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O Erro de Michelangelo? O que a Estátua de David nos Ensina sobre Comportamento e Contexto

A escultura de David de Michelangelo revela muito mais do que beleza: ela nos inspira a repensar nossos comportamentos quando deslocados de seu contexto original. Aprenda como a inteligência comportamental pode transformar sua forma de agir, adaptar e liderar.

O Erro de Michelangelo? O que a Estátua de David nos Ensina sobre Comportamento e Contexto

O Erro de Michelangelo?
O que a Estátua de David nos Ensina sobre Comportamento e Contexto

Olá!

Escrevo essa coluna diretamente de Florença, na Itália — berço do Renascimento, onde cada esquina respira arte, história e um tipo de beleza que quase nos obriga a caminhar mais devagar. Aqui, visitei uma das obras mais impactantes que já vi na vida: a estátua de David, de Michelangelo.

Confesso que já tinha lido muito sobre ela, visto dezenas de fotos, estudado suas proporções, sua fama e sua simbologia. Mas, como acontece com tudo que é verdadeiramente grandioso, nada substitui o impacto de estar ali, diante dela.

A escultura de David tem mais de cinco metros de altura, pesa cerca de 5,5 toneladas e foi esculpida a partir de um único bloco de mármore considerado frágil e até mesmo defeituoso por outros escultores. Mas nada disso é o mais curioso. O que me impressionou foi descobrir que as proporções da estátua são propositalmente “erradas”.

Sim, você leu certo!

A cabeça de David é maior do que deveria ser. A mão direita — que segura a pedra com a qual ele venceria Golias — também. Há um leve desvio no olhar. E essas “imperfeições” não foram erros de cálculo ou pressa do artista. Elas foram intencionais.

Michelangelo esculpiu a obra para ficar no alto do domo da catedral de Florença, a igreja de Santa Maria de Fiore e sua genialidade antecipou a perspectiva do observador: visto de baixo, o David pareceria perfeitamente proporcional.

No entanto, ao ser finalizada, a escultura de David foi considerada bonita demais para ser colocada tão longe das pessoas, e foi levada para a praça central, ao nível dos olhos. Desde então, qualquer um que olhe para David de perto pode notar suas desproporções — especialmente se estiver buscando por elas.

E foi exatamente aí, diante dessa escultura de David imensa, que uma ideia me atravessou a mente como uma flecha: Será que nossos comportamentos não seguem a mesma lógica?

Pense comigo:

Nós “esculpimos” nossos comportamentos ao longo da vida com base em onde e com quem acreditamos que vamos precisar deles. Desenvolvemos formas de agir, de reagir, de nos defender e de nos conectar segundo o ambiente onde fomos forjados: família, escola, empresas, religiões, grupos sociais, desafios e recompensas.

Criamos uma “estátua” interna de atitudes que funcionam — ou funcionaram — para conquistar respeito, amor, espaço, sucesso.

Mas, e se mudarmos de ambiente?

Se um comportamento foi construído para um certo contexto, ele pode parecer exagerado, estranho ou até inadequado quando colocado diante de outro público, de outra cultura ou de outra expectativa. Assim como a cabeça e a mão de David parecem grandes demais ao olharmos a estátua do chão, nossos comportamentos podem parecer desproporcionais fora de seu “domo” original.

É o chefe que era assertivo em uma empresa rígida, mas que parece rude em uma equipe colaborativa. A mãe superprotetora que se torna controladora quando os filhos crescem. O profissional brincalhão que soa desrespeitoso em um ambiente mais formal. Nada disso é essencialmente errado. Apenas mal enquadrado.

A beleza da inteligência comportamental, como defendemos em nossas mentorias e vivências, está justamente em entender que o comportamento não é identidade. Podemos — e devemos — ajustar, refinar e reposicionar nossas atitudes de acordo com o cenário. Isso não é se perder. É se tornar ainda mais potente.

Michelangelo não esculpiu um erro. Ele criou uma obra-prima para um ponto de vista específico. E quando mudaram a escultura de lugar, revelaram detalhes que só ampliaram o nosso fascínio. Mas, e se não soubéssemos dessa história? E se olhássemos apenas as proporções sem entender o contexto? Talvez achássemos que ele era apenas um artista genial… com péssimo senso de simetria.

Assim acontece conosco também.

O verdadeiro “defeito” não está visível e se trata de um músculo faltante nas costas da estátua. Ele não foi criado para que de maneira precisa, uma falha no bloco de mármore, mas isso é história para outro dia. O que te convido a refletir é que mesmo a obra de arte mais impressionante, quando observada do lugar errado, pode parecer um erro.

E nós, que não somos de mármore, temos o privilégio de aprender a olhar — e a nos reposicionar.

Pense nisso!


Gostou do artigo?

Quer entender melhor como nossos comportamentos podem se tornar inadequados quando deslocados de seu contexto original — assim como as proporções da estátua de David parecem um erro quando vistas de perto? Então, entre em contato comigo! Será um prazer conversar sobre isso.

Até a próxima!

Edson Carli
https://inteligenciacomportamental.com

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Palavras-chave: comportamento e contexto, inteligência comportamental, escultura de David, Michelangelo, erro de Michelangelo, reposicionamento comportamental, ajuste comportamental ao ambiente, comportamentos inadequados em novos ambientes, adaptação de atitudes
Edson Carli Author
Edson Carli é especialista em comportamento humano, com extensa formação em diferentes áreas que abrangem ciências econômicas, marketing, finanças internacionais, antropologia e teologia. Com mais de quarenta anos de vida profissional, atuou como diretor executivo em grandes empresas do Brasil e do mundo, como IBM, KPMG e Grupo Cemex. Desde 2003 está à frente do Grupo Domo Participações onde comanda diferentes negócios nas áreas de consultoria, mídia e educação. Edson ainda atua como conselheiro na gestão de capital humano para diferentes fundos de investimentos em suas investidas. Autor de sete livros, sendo dois deles best sellers internacionais: “Autogestão de Carreira – Você no comando da sua vida”, “Coaching de Carreira – Criando o melhor profissional que se pode ser”, “CARMA – Career And Relationship Management”, “Nut’s Camp – Profissão, caminhos e outras escolhas”, “Inteligência comportamental – A nova fronteira da inteligência emocional”, “Gestão de mudanças aplicada a projetos” (principal literatura sobre o tema nos MBAs do Brasil) e “Shé-Su – Para não esquecer”. Atual CEO da Academia Brasileira de Inteligência comportamental e membro do conselho de administração do Grupo DOMOPAR. No mundo acadêmico coordenou programas de pós-graduação na Universidade Mackenzie, desenvolveu metodologias de behaviorismo junto ao MIT e atuou como professor convidado nas pós-graduações da PUC-RS, FGV, Descomplica e SENAC. Atual patrono do programa de desenvolvimento de carreiras da UNG.
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