O presente de Estar Presente!
Certa vez, já há muitos anos, li um livro simples, com várias figuras, poucas páginas, mas me fascinou. O nome do livro é O presente Precioso de Spencer Johnson. Escreve, o autor sobre um presente esperado e tão valorizado, cria uma expectativa sobre o que será esse presente? Quanto ele vale? Por que é tão precioso? Do que será feito? Sua utilidade?
E no desfecho do que, de fato é esse presente, mais valioso de todos, tão importante e vale mais do que qualquer outro, é o momento presente, a dádiva divina que passamos a ter ao tomar consciência da importância de estarmos vivos exatamente nesse exato e preciso instante. Esse é o presente precioso.
Há muitos estudos que abordam a importância da percepção da consciência do momento presente, o único tempo importante da nossa vida, pois é justamente nele que estamos vivos. Não vivemos no passado, que já foi, nem no futuro que está por vir.
A nossa vida acontece no agora, nesse exato instante em que você está lendo esse artigo. Já se deu conta disso?
A vida é feita de inúmeros “agoras”, como se ao estalar os dedos, provocando o característico som dos dedos estalados, pudéssemos perceber que naquele exato instante podemos ter consciência da nossa existência. Só que milésimos de segundos desse momento, já virou passado, daí podemos concluir que a vida é uma série ininterrupta de momentos presentes ou de “agoras”.
Considerando a importância dessa percepção do momento presente, desse estado de presença tão propalado em cursos, palestras, estudos, teorias e explicações, quero te propor uma reflexão de sobre como você lida com esses momentos, a sua importância e o reflexo que isso pode, de fato, trazer para a sua qualidade de vida.
Em primeiro lugar, se observarmos bem, percebemos que normalmente não estamos focados com a atenção no exato momento presente, no qual a vida ocorre. Estudos de uma escola de Gurdjieff, fundador de uma escola que visa despertar seus alunos para uma nova perspectiva de si mesmo e da realidade. A ideia é que o ser humano vive em um nível de consciência muito abaixo de sua capacidade potencial, o que ele denomina de “estar adormecido” e por isso não vive plenamente sua vida e isso se consegue quando integra as três dimensões fundamentais do ser humano que são o pensamento, a emoção e o corpo.
Estar nesse estado de presença, ou de viver plenamente o presente, tem como objetivo tirar as pessoas desse estado de devaneios e fantasias, como se fosse um sono acordado e de uma vida mecânica para um novo padrão de percepção, libertando-se dos condicionamentos, para um nível mais acurado de observação de si mesmo, em outra palavras, viver o momento presente com plena consciência.
Quando se está atento aos pensamentos, às emoções e ao corpo, simultaneamente, como se eu me observasse dissociado de mim mesmo, afasto meus julgamentos, passo a ter uma melhor noção das afetações emocionais ou do meu corpo e, principalmente do meus pensamentos e ao reconhecer que posso tomar decisões em um outro nível de consciência, passo a decidir e fazer escolhas mais alinhadas com o que é, de fato, importante para mim e para minha vida. Posso dizer, uma postura real, sem interferências da mecanicidade que normalmente nos envolve.
Estar em estado de presença não é apenas um processo teórico e algo que ocorre como uma inspiração ou confluência de circunstâncias inspiradoras por estarmos em um estado de graça ou de meditação. Pode acontecer, é claro, mas esse estado pode ser provocado e programado para acontecer. Quanto mais se pratica, como tudo na vida, mais os resultados aparecem. Algumas formas para se conseguir esse estado de consciência:
1. Meditação
Hoje mais traduzida como mindfulness. Estudos mostram que a nossa mente está dispersa praticamente 47% do tempo e uma das formas de reverter esse processo é exercida a atenção plena, ou seja, a prática de se estar no momento presente de maneira mais consciente possível, ou seja, focar a atenção em cada movimento, situação e respiração e para isso se faz necessário deixar de lado as distrações, pensamentos externos e sentimentos para se focar no momento presente.
Mindfulness, também é conhecido como a psicologia da atenção plena. Seus benefícios mais conhecidos, a saber:
- Desenvolvimento da empatia e inteligência emocional;
- Autoconhecimento;
- Capacidade de concentração;
- Controle do stress e da ansiedade;
- Redução de insônia;
- Melhora nos relacionamentos;
- Ampliação da capacidade de memória;
- Estimula a criatividade;
- Apoio a tratamentos de síndrome de Burnout e depressão.
Sua prática é relativamente simples e sugere, como em todas as práticas de meditação, que inicie prestando a atenção na sua respiração, estando em um momento tranquilo, sem incômodos externos, de preferência, observando seu corpo, conduzindo o pensamento para cada uma de suas partes, procurando relaxá-las, deixando os pensamentos que porventura surgirem entrarem e saírem da sua mente, sem se apegar a eles. Quanto mais praticar, mais facilmente então encontrará esse estado profundo de observação e atenção a si mesmo e obtendo, naturalmente, os benefícios que esse método propõe.
2. Escuta ativa
Também conhecida como escuta empática, pressupõe algumas atitudes em um contato com outra pessoa, geradora de um melhor entendimento e conexão. Sua prática também necessita de um esforço e pode ser conseguida por meio de algumas ações:
- Julgamento adiado, ou seja, aceitação e respeito à diversidade e, de verdade, ao que o outro está realmente dizendo;
- Observar todo o conjunto de sinais e expressões que estão ocorrendo simultaneamente, por exemplo, expressão facial, postura, olhar, palavras e frases;
- Perguntar se não entendeu algo, pedir para repetir ou conformar o que foi dito;
- Conectar-se com a linguagem emocional que está sendo transmitida, além do conteúdo intelectual.
3. Formas de atenção
Praticar as formas de atenção, mais e mais nos conecta com esse processo mais profundo de conexão e percepção do estado de presença. Mesclam-se, mas são tradicionalmente conhecidas em cinco tipos fundamentais de Atenção, a saber:
- Sensorial – vinculada aos órgãos dos sentidos (visão, tato, audição, odor, paladar);
- Emocional – hoje mais difundida por meio da inteligência emocional, que tem a ver como lidamos com nossas emoções, e respectivas respostas conforme os estímulos recebidos;
- Intelectual – vinculada aos nossos conteúdos intelectuais, memorias e os elementos racionais e imaginativos que fazem parte da nossa estrutura intelectual comum;
- Proprioceptiva – relacionada aos estados orgânicos e reflete a forma de funcionamento do nosso sistema nervoso central. Quando temos problemas orgânicos podem ter origem em algo físico ou estímulo emocional, tais como aborrecimentos, depressões, que são somatizações de problemas psicológicos que interferem no nosso corpo.
- Sobre os conteúdos da Consciência – envolvendo os pensamentos, a percepção do nosso adormecimento, estado lúcido e estado de mente sábia. O grande objetivo é a forma de consciência plena, chamada recordação de si, ou consciência plena.
O presente de estar presente, não é um presente que damos a outras pessoas, mas nos damos a nós mesmos, pois aí reside e essência do viver plenamente a nossa vida.
A plena sabedoria, os insighs mais significativos, as boas ideias, as soluções dos nossos problemas são normalmente encontradas nesses momentos de lucidez, permitindo-nos acessar as esferas mais sutis dessa consciência cósmica, disponível a todos nós, mas acessível para quem tem essa percepção e deseja ter relacionamentos leais, conseguir maior eficiência e eficácia nos trabalhos e ações empreendidas no dia a dia, além de vivermos plenamente cada um desses instantes, desfrutando o que de melhor há na nossa vida.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre o presente de estar presente? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Reinaldo Passadori
https://www.passadori.com.br/
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