O Mundo da Comunicação Justificante
Olá, estava refletindo sobre algumas experiências da minha vida, lembrando dos muitos aprendizados que tive. Aliás, estamos em eterna aprendizagem…
Mas eu lembro que sempre fui uma pessoa proativa, aquilo que eu propunha a fazer ou realizar, aquilo eu fazia. Um deles é assumir os meus compromissos, de realmente comparecer aos eventos programados no dia e hora marcados.
Isso me remeteu aos meus primeiros anos em Florianópolis, quando cheguei aqui após meu divórcio lá pelos idos de 1984; vim para recomeçar a vida. Na época havia decidido “viver de cursos de desenvolvimento pessoal”. Eu já tinha certificação e qualificação em ISOR® numa das suas primeiras versões, dada pelo meu mestre Odival Serrano (in memoriam).
Eu mesmo me esforçava para montar os grupos, bem como ministrava as aulas e vivências aos finais de semana, geralmente em alguma casa de praia de algum dos membros dos grupos. Módulo 1, módulo 2, etc. até o módulo 5! Em média um módulo por mês para cada grupo e assim atendia os vários grupos. Isso foi os primórdios de minha carreira de mentor, professor, palestrante…. Vivi um tempo em república, alugava um telefone e fazia contatos telefônicos e pessoais, o dia todo. Não havia as facilidades da Internet de hoje em dia…
Muitas vezes, era um esforço hercúleo convidar as pessoas a participarem, aprendi que de 10 contatos eu poderia fechar apenas uma inscrição. Ou seja, para montar um grupo de 10 pessoas eu deveria contatar aproximadamente com 100 pessoas ou mais!
Bom, foi aí que eu aprendi o quanto o ser humano mente, procrastina, faz corpo mole, engana… Ou seja, assume uma postura péssima perante si mesmo e perante outros.
Cansei de receber promessas sérias e fortes que, por exemplo, uma determinada pessoa iria participar do evento. Com toda a certeza ela iria e que pagaria a inscrição no dia… Ledo engano, salvo raras exceções! Se eu contatasse com a pessoa depois do curso, eu recebia as mais diversas e esfarrapadas justificativas. Que esquecera que era padrinho de um batizado ou casamento, que receberia visita, que teve que cuidar de alguém, que o carro quebrou, que estava com dor de cabeça. Enfim, nem vou continuar, pois ficaria uma enorme lista com mais de 90% de justificativas mentirosas.
Uma vez, lembro, fiz essa lista de justificativas, ficou extensa mesmo! Assim, fui ficando “especialista em justificativas”… Então optei por uma outra forma, comecei a cobrar antecipadamente ao menos uma parcela do curso! Bom, então outra decepção o “tiro saiu pela culatra”, pois passei a receber novamente milhares de justificativas antecipadamente!
Claro, uma pessoa tem o livre arbítrio de decidir de ir ou não, mas não era o que acontecia. Quase todas se justificavam…e foi aí que eu percebi que a comunicação justificante não é uma Comunicação Real, clara, objetiva. Comunicação justificante é uma enrolação. É uma tentativa consciente ou não de enganar, de se omitir… Enfim era algo realmente difícil para mim, pois eu sabia do valor dos conteúdos de melhorias profundas de vida que eu oferecia. Mas não adiantava mostrar ou argumentar, as respostas eram geralmente evasivas e dissimulações!
Uma das piores justificativas é o tal do *“se”*…
Ah se chover, ah se tiver sol não poderei ir. Ah se isso, ah se aquilo, etc. Se a reunião fosse outra hora aí eu poderia participar porque é muito tarde, se fosse mais cedo, se fosse em outro dia… etc… etc… Isso obviamente está associado ao *“quando”*, tipo quando for verão ou inverno, quando mudar o governo ou o prefeito, quando meus filhos crescerem, quando houver… Quando mudar a chefia, quando isso e quando aquilo… blá, blá, blá!!!
A questão então é cultivar, treinar e utilizar a comunicação real, clara, explícita. Mas muito mais do que isso, trata-se de saber decidir e priorizar as atividades. Organizar-se para cumprir os compromissos assumidos. Sermos proativos e honestos conosco mesmos e com os demais. Devemos dar uma basta à procrastinação, ao “nhé-nhe-nhé” ao “blá, blá, blá”. Estas eternas, criativas ou repetitivas justificativas que geram desordem nas nossas vidas…
Foquei neste relato um tanto na “comunicação desfocada e justificante”, bastante recorrente e inconsciente, que não permite assumirmos a nossa vida nas nossas mãos, de sermos proativos e participativos em reuniões ou grupos. Lógico, há outras comunicações desfocadas como a de guerra, de ataque-defesa, verbosidade, mutismo, impositiva, projetiva, livre associação, vitimizante, reclamações, banalizante, desmerecedora, indutiva, evasiva, fofocas, mentiras, difamação, de “bulling” e tantas outras formas de comunicação cheias de negatividades. Mas claro, vamos cultivar a comunicação real, a explicitação, a negociação que são, de fato, comunicações focadas. Vamos evitar as comunicações desfocadas.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre como cultivar a comunicação real, a explicitação, a negociação? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Marcos Wunderlich
https://holos.org.br
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