Para começar nossa conversa mensal, queria contar como descobri, na prática, o valor dessa frase de Abraham Maslow, e como ela influenciou a minha escolha para trabalhar com a qualidade de vida.
Adoro uma boa prosa, o que me ajudou na escolha pela carreira de psicóloga. Comecei minha vida profissional na área clínica, mas rapidamente entendi que aquilo não funcionava para mim, e assim migrei para a área organizacional.
Cheguei no mundo corporativo ainda nos anos 80, quando as empresas estavam sob forte influência da melhoria dos processos produtivos, inspiradas na gestão de programas de Qualidade Total.
O grande desafio era orientar e criar consciência da qualidade em todos os processos organizacionais. Para isso, mais do que mudar os processos, era preciso mudar as pessoas. E, mudar pessoas, sabemos, não é tarefa fácil. Para mover esse desafio contávamos com uma grande equipe multiprofissional liderada por um homem visionário e sábio que rapidamente aprendi a admirar. Dizia ele que, para alcançarmos uma cultura da qualidade, era preciso começar com algo que as pessoas pudessem de fato experimentar, alguma vivência que mudasse sua percepção para o conceito da qualidade.
Naquele contexto, escolhemos algo que fosse essencial, que atingisse a todos, e que pudesse facilmente ser percebido como melhoria. Começamos realizando um projeto de revitalização, tanto na estrutura quanto no atendimento, de um espaço onde todos frequentavam diariamente: o restaurante.
Enfim, lá estavam todos os ingredientes que acreditávamos serem relevantes para ativar a percepção de uma cultura da qualidade, e que nos traria a base dos diálogos para as transformações que precisávamos desenvolver nos treinamentos, atendendo os objetivos do programa de qualidade total.
Nem preciso dizer que essa experiência foi realmente transformadora, pois as pessoas perceberam e fizeram a qualidade acontecer. Em pouco tempo foram sentidos os impactos positivos nos processos produtivos, trazendo vantagens competitivas e econômicas para a empresa.
Mas tenho certeza de que transformamos, além do restaurante e dos resultados para a empresa, muitas pessoas e vidas com um projeto tão ousado para aquele momento histórico.
Essa vivência direcionou a minha jornada para a qualidade de vida. De lá para cá muitas outras histórias transformadoras aconteceram. Mas dessa trago comigo três grandes aprendizados sobre qualidade total, que me orientam para a qualidade de vida, e que compartilho com vocês:
- Qualidade é um conceito subjetivo. Por isso, para adotar uma “filosofia de qualidade de vida” é preciso revisar as percepções, expectativas e necessidades – pensando em todos os detalhes e ações – tanto internas como externas;
- A qualidade de vida não é um resultado, é um processo contínuo e permanente, que deve ser sempre monitorado para sua melhoria e aperfeiçoamento;
- Devemos estabelecer um programa contínuo de aprendizagem e autoconhecimento, para, assim, elevar a qualidade de nossas percepções e dar novos saltos de qualidade para a vida.
Um grande abraço e até a próxima rodada de prosa!
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