O que te impede de ser feliz?
Já parou para pensar o que te motiva, te impulsiona e o que te desanima, te atrapalha e te impede de ser feliz?
Há uma tendência natural de autossabotagem no que diz respeito aos planos de felicidade ou ainda, uma espécie de hábito de colocar a culpa e os dissabores sob a responsabilidade do outro.
O caminho mais fácil, mais simples e mais óbvio. Mas não necessariamente o melhor ou de sucesso. Refletir sobre a autorresponsabilidade é um grande desafio. É como tirar a venda dos olhos e dar um passo adiante na evolução, como ser humano, com consciência sobre si e sobre a sociedade em que se vive.
Ao visualizar o seu trajeto de vida, tal qual uma montanha, há que se traçar planos e estratégias, pensar nos desvios do caminho e nas intempéries. Entender que pode-se dar uma volta inútil no mesmo lugar ou pegar um atalho, além de muitas vezes serem necessárias pausas ou retrocessos, passos atrás, para a melhor visão do contexto todo.
O fôlego pode ser curto, ou estar a todo vapor. Pensar em comida e água, autocuidado e também em preservação do que está ao seu redor para não ruir ou causar danos na estrada.
A visão do topo continua linda e almejada.
O que vier externamente será um aprendizado, como vento, chuva, buracos, galhos, árvores, animais e uma série de outros imprevistos, aliás muitas vezes previsíveis. Por mais que nos preparemos, em alguns momentos nos sentiremos despreparados. Por mais que saibamos o que nos compete, ainda assim colocaremos a culpa em outros ou em coisas ou mesmo no tempo ou em uma força maior castigadora e impiedosa.
Esquecer que fizemos escolhas e precisamos lidar com as consequências delas é outro aprendizado.
Por isso, antes mesmo de olhar para a montanha e seu cume, há que se olhar para dentro. Nosso coração inquieto, nossa alma sedenta e nosso corpo vivente, ou sobrevivente, a escolha é nossa. A imagem externa é a mesma, a forma de olhar e encarar depende de cada um. O preparo para esse projeto é nosso.
A chegada ao fim, a satisfação, a superação e a energia da conquista é toda nossa. E ainda, a visão do topo e o desejo de novos projetos ou mesmo a vontade de ficar ali, quieto, observando, admirando e se estabelecendo naquela zona de conforto, também é de cada um. Não se deve comparar. Competir também é particular, mas ainda afirmo, a competição consigo mesmo é a mais árdua de todas.
Afinal, aquela conquista é para si ou para os outros? Há uma necessidade de aprovação ou a satisfação de chegar ao topo é sua e de mais ninguém?
Como disse Clarice Lispector em Perto do Coração Selvagem, “A Vida humana é mais complexa: resume-se na busca do prazer, no seu temor, e sobretudo na insatisfação dos intervalos.” Pois dar-se conta que o tempo passa e nossas responsabilidades aumentam não é fácil, “Crescer dói. Respirou muito devagar e com cuidado. Tornar-se dói.”, disse ainda em A Maçã no Escuro.
Os maiores obstáculos podem não vir do mundo externo e sim de dentro de nós. Para encará-los é preciso coragem, disposição para o autoconhecimento e compreensão de nossas emoções, traumas, necessidades e hábitos.
Como médica, já assisti a vários pacientes em desafios pessoais e externos. A procura pela ajuda da medicina muitas vezes se faz como uma esperança mágica e de uma solução milagrosa que passa por muitos porquês e senões.
Embora boa parte das patologias ainda sejam idiopáticas, ou seja, de causa desconhecida, sabe-se que o nosso corpo é uma máquina em pleno funcionamento que depende da nossa manutenção (como eu citei na minha outra matéria – O corpo).
Sabe-se ainda que muitas condições ditas crônicas, são causadas por nossos próprios hábitos associados à nossa genética que inflamam nossas células, tecido e órgãos e perpetuam um processo de doença que não cessa. E ao revermos tais hábitos e atitudes, notamos acentuada melhora do corpo e mesmo da mente como um todo.
Há ainda o conceito de Inflammaging no qual o envelhecimento inflama e a inflamação envelhece.
Ouço então indiretamente que a paciente quer ser emagrecida e não emagrecer. Quer ser curada e não curar-se, quer ser rejuvenescida e não rejuvenescer, quer ser acalmada e não acalmar-se. E por aí vai…
Partimos então para o tratamento que vem de fora para dentro com medicações que emagrecem, curam, rejuvenescem e acalmam. Como um curativo na ferida que não foi resolvida, apenas tampada para não ser vista. Mas continua lá, inflamada, doendo e muitas vezes sangrando, nos lembrando que deve ser olhada e entendida.
Adélia Prado disse certa vez que o sofrimento humano faz parte do aprendizado e não podemos evitá-lo, mas sim vivido e superado, pois nesse momento há o crescimento, o entendimento e o aprendizado.
Instinto e medo devem ser ouvidos e sentidos na mesma proporção. Nossa essência é única e a sensação de se ver e se colocar em primeiro plano é a maior vitória de todas. Saber quando devemos dizer não e esquecer de esperar aprovações alheia.
O medo direciona e desafia, e traz o entendimento do que não é para nós, não serve, não acrescenta e não aprimora. A intuição faz a distinção entre eles e nos direciona ao nosso bem estar e nossa saúde mental, espiritual e física.
Lembrar de não remoer o passado pois já se foi, e se tornou aprendizado, ao invés de ficar às voltas pensando em culpa ou culpados. Parar de tentar prever o futuro, pois ainda não chegou e pode gerar ansiedade extrema e incontrolável. Planejar sim, remoer ou prever não. O momento presente como a própria palavra diz é uma dádiva. Chegamos até aqui e se prestarmos bastante atenção, aproveitamos cada segundo dos próximos passos.
Como eu sempre digo, autoconhecimento é poder e autoamor é cura. Afinal, ter prazer no autocuidado é o nosso verdadeiro poder.
Que tal escolher hoje tornar-se a versão mais poderosa de você mesmo?
Pense nisso com carinho!
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Prazer, Clarissa!
Clarissa Marini
Ginecologista, Sexóloga & Escritora
CRM 11468-GO
https://www.instagram.com/clamarini/
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