No dia da Mulher: Não dê flores e produtos de beleza, nem precisa dar parabéns
O que essa data pede é que você seja uma feminista ou apoie o feminismo!
A gente pisca e março já está aí, trazendo aquele convite intencional que nunca deveria sair da nossa cabeça – a equidade de gênero.
Voltando o nosso olhar especificamente para as mulheres, podemos notar que embora já tenhamos mais de um século de movimentos de afirmação do gênero, ainda há muita coisa para se conquistar.
A nossa vontade aqui é ampliarmos a visão sobre o tema e facilitarmos a evolução das nossas ações e comportamentos na prática.
Você sabe, de verdade, por que o dia 08 de março é uma data tão importante?
É verdade que 130 operárias morreram carbonizadas em um incêndio numa fábrica têxtil de Nova York em 1911, mas intelectuais feministas afirmam que essa versão abafa a história de luta e mobilização das mulheres operárias que se organizavam por melhores condições de trabalho.
Para Eva Blay, professora da USP e coordenadora do USP Mulheres, o dia 8 de março não é um dia festivo e capitalista, por isso presentar mulheres com maquiagem, flores e serviços em salões de beleza não seria a melhor forma de fortalecer e reconhecer o protagonismo das mulheres em sua própria história social e política.
Há muito mais para se fazer!
Um dos focos do feminismo é a ressignificação do poder através da dominação – dominação de algo ou alguém sobre outro alguém. Podemos perceber esse foco como de primeira importância, e não porque seja (ou não) a base de todas as outras formas de estruturas opressivas. Mas porque é a forma de dominação que estamos mais propensos a encontrar de modo permanente nas nossas vidas.
Pare por um momento agora e então pense como são as suas relações, observe se há dominação.
- Como são as relações na sua família? Se você tem filhos, há alguém que manda e o que obedece? Ou há espaço para conversa e consideração? O mesmo questionamento serve para observar a relação com o seu ou a sua parceira de vida;
- No trabalho, tudo ainda funciona a partir do comando e do controle? Ou há espaço para contraditório de discussão?
- Queremos que todas as pessoas tenham exatamente as mesmas competências ou conseguimos incluir, de fato, a pluralidade e descobrir o que ganhamos com isso?
A expressão de mundo em que vivemos hoje e a maneira que nós nos organizamos, na vida, no trabalho e nas nossas relações com os outros, foi influenciada pelas transformações econômicas, políticas, históricas e socioculturais.
Romper ou ir além do que é imposto socialmente a todo momento é um movimento que demanda um impulso interno e externo também, ou seja, é um desejo próprio que pode e deve ser facilitado pelo coletivo do qual somos parte.
Por isso vemos cada vez mais movimentos afirmativos que procuram ampliar o espaço para a expressão genuína dos seres. Movimentos de afirmação do feminino, de masculinidades, de afirmações de gênero, de formatos de família, de relações de trabalho e outras.
O pensamento feminista avançaria se pudesse ser compartilhado no contexto de pequenos grupos, integrando a análise crítica com a discussão de experiências pessoais – não é sobre ser autoridade no assunto ou depender de estatísticas, mas sobre observar o seu jeito de ser e estar nas relações.
“Cada indivíduo começa o processo de engajamento na luta feminista em um nível único de consciência; diferenças de experiência, perspectiva e conhecimento fazem do desenvolvimento de estratégias variadas de participação e transformação uma agenda necessária.” (Bell Hooks)
É isso: neste março invista, de fato, em conhecimento, em discussões, em ações de transformação das pessoas e das relações.
Esta é uma das nossas sugestões pra você.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre o pensamento feminista e ações transformadoras para o dia da mulher? Procure a gente, teremos muito prazer em ajudar.
Anne Bertoli & Brunna Martinato
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