Segundo Freud, “todos nós temos em nosso inconsciente a nossa imortalidade”.
Realmente, quando pensamos em nossa mortalidade parece que é muito, mas muito distante mesmo, às vezes como se não fosse nem acontecer. Diferentemente de quando pensamos na perda de entes queridos. Conseguimos “sentir” a dor que nos impede até de imaginar certas cenas.
Mais uma vez nosso cérebro nos permite a vida e, mais uma vez, ele trabalha a favor da sobrevivência. Ainda bem! Uma perfeição.
Mas independente disso, vamos partir um dia. E realmente não precisamos e nem queremos nos lembrar disso a todo momento. Mas uma coisa talvez seja importante pensarmos: o que vou deixar de bom aqui nesse mundo? O que vai ser registrado nessa minha passagem por esse lugar? Fez alguma boa diferença eu ter vindo? Consegui deixar uma marca que tenha ajudado a vida de outras pessoas?
Eis o nosso legado!
Talvez nossos antepassados que fizeram um desenho na pedra da caverna, nunca imaginaram que essa marca poderia ajudar a humanidade descobrir a evolução do ser humano após milhões de anos. E todas essas questões são muito importantes quando planejamos a vida pessoal e profissional.
Quando pergunto aos coachees e aos alunos qual é a missão deles, em geral observo que muitos nunca haviam pensado sobre isso e, uma grande maioria sempre a relaciona (sua missão) com ganhar dinheiro, ter uma vida com qualidade e dar uma boa condição de estudos e conforto para a família. Nada de errado, aliás, todo o ser humano tem o direito a tudo isso.
Mas, e o que mais? Será que poderíamos expandir um pouco mais esse nosso desejo? Será que faria uma diferença pensarmos no que fazer pelo mundo, pelo planeta, pela natureza, pelas pessoas?
Essas dimensões não são ensinadas nas escolas; deveriam desde cedo ser apresentadas às crianças. Mas como isso não aconteceu com a maioria de nós, que tal fazer agora essa reflexão?
A ideia é que, sempre que seja necessário uma decisão, seja de curto ou longo prazo, de impacto aos demais e de alguma forma também no planeta, pensar de maneira mais sistêmica, dando novo e amplo significado à existência e buscando através dos atos, uma contribuição que transforma, não só a família, mas a sociedade e o mundo.
Ampliar a visão, sair do pensamento egóico, limitado e de um universo centrado em si mesmo. Expandir a consciência, o interesse, os desejos e os sonhos. Olhar para o mundo, as pessoas, as sociedades, a natureza de uma forma mais profunda, ou seja,”existe algo que eu possa fazer para ser melhor? O mundo e eu?”
Gosto da ideia de que estamos aqui por uma razão maior, mais forte e sim, por um bom motivo para isso. Não sabemos e talvez nunca saberemos. Por isso posso escolher e dessa forma decidir. Essa é uma das grandes vantagens humana. A consciência da existência.
Num recente artigo de Alexandre Nakandakari, ele relata sobre a ideia de John Whitmore, autor de Coaching para Performance, onde para compreendermos melhor…“imaginarmos um gráfico onde o eixo vertical é Espiritual / Qualitativo e o eixo horizontal é Psicológico / Quantitativo…. a sociedade ocidental cresceu no eixo horizontal, avançou em tecnologia e inovações, a sociedade oriental, cresceu pelo eixo vertical. Hoje, tanto no ocidente quanto no oriente, há uma tendência a se trilhar o eixo do meio, onde há o equilíbrio entre as duas partes. Se vamos demais por uma via nos afastamos da outra, gerando tensão e iniciando-se uma crise.”
Quando pensamos em nosso legado, podemos sim incluir os bens materiais, o sucesso profissional como meta a ser alcançada, ou seja, podemos pegar a trilha do eixo horizontal, mas não nos afastarmos das questões que envolvem o Espiritual, não no sentido religioso, mas no amplo sentido da existência, projetando assim metas que incluam o eixo vertical.
Podemos escolher um estilo de vida natural, cuidar dos animais, ajudar pessoas a serem melhores e mais realizadas, compartilhar conhecimentos, administrar empresas e negócios num ambiente onde há espaço para o Quociente Espiritual e tantas formas de definitivamente deixar uma marca.
E para mim, esse equilíbrio entre os eixos, a busca por objetivos de vida com qualidade, mas também da qualidade da vida para todos, será um legado, um sinal de que valeu a pena ter vindo para cá. E sim, na minha partida, não sei se fará diferença, mas sei que quero ir em paz!
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