fbpx

O Papel da Liderança na Mediação de Conflitos

Se você é líder, esteja atento aos seus liderados, crie espaços de confiança e diálogo franco, onde não haja medo de conversar. Você tem um papel muito importante na mediação e até mesmo na resolução de conflitos.

O Papel da Liderança na Mediação e Resolução de Conflitos

O Papel da Liderança na Mediação e Resolução de Conflitos

Olá, caros leitores e caras leitoras! Que alegria compartilhar com cada um, cada uma de vocês este espaço de reflexão e, espero, de contribuição.

Este mês resolvi contar uma história pessoal para você, de uma experiência que hoje posso avaliar de um outro ponto de vista. E cuja lição que apreendi pode ser útil para todos, especialmente para as lideranças. Deixo claro que cuidarei para que lugares e pessoas não sejam identificados no meu texto, pois o intuito é de aprendizagem a partir dessa vivência.

Eu trabalhava há mais de sete anos numa instituição e exercia um cargo de grande responsabilidade cujas duas lideranças anteriores haviam me designado. Quando o terceiro líder chegou eu continuei no cargo, no entanto percebia que se instalava uma disputa por poder e confiança das pessoas naquele espaço.

Naquela época eu não tinha os recursos de mediação e negociação que tenho hoje, então fui me submetendo à diversas situações que hoje posso nomear como moralmente abusivas.

Não bastasse essa questão com a nova liderança surge uma nova pessoa nesse contexto que começa a disputar diretamente comigo, inclusive me ameaçando, visando ocupar meu cargo.

Todas as pessoas daquele contexto viam o que estava acontecendo, eu me sentindo ameaçada diante de tantos desafios e meu líder, em momento algum, me chamou para conversar sobre essas situações.

Aquela pessoa que queria meu cargo acabou, por motivos externos àquele contexto, deixando a instituição. Senti um alívio porque já não tinha mais aquele confronto direto, mas ainda assim a situação com a liderança, que permitia que esse confronto existisse, continuava. E assim foi até que o final do ano chegasse.

No final do ano, meu líder pediu a minha demissão. Contudo, a gestora da instituição, estranhando aquele pedido, me chamou para uma conversa.

Ela foi franca comigo dizendo que gostava do meu trabalho e me perguntou o que estava acontecendo. Eu contei tudo que havia se passado naquele ano, todas as situações abusivas, os confrontos, a desigualdade de tratamento.

Ela então me propôs que trabalhasse diretamente com ela em outros projetos e me deslocou daquela liderança.

Quantas lições vejo em todos esses acontecimentos! Vejo a importância e o papel da liderança no sentido de potencializar, na mediação e até mesmo na resolução de conflitos.

Um líder precisa ter uma comunicação clara, saber o que está acontecendo com os seus liderados. E não espere que um liderado venha lhe contar, pois existe o medo nesses momentos de conflitos.

É preciso olhar atento. Ter presença, clareza, transparência. Espaços seguros (emocionalmente falando) para conversas. Dar voz e escutar, sem julgamentos, para entender mesmo todos os pontos de vista possíveis.

Esse meu líder demonstrou despreparo para lidar com uma situação conflituosa e acabou por fomentá-lo. Uma vez que ele mesmo se sentia inseguro por chegar num espaço com pessoas que o antecederam, ao não se permitir mostrar essa vulnerabilidade, enclausurou-se no seu universo pessoal e não foi capaz de criar uma equipe. Pelo contrário, criou-se um clima de disputa por poder a ponto de uma terceira pessoa querer entrar nesse confronto também.

Por sua vez a gestora da instituição fez o que um líder deve fazer nessas situações. Construiu um espaço dialógico, aberto, franco, onde foi possível a expressão autêntica, escutou e pensou qual seria a melhor maneira de lidar com aquela situação.

A sua tomada de decisão levou em conta o que havia escutado e descoberto, ou seja, foi uma decisão colaborativa. Ela não chegou com a solução pronta, ela primeiro ouvir e depois pensou, levando também em consideração meu interesse. Ela tinha interesse em me manter na instituição, bem como de manter meu líder.

Depois de me ouvir, percebeu que não seria possível manter ambos no mesmo espaço. E então fez uma proposta com uma solução criativa, que atendia a todos os interessados naquela situação.

Se você é líder, esteja atento aos seus liderados, crie espaços de confiança e diálogo franco, não tenha medo de conversar. É claro que existem muitas formas de se conversar. Eu proponho que você se prepare para ter, de fato, conversas a partir de uma comunicação assertiva, empática e não-violenta.

Quanto mais preparado para essas conversas você estiver melhor será o seu desempenho ao cuidar da produtividade e bem-estar emocional do seu time.

Lembre-se que a solução ganha-ganha (já falei sobre isso em texto anterior aqui) vem do processo de escuta, expressão e reflexão. É construída em conjunto a partir da integração dos interesses de todos.

Ao olhar para essa experiência tantos anos depois, então vejo o propósito do meu trabalho com equipes. Já ouvi que são as nossas dores que vão conduzindo o que de melhor podemos oferecer ao mundo.

Eu desejo inspirar lideranças para que sejam colaborativas e dialógicas. Que as pessoas se sintam seguras emocionalmente nos seus ambientes de trabalho. E que todos possam produzir a partir do bem-estar (e não do medo).

E aqui fico inspirada para a nossa próxima coluna, como é pensar a produtividade a partir do bem-estar dos colaboradores?

Quem quiser me escrever sobre o que leu da minha história ou responder a essa pergunta que fica para o próximo mês, então entre em contato comigo pelo email ou redes sociais.

Gostou do artigo? Quer saber mais sobre o papel da liderança na mediação e resolução de conflitos? Então, entre em contato. Terei o mais prazer de responder.

Um abraço,

Juliana Polloni
https://www.linkedin.com/in/juliana-polloni

Confira também: Qual a Importância das Emoções numa Negociação?

 

Juliana Polloni é mediadora de conflitos em organizações e famílias, com experiência de mais de 15 anos de atuação. É facilitadora de conversações colaborativo-dialógicas com Certificado Internacional de Práticas Colaborativo-Dialógicas pelo Houston Galveston Institute, Taos Institute e Interfaci e especialista em Comunicação Não-Violenta. Advogada, Mestre e Doutora, coautora de livros, treinadora e palestrante com foco em comunicação, relações interpessoais e gestão de conflitos. Por meio da Plural Desenvolvimento Humano tem aperfeiçoado equipes de trabalho para uma melhor convivência e maior bem-estar relacional e emocional dentro das organizações.
follow me
Neste artigo


Participe da Conversa