Para começo de nossa conversa, vamos entender essa questão de métricas, ou seja, aqueles resultados obtidos pela adoção de questionários que medem aspectos específicos de uma pessoa que está em processo de avaliação ou de desenvolvimento. Normalmente, esses questionários podem ser divididos em: (a) os que buscam medir tipos de personalidade (assumindo que esta é uma qualidade inata que não muda); (b) os que medem traços da personalidade (assumindo que esta tem várias características que podem ser alteradas através da reflexão pessoal, feedback e/ou Coaching), e, ainda; (c) os de aplicação especial, que examinam comportamento, baseados na crença de que todas as pessoas podem mudar.
Um artigo técnico muito interessante, divulgado na publicação People Management Magazine Online, em junho de 2008, apontou para uma conclusão que não pode ser ignorada: o tipo de questionário aplicado para o Coachee responder terá grande influência na maneira como o Coach deve planejar e conduzir a sessão de Coaching. O artigo foi escrito por um estudioso chamado Jonathan Passmore, psicólogo ocupacional e professor na Universidade de East London. Ele é autor de dezenas de livros e artigos no tema da Psicometria no Coaching, incluindo o Wiley Blackwell Handbook of the Psychology of Coaching and Mentoring, publicado em 2013. Não fosse pouco, ele foi agraciado com o Prêmio de Pesquisa do Special Group in Coaching Psychology, em 2012. Ou seja, é alguém em quem se deve colocar muita atenção.
De forma bastante simples podemos entender que o questionário do tipo psicométrico terá sua aplicação orientada à questão da personalidade, enquanto há outros questionários voltados para a questão de competências. Usar um ou o outro está diretamente relacionado com os objetivos definidos para o Coaching. Fundamental, segundo o pesquisador, é ter clareza de que o questionário é justo em termos de resultados comparativos para diferentes grupos etnicos, sociais ou mesmo na questão do gênero (entre homens e mulheres).
Eis agora o que poderá causar furor para alguns Coaches fundamentados apenas na prática (os conhecidos “practioners”). Na escolha do questionário deve haver uma boa compreensão sobre como ele foi desenvolvido. É baseado em teoria ou em uma pesquisa? Qual a teoria? Qual a pesquisa? Isso é fundamental para compreender o contexto em que o processo de Coaching será desenvolvido. Muitas vezes, os envolvidos olham os resultados psicométricos como verdade indiscutível. Porém, os resultados podem estar refletindo as circunstâncias e os sentimentos do Coachee quando o questionário foi respondido.
Finalizando, Jonathan Passmore afirma que os resultados de questionários às vezes deixam as pessoas com mais perguntas do que com respostas. É aí que entra a competência do Coach para saber explorar adequadamente as várias questões abordadas e, então, desenvolver um plano de ação que possa apontar o que precisa ser feito e quando.
O tão comentado feedback raramente é suficiente para trazer a mudança comportamental e o que irá funcionar mesmo é o Coach adotar um plano específico e personalizado de suporte pessoal ao seu Coachee, durante um período de tempo. Em resumo, adotar questionários psicométricos tem o resguardo da validade estatística e se mostra melhor do que os típicos “modelos domésticos”, mas há que se ter um personalizado e cuidadoso plano de ação.
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