O pedido do Outubro Rosa foi contracultura e a favor da essência humana
Dar cor ao mês para chamar a atenção de todos para a saúde da mulher é coisa recente. No Brasil desde 2002 nosso outubro ficou rosa. Mas, como muitos de nós já sabemos, o movimento para facilitar a relação da mulher consigo mesma, facilitar o autoconhecimento e o autocuidado, é algo que existe há mais tempo. Com muitas conquistas e, ainda, com bastante coisa para alcançar.
Nesse mês que passou estivemos em muitos lugares falando sobre a saúde integral da mulher, respondendo perguntas sobre o bem-estar psicoemocional e físico. Em parceria conosco, uma médica querida e humanizada, Dra. Ana Paula Portela.
Encontramos uma juventude sem medo de falar de câncer, vivendo seus 20 anos com muita informação, desde a escola. Gerações anteriores a essa, sendo estimuladas a encontrar esse caminho de conhecimento de fato.
Mas, algo nos pega. Ainda que muitos de nós tenhamos acesso à informação, há barreiras para ultrapassar e, então, colocar em prática tudo o que se aprende.
Por exemplo: para prevenção do câncer de colo de útero a vacinação para o vírus HPV é o principal cuidado. Além do sexo seguro e outros. Na rede pública a vacina está disponível para uma certa faixa etária (meninas de 9 a 14 e meninos de 11 a 14 anos). No particular tem um valor significativo (talvez mais de duas centenas de reais).
Então a mulher, cuja família não a levou quando criança ou adolescente, consegue esse valor para outras coisas, mas não investe na sua saúde. Por quê?
A resposta é que ir até lá é dizer que você vai iniciar ou já iniciou sua vida sexual é constrangedor. E, desse modo, muitas outras questões podem vir à tona. Não julguemos, o convite é que sejamos empáticos e, desse modo, possamos ter espaço para a mudança.
Sabe-se que é importante aproximar-se de si mesma, conhecer seu corpo e sua psique. Hoje, por exemplo, além do autoexame, sabe-se que a mulher que é capaz de notar uma “escamação” da pele do seio no dia em que ela surge é a que se aproxima mais da chance de manter-se saudável. Em outras palavras, a nossa saúde depende desse relacionamento próximo e íntimo – da gente com a gente mesmo.
Para que nos relacionemos intimamente conosco é preciso encontrar o equilíbrio entre a nossa autonomia e a nossa necessidade de pertencimento ao meio, um lugar que ainda traz resquícios de uma sociedade patriarcal e a influência de uma cultura cheia de padrões.
Muitas de nós não nos olhamos no espelho com frequência e atenção suficiente para sabermos como somos em detalhe. Temos vergonha do nosso corpo, nos sentimos acima do peso, flácidos, velhos – em relação ao padrão.
Temos dificuldade de reconhecer sentimentos e não exercitamos a convivência com os desconfortos que a vida nos apresenta. Buscamos a alta performance e a felicidade sem dar valor aos sentimentos como a tristeza – queremos nos livrar dela logo!
“A vida é tão corrida que não dá tempo”.
Isso é o que muitos contam nas interações que tivemos nesse último mês e em outros.
O movimento que sugerimos é que possamos nos relacionar com o nosso eu. E então encontrar respostas do que é importante pra gente – dentro de nós, e não fora. Um estado de consciência sobre o próprio feminino, que independe de classe social, cor da pele, tipos de personalidade, crenças ou experiências vividas.
Descobrir o que é ser mulher para cada uma de nós, sermos espaço para as outras mulheres, num estado de sororidade, onde uma fortalece a outra e não julga. Num jeito de estar, independentemente de gênero, inclusive, que seja cada vez mais empático e acolhedor – assim meio contracultura e a favor da essência humana.
OLHAR PRA SI, CUIDAR DE SI. DAR ESPAÇO PARA A VIDA ACONTECER.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre o movimento a favor da essência humana? Então entre em contato com a gente. Teremos o maior prazer em responder.
Anne Bertoli e Brunna Martinato
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