo Schopenhauer, a vontade e o desejo levam a pessoa a definir objetivos, sofrer e lutar para alcançá-los e, quando deles se aproxima, já começa a abandoná-los por outros novos. Para o filósofo, o ciclo só tem fim quando a razão fica mais forte do que o desejo. Porém, a vontade, formada por aspirações e paixões, só pode ser saciada temporariamente. Logo vem o tédio, e a vontade passa a construir novas necessidades, obrigando a que nos lancemos em outras lutas, novamente.
Esta postagem quer provocar os profissionais de Coaching, tanto no que diz respeito às próprias aspirações, como aquelas que ouvem descritas pelos clientes. Para você, que tanto luta para melhorar sua formação, está seguro de como vai lidar com isso em sua vida ao receber o certificado? E depois, quais os seus indicadores de sucesso? Quando percebe seu cliente defender tanto a conquista de um sonho, está ciente da importância de que ele venha a refletir sobre equilibrar razão e emoção por conta do que será essa busca?
Nico Rosberg, aos 31 anos, conquistou o pódio à custa de muito esforço, risco e determinação. Depois, optou por dar mais importância ao convívio familiar, com a esposa Vivian e a filha de um ano. Muitos executivos, nessa idade, ficam afastados muito tempo da vida doméstica para tentarem concretizar seu sonho. Sem o desejado equilíbrio mental e espiritual, muitas vezes conquistam o que buscavam profissionalmente e perdem aquilo que era a base familiar que acreditavam estar firme. Tudo é complexo e não tem regra, a não ser esta: viva o prazer do desafio para o seu sonho, mas não deixe nunca de praticar o amor pleno com a sua família.
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