Eu tenho feito deste espaço um continuado incentivo para que os profissionais ligados a ao desenvolvimento de competências possam ampliar as suas informações teóricas e práticas. É com o investimento nesse aprendizado que a atividade profissional será recompensada com mais resultados, mais satisfação do cliente e, mais ganhos em oportunidades geradas pelo mercado. E hoje vou trazer algumas novas referências que confirmam minha tese e contribuem com vocês.
Pois bem, comecemos por contextualizar. Recentemente, foi criada uma base de dados contendo mais de 25 mil artigos científicos e acadêmicos. A biblioteca eletrônica SPELL® Scientific Periodicals Electronic Library, é um repositório de artigos científicos e proporciona acesso gratuito à informação técnico-científica. Iniciado em 2012, o Spell concentra, no momento, a produção em áreas de Administração, Contabilidade e Turismo, publicadas a partir de 2008. Em poucos meses de existência, já registra mais de 5 milhões de acessos.
Fiz consulta para saber quantos artigos estão nessa base contendo a palavra-chave “Coaching”. Para a minha mais absoluta surpresa, apenas 3 artigos foram identificados. Quando a palavra-chave usada foi “Mentoring (ou Mentoria)”, esse número foi menor: somente 2. Resiliência, tema muito em voga no momento, não teve melhor sorte, alcançando apenas 4 ocorrências. No entanto, dois temas tiveram presença expressiva, ainda que limitada para o universo total de publicações. A palavra-chave “Treinamento” identificou 39 artigos e estudos, enquanto “Liderança” alcançou 77 ocorrências. Como se percebe, a produção nacional de estudos publicados em Coaching ainda é muito pequena.
Um dos artigos que selecionei pela sua amplitude e a atualidade de conteúdo foi Coaching nas organizações: uma revisão bibliográfica. Da autoria de dois pesquisadores paulistanos (Teodoro Malta Campos e Heloisa Maria Nunes Pinto), o artigo tem por objetivo realizar a revisão bibliográfica sobre a aplicação de processos de Coaching no âmbito organizacional, algo que traz benefícios no tocante ao desenvolvimento pessoal e técnico do profissional que recebe a atenção do Coach.
Conforme o artigo, avaliando o aspecto eminentemente teórico, a prática do Coaching apresenta lacunas de conhecimento tais como: não há congruência em termos de definição; as pesquisas divergem sobre a formação e maneira de atuação do Coach; faltam métricas sobre como conduzir o processo individualmente e quando conduzir para equipes; não há distinção clara entre a prática do Coaching em relação às práticas do Mentoring e do Aconselhamento, e há pouca orientação no tocante aos parâmetros objetivos de desenvolvimento do processo. Além disso, nem sempre se estabelece adequadamente como será a relação de liderança entre o Coach e o Coachee.
A questão do desenvolvimento pessoal dentro do ambiente de trabalho é algo presente de maneira direta ou indireta nas pesquisas que fundamentaram o artigo, sinalizando sempre haver uma preocupação para o aprimoramento do ser humano. Ainda mais, ao mostrar interesse em desenvolver e aprimorar os executivos, a organização consegue obter um maior engajamento e envolvimento dos funcionários. Tudo isso justifica que sejam implementados programas e processos continuados e, possivelmente, essa seja a razão para o crescente aumento da indústria do Coaching juntamente com as práticas de Mentoring e Aconselhamento.
Daí nasce uma questão para a qual o conhecimento científico é de essencial valor, ou seja, quais os fundamentos em que são estruturadas essas práticas, de forma a diferenciar os trabalhos sérios, consistentes e éticos das propostas comuns que sugerem resultados rápidos e garantidos, mas sem o embasamento necessário. Diante disso, os autores reforçam o quanto é essencial a construção do conhecimento mais aprofundado das práticas citadas para ser possível gerar conteúdo que realmente auxilie as organizações no desenvolvimento de seus profissionais.
E eu completo: antes de se pesquisar mais sobre benefícios e ganhos com as práticas do Coaching, talvez seja o momento de se conhecer mais dos modelos que funcionam bem no contexto brasileiro.
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