Dias atrás, o Brasil acordou com uma operação policial e investigativa sob o nome de “Alétheia”, o que muitos jornalistas traduziram do grego como “a busca da verdade”. A tradução pura e simples da palavra significa “verdade”, mas a sua aplicação já foi melhor estudada e, como conclusão, tem-se que ela significa, simultaneamente, “verdade e realidade” (é o contexto em que nada fica escondido, tudo fica evidenciado e transparente). Pois bem, política à parte, lembrei-me de um texto antigo, o qual quero comentar com os leitores deste espaço.
O livro foi publicado em 1902 (repito, pois não é erro de digitação: 1902), por Willian George Gordon e, depois, revisado e republicado em 2012, por Rodney Mann. O título sugestivo é “O poder da Verdade”, e o texto já começa desafiador, logo no primeiro capítulo. Segundo o autor, a verdade é o alicerce de cada grande personagem do mundo cotidiano, ao estar convivendo em harmonia com os seus ideais e princípios mais profundos. A verdade é a bússola da alma, a guardiã da consciência, a revelação do ideal e a inspiração para tê-lo como impulso constante no dia-a-dia.
Por outro lado, a mentira é um dos vícios mais antigos do mundo, tendo estreado em nossas vidas em famosa conversa protagonizada por Adão e Eva. A verdade pode estar sozinha, e por isso não precisa de acompanhante. Mentiras são covardes, que precisam se deslocar de um lado a outro, como um monte de homens bêbados que se apoiam entre si. A mentira é parceira e cúmplice de todos os outros vícios humanos, gerando degeneração moral na vida da pessoa mentirosa.
Quando uma pessoa descobre que, com a verdade, ela tem a chave para a compreensão de muitos fenômenos do mundo, ela também cresce espiritualmente. Para o ser humano não existe a verdade teórica, pois o sentido da verdade obriga que seja absorvida pela mente e se torne parte inseparável da vida cotidiana, que seja uma “verdade real”. Se sabemos a verdade e não a vivemos no cotidiano real, nossa vida, conscientemente, será uma grande mentira.
Está nas mínimas coisas que nos cercam, e acompanham no cotidiano, a necessidade de nos ligarmos com a verdade e a realidade. Isso não é como vestir uma roupa que nos agrada a cada momento, ou para alguma situação especial, mas deve ser algo durável para sempre. A pessoa que se esquece de suas promessas é falsa e, como raramente esquecemos as promessas que nos são feitas, devemos respeitar o mesmo princípio com os outros. O ser humano diferenciado cultiva sua verdade e a sua palavra dada, assumindo-as como algo sagrado e até impossível de negar.
Com a verdade ao seu lado, uma pessoa pode enfrentar sem medo as calúnias, abusos e provocações. Pode estar sempre de cabeça erguida e até desafiadora, mirando os adversários com firmeza nos olhos. A pessoa consegue vivenciar uma onda expansiva da sua saúde moral até que, ao final, poderá vibrar com a consciência do seu parentesco com o Universo, fazendo sumir tristezas e sofrimentos da vida como se fossem apenas temporárias visões e inofensivos pesadelos.
Pois bem, depois de transitar pelo primeiro capítulo do livro, pode-se perceber que há mais de 100 anos alguém já escrevia sobre “Alétheia”, motivando que se tenha a verdade associada à nossa realidade de vida como um bem maior, um presente Divino, pelo qual vale a pena lutar. O meu desejo, ao resgatar essas informações e postulações, está em que cada Coach assuma contribuir para que seus clientes não se vinculem a falsos paradigmas e metas distorcidas por meia-verdades.
O que se buscou estimular neste artigo é que o Coach responsável, efetivamente, leve seu cliente a refletir e tomar consciência sobre o conflito potencial de desejos e sonhos com ideais e princípios. Alcançar metas é fundamental, mas não deve se sobrepor ao que o cliente tem como sua “Alétheia”.
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