O Quociente Emocional como importante aliado anticrise
Já parou pra pensar no que você sente quando se depara com crises e adversidades?
Vale ressaltar que nenhuma crise e adversidade que tivemos nos últimos 5 anos se compara à dimensão do que estamos vivenciando com a atual pandemia da covid-19.
Dadas às devidas proporções de cada crise, você consegue perceber se essa sensação é boa ou ruim?
Me refiro à sensação “boa” no sentido de gostar e ter facilidade de lidar com desafios e pressão, como por exemplo de bater o pênalti no último minuto do jogo, valendo o campeonato mundial. Ou, por outro lado, “ruim” no sentido de entrar em desespero e não saber como lidar com a pressão e risco de fracasso, reagindo com fuga ou paralisia.
O ponto que quero trazer em foco aqui é o impacto que as crises e adversidades geram em nós. Impactos no sentido de estímulos a reações e condicionamentos que podem predominar para o lado emocional ou para o racional, a depender do histórico de experiências, hábitos e condicionamentos que cada pessoa teve na vida até o momento.
Usando o isolamento social como exemplo, cujo objetivo prioritário é a preservação da saúde e redução da disseminação do contágio do vírus, em termos lógicos e racionais, é simples de executar. Não requer um aprendizado técnico e prático mais complexo para se cumprir o básico, como se fosse aprender a dirigir um caminhão do zero. Basta que as pessoas fiquem em casa e evitem sair sem extrema necessidade.
Contudo, o impacto do isolamento não lida somente com o lado racional e lógico das pessoas, sendo estritamente limitado à compreensão das instruções de isolamento seguindo a lógica.
O impacto em grande maioria se reflete no âmbito emocional e de instintos de sobrevivência. O impacto reflete na restrição de direitos, necessidades e vontades individuais. E é nesse âmbito que entra a importância da compreensão do universo do quociente emocional.
O quociente emocional (ou inteligência emocional) representa a forma como nós humanos compreendemos e nos relacionamos com as emoções, reações e impulsos instintivos. Sejam estas emoções da própria pessoa ou das outras.
A falta ou a presença deste entendimento e compreensão das emoções, impactam no controle ou não controle dos impulsos e reações emocionais. Seja da própria pessoa ou de outras pessoas.
Um bom exemplo são as brigas e discussões de trânsito, que exemplificam no caso dos protagonistas da briga, as suas reações e impulsos emocionais. Em alguns casos, também exemplifica as reações e impulsos das pessoas que tentam apaziguar a briga com seus instintos diferentes e também igualmente emocionais.
O fato é que nós humanos somos seres naturalmente reativos por instintos de sobrevivência constituídos durante a evolução de milhões de anos e gerações passadas. Tudo isso garantiu o propósito maior de sobrevivência e continuidade da espécie. E principalmente contribuiu com a nossa evolução cognitiva em termos de lógica e pensamento racional.
A grosso modo, somos parte bichos e parte computadores, em termos de processamento racional e lógico. Mas somos muito mais hábeis e condicionados, pelos milhões de anos de prática, em seguir mais os nossos instintos, impulsos e reações emocionais do que usar primeiro o lado racional e lógico.
E qual é a relação disto tudo com a crise?
A relação está no tempo da resolução do problema. Principalmente na capacidade de resolver problemas e de gerar soluções.
As crises dos tempos atuais não se limitam a nos cobrar somente os instintos de sobrevivência básica em termos de saúde e sustento básico de alimentação e segurança. Existem outros níveis de necessidades e complexidades como por exemplo pagar aluguel, folha de pagamento, prestações de casa e carro, educação de filhos, etc. Que vão além do básico e ao mesmo tempo passaram a ser “essenciais”. Estes elementos que passaram a ser essenciais, geram uma nova amplitude de elementos e gatilhos que disparam o nosso “modo sobrevivência”. Colocam à prova o nível de capacidade em responder e resolver as adversidades e problemas derivados da crise.
Quanto mais a pessoa entende e compreende este mecanismo de reações e “modo de sobrevivência”, maior é o seu nível de consciência dos gatilhos e armadilhas emocionais de si mesmo ou das outras pessoas. E é aqui que começamos a ilustrar os fatores de consciência e percepção que constituem dois elementos do quociente ou inteligência emocional: a autoconsciência e consciência social.
Com este entendimento amplificado, abre-se a possibilidade de identificar e medir as causas e os gatilhos emocionais. E fundamentalmente para que possamos gerenciar algo, é necessário que possamos enxergar e medir. E consequentemente é aqui que se encaixam dois outros elementos do quociente emocional, que são: o autogerenciamento e habilidades sociais.
Estes dois elementos representam a capacidade de controlar, administrar e canalizar os impulsos e reações emocionais de si mesmo ou da capacidade de influenciar e conduzir os impulsos e reações emocionais de outras pessoas. Sem estes elementos, seria muito mais difícil negociar acordos e estabelecer relacionamentos ganha-ganha.
Por último e potencialmente mais importante de todos, entra o motivo e a razão de fazermos o que precisamos fazer e cumprir nossos papéis e responsabilidades e nossa missão.
Este quinto elemento do quociente emocional representa o nível de clareza da paixão e vontade individual de realizar e de viver. É basicamente a fonte que gera a energia e potência para seguir em frente, superar as adversidades e principalmente de possibilitar o desenvolvimento da disciplina e resiliência. É o combustível para fazermos o que precisamos fazer.
Em tempos de crise, o desgaste é inevitável, e portanto, o combustível e energia derivados da motivação intrínseca são essenciais para a sobrevivência. A exemplo dessa energia de sobrevivência, é o de uma mãe que conseguiu forças para erguer um carro e salvar seu filho em risco. É quando alguém entra em uma casa em chamas para salvar seu ente querido, mesmo sabendo dos riscos a que se expõe.
A combinação destes 5 elementos bem aprimorados e desenvolvidos, facilitam no direcionamento adequado dos nossos esforços e energias rumo aos nossos objetivos. Principalmente para a superação de momentos de crise como este que estamos vivenciando. É um aliado que nos fortalece diante dos desgastes. E que nos ajuda a evitar armadilhas que nos façam como um cachorro correndo atrás do próprio rabo.
Existem algumas opções no mercado de instrumentos de assessments de quociente emocional que mapeiam os elementos que citei neste artigo. Entretanto, a maioria mensura apenas os 4 primeiros elementos citados: autoconhecimento e autogerenciamento; consciência social e habilidades sociais. Cada empresa aplica nomenclaturas para estes elementos que podem variar, mas os seus significados e funções são similares.
O único instrumento de QE que conheço até o momento e que mapeia os 5 elementos de quociente emocional que citei e que toma como base na teoria do Daniel Goleman, é o assessment QE da TTI Success Insights.
Independentemente do instrumento que você optar para utilizar com seus clientes ou consigo mesmo, vale sempre lembrar da função e finalidade para qual será aplicado, a exemplo do que citei superficialmente dentro dos limites do formato deste artigo.
Fica aqui a sugestão para que se aprofundem no conhecimento da teoria e dos instrumentos, pois aqui a intenção foi de ilustrar a importância e pontuar alguns conceitos sobre o tema.
Em suma, na minha humilde conclusão, acredito que somos em grande parte seres emocionais vivendo a mecânica de uma vida robótica. E que nosso aprendizado está na combinação dos elementos emocionais e racionais.
Se você gostou e fez sentido para você, te convido a ler e reler os artigos anteriores (clique aqui e acesse a minha coluna). E, principalmente, ficar atento aos próximos artigos que trarei com mais dicas e conteúdos para turbinarmos e otimizarmos nossos trabalhos de desenvolvimento humano com uso de assessments.
Se você já utiliza assessments ou vai experimentar novas alternativas, avalie sempre a função e o foco de utilidade. Principalmente a sua afinidade em trabalhar com o instrumento. Procure optar pelos instrumentos que te proporcionem maior segurança e confiabilidade. Que tenham histórico de pesquisa, validação e boa atuação na área para lhe oferecer suporte.
Afinal de contas, é o instrumento que deve servir e agregar ao nosso trabalho, e não o contrário.
Bruno Tsai
http://www.btperformance.com.br/
Confira também: Como os assessments podem ajudar na superação da crise?
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