A partir de um pedido que foi endereçado aos administradores do sítio Cloud Coaching, e repassado a mim, quero trazer esta abordagem aprofundada sobre o Coaching. Percebe-se que muita gente lê, gera e repassa informações genéricas, mas o que pretendo fazer é ir mais fundo e trazer conteúdo técnico sobre o assunto. Pode-se assumir que, se o Coaching busca melhorar o desempenho no trabalho ou gerar mais satisfação na vida pessoal do Coachee, o seu desenvolvimento se dará nas dimensões do autoconhecimento e da autoconsciência. Esse postulado não é novo, pois Sócrates já defendia o conceito de “conhece-te a si mesmo”.
A ênfase do Coaching em auto-reflexão representa o ponto de partida marcante para a ação do Coachee e a orientação aos resultados. Coaching acaba sendo uma conversa sobre reflexão, autoconhecimento e a busca de respostas. Essa busca e as respostas que nascem são a forma elegante de aprendizado: aprender mais sobre o que sabemos sobre nós mesmos e o nosso desempenho, e sobre o que não sabemos; aprender até como não fazer algumas coisas, como fazer outras coisas melhor e como fazer coisas novas. É alcançar um tipo de sabedoria pessoal, um compromisso de mudança e melhoria consigo mesmo.
O desejo de melhorar a performance e a produtividade estão entre as mais citadas referências nas pesquisas da American Management Association e, para o processo ser eficaz, o Coachee tem que adotar mentalidade aberta à aprendizagem e à mudança de hábitos. Atualmente, há o reconhecimento de que a aplicação do Coaching, em organizações e nos negócios, abrange várias áreas de conhecimento e, cada vez mais, também é multimetodológica. Envolve conhecimentos de outras disciplinas como a Psicologia, a Educação, a Teoria Cognitiva e a Neurociência, a Gestão de Negócios e, em alguns casos, aspectos afins ao espírito e à religião.
Um estudo que se aprofundou em entender as bases teóricas do Coaching, anos atrás, identificou que as disciplinas das ciências sociais que mais contribuem para esse processo incluem Psicologia, Sociologia, Linguística e Antropologia as quais, no conjunto, emergiram da Filosofia, no Século XX. Muitos pesquisadores defendem que o Coaching deve ser considerado claramente como atividade multidisciplinar, sendo seu principal objetivo melhorar o bem-estar, aumentar o desempenho e facilitar a mudança individual do Coachee.
Sabe-se que a cognição humana é estruturada em termos de ações e interações, com um processo de observar e de viver. A relevância dessa ideia-chave, principalmente no Coaching Ontológico, é de que o Coachee é limitado pela forma como observa seu mundo e o papel essencial do Coach é fornecer um contexto seguro que permita ao cliente tornar-se observador, com a capacidade de agir de forma eficaz. Torna-se prioridade observar como o Coachee usa a linguagem, a experiência emocional e como isso se reflete na sua postura corporal.
Os questionamentos e desafios feitos pelo Coach tentam levar o Coachee à compreensão mais profunda e racional de suas “verdades” e valores pessoais. É necessário lembrar que a Psicologia tem subdisciplinas que se adaptam como ferramentas e formas de abordagens em Coaching: psicodinâmica comportamental, cognitiva, humanista e transpessoal. A ciência fornece evidências de adaptação de várias outras abordagens em Coaching, como já temos no exemplo bem difundido da PNL – Programação Neuro-Linguística.
Uma pergunta sempre presente é: Precisa um Coach ter formação superior em Psicologia? Fosse isso uma verdade absoluta, a formação básica do Coach só estaria completa se estivesse ampliada por outras disciplinas da mesma forma importantes, como citamos anteriormente. A discussão sobre a qualificação acadêmica do Coach, os caminhos para explorar opções possíveis que atendam as expectativas do Coachee e, também, o que se espera do relacionamento entre ambos, tudo isso ainda permanecerá tema de muitos debates nas várias esferas de pesquisas, no Brasil e no exterior. A multidisciplinaridade já está presente em cursos de formação superior em Coaching, o que serve como sustentação da afirmação anterior.
Já comentei em postagens anteriores que um Coach responsável e efetivamente dedicado à sua atividade nunca deve parar de estudar, ler, pesquisar, conhecer os avanços conceituais e práticos do Coaching e, o que também é relevante, buscar conhecimento ampliado do tipo de contexto em que se propõe atender. Há estudos que apontam para experiências no mundo dos negócios como essenciais ao sucesso do Coach executivo, da mesma forma que a familiaridade com a Psicologia pode ser essencial em intervenções no Coaching de vida.
Nos últimos anos, o Coaching tem sido beneficiado pela conjugação de ideias oriundas de outras áreas: a perspectiva humanista; a abordagem baseada em comportamento; a aprendizagem ou desenvolvimento de adultos; o Coaching cognitivo; o modelo de Psicologia Positiva; o modelo de exploração de novas fronteiras; a abordagem sistêmica e daí em frente. É comum encontrar pesquisas que remetem à comunidade de Coaching na busca incessante de encontrar o “Santo Graal”: a fórmula mágica que explica como atingir o “sucesso”.
Nem todos sabem o que significa “sucesso” ou “fracasso”, pois esse é um conceito ambíguo e multidimensional, vinculado ao contexto específico de cada pessoa. Em outras palavras, o que mais se deseja efetivamente conhecer é de como o processo de Coaching pode melhor ser aplicado em cada caso, com as suas próprias peculiaridades, de forma a que todos os fatores envolvidos sejam bem conduzidos e o resultado seja atingido. E esse tipo de competência não é e nem será domínio ou monopólio de uma só área do conhecimento humano.
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