Querido leitor,
Meu nome é Sharon Feder, sou psicóloga formada pela Brown University nos EUA e Coach de Saúde e Bem-Estar com Certificação Internacional pela Wellcoaches (EUA). Atualmente, sou Sócia Diretora na Carevolution Consultoria em Saúde e Bem-Estar, desenvolvendo programas de qualidade de vida e capacitações de profissionais baseados nas ferramentas e conceitos do “Health and Wellness Coaching,” Coaching de Saúde e Bem-Estar.
Estarei dividindo esta coluna com minha colega de trabalho e amiga, Daniela Levy, também psicóloga, Coach de Saúde e Bem-estar (Wellcoaches/ACSM) na Carevolution e fundadora da APPAL (Associação de Psicologia Positiva da América Latina). Juntas, esperamos através da nossa coluna promover reflexões, ampliar a consciência e inspirar transformações referentes a temas relacionados à mudança de comportamento e qualidade de vida. Desejamos estabelecer um vínculo positivo com você leitor, estimulando conversas construtivas para juntos contemplarmos o que é essencial para o nosso bem-estar e para nossa saúde, seguindo na direção do encontro do nosso “melhor eu” e que possamos desafiar nossos limites para iniciar as mudanças em nós mesmos, nas instituições, comunidades e nos ambientes em que vivemos.
Boa leitura!
O Poder da Mudança
A mudança é a natureza da nossa existência — quer gostemos dela ou não. É a energia que nos permite criar uma vida nova a qualquer momento, abraçar oportunidades e para (re)criarmos em nós mesmos, como pessoas mais felizes, saudáveis e engajadas. Mesmo assim, existe uma resistência do ser humano para a mudança, principalmente quando falamos em mudança de hábitos relacionados à nossa saúde e bem-estar.
Ao longo da vida, desenvolvemos hábitos, que às vezes são prejudiciais para a nossa saúde, e então sabemos que precisamos mudar; afinal temos como um dos principais propósitos o cuidado com a nossa própria saúde, pois queremos vivenciar os melhores momentos como o nascimento de um filho e ter forças para lidar com as vicissitudes da vida como a doença de um ente querido.
Porém, muitas vezes a mudança aparenta impossível. Nos deparamos com diversos obstáculos, a necessidade de sacrificar determinados prazeres e não temos a confiança de que conseguimos realizar a mudança. Desta forma, mesmo sabendo da necessidade da mudança, muitas vezes optamos por não realizá-la. Conforme estudos demonstram, decisões pessoais é a principal causa de morte. Das 2.4 milhões de mortes ocorridas nos EUA em 2000, mais de um milhão de mortes poderiam ter sido evitadas se tivessem sido tomadas atitudes diferentes das que foram realizadas tais como parar de fumar, diminuir a ingestão de alimentos gordurosos e praticar atividade física (Personal decisions are the leading cause of death, autor Ralph L. Keeney, Vol. 56, No.6, Novembro-Dezembro 2008).
E então, surge a dúvida essencial: mesmo tendo acesso à informação e sabendo que a mudança é importante, por que nós simplesmente não tomamos as decisões “corretas” e adotamos uma rotina saudável? Por que a mudança de comportamento não é simples, é um processo complexo que exige a compreensão do momento em que estamos e nosso nível de motivação perante aquela mudança. Este conceito é conhecido como “estágio de prontidão para mudança” e foi desenvolvido pelos psicólogos americanos, James Prochaska e Carlos Di Clemente (PROCHASKA et al, 1992) como componente central do Modelo Transteórico de Mudança Comportamental (MTT) e uma das bases teóricas do Health and Wellness Coaching.
O Modelo Transteórico de Mudança Comportamental é um modelo abrangente o qual integra ideias de diferentes teorias e abordagens de mudança (por isso o nome “Transteórico”) para explicar e predizer como e quando os indivíduos cessam comportamentos de alto risco ou adotam comportamentos saudáveis. Pesquisas sobre o MTT têm mostrado que o processo de mudança envolve a progressão por cinco estágios, progredindo conforme o nível de prontidão e motivação para realizar a mudança: Pré-contemplação (não reconhece a necessidade de mudar), Contemplação (começou a pensar sobre a mudança), Preparação (verbaliza o desejo de mudar e iniciou a elaboração de estratégias), Ação (realizando os primeiros passos em direção à mudança) e Manutenção (já realizou a mudança desejada e conseguiu mantê-la por pelo menos 6 meses). Certos princípios e processos de mudança funcionam melhor em cada estágio para reduzir a resistência, aumentar a motivação, facilitar o progresso, e prevenir recaídas.
Sendo assim, quando falamos em mudança, precisamos considerar a importância da individualização do processo. Precisamos primeiro identificar mudanças que sejam desejadas (e não impostas) e significativas, entendendo sempre que para cada pessoa será diferente. Podemos então começar a traçar um plano de ação atingível e realista, começando com pequenos passos (passos que chamamos no processo de Coaching de metas SMART). Ao longo deste processo, analisaremos fatores que influenciam nossas decisões tais como nossos valores, prioridades, crenças e motivadores. Avaliaremos também o ambiente e a nossa rede de apoio: quem pode me ajudar? Quais são as barreiras que estão dificultando minha mudança? E os facilitadores (aspectos que facilitam a mudança)?
O Coach deve atuar como parceiro nesta jornada de transformação – instigando o autoconhecimento, focando nas conquistas e sucessos, apoiando em momentos de relapsos e utilizando as ferramentas adequadas para cada momento. No final, porém, desejamos que fique claro que o grande motor da mudança está dentro de cada um. Se eu acreditar na minha capacidade de mudança e me valorizar por isso, vou correr atrás dos meus sonhos, pois sei que consigo alcançá-los! O poder da mudança esta dentro de você.
“Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.” – Clarice Lispector
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