O sentimento de impotência de uma mãe diante da dor de um filho
Estou algumas semanas, refletindo a respeito da dor de uma mãe em ver um filho sofrer. Muitos podem achar e perguntar: Como assim ele já é um adulto e você ainda sofre?
Quero deixar registrado que mãe não é profissão, não tem prazo de validade porque o filho cresceu, não separa aquilo que veio unido por um cordão, que não sofre quando um filho sofre, que não se alegra quando ele conquista algo. O que podemos às vezes observar que algumas mães ainda estão enredadas com suas próprias mães e souberam trabalhar esse espaço da criança que cresceu e acabam por não conseguir ver os filhos.
Mãe quer ver o filho feliz, porque se ele está feliz e pleno, ela também está. Mãe chora, ri e vive com ele em tudo em sua vida, porque nada mais importante que a vida de um filho.
Existem algumas mães da história que venho refletindo e que não consigo me imaginar estar no lugar. Por exemplo, Maria que viu seu filho morrer na cruz e por mais que ela soubesse que era para um bem maior do que ele e ela juntos, o coração e alma dela estavam dilacerados.
No filme a Paixão de Cristo a cena que tenho viva na memória é ela ajoelhada em frente a cruz, pegando um punhado de pedras e fechando suas mãos. Para mim, isso reflete dor, raiva, amor, impotência, angústia, desejar tomar o seu lugar e reviver em suas entranhas todas as emoções vividas como mãe. Com certeza o que ela tinha, maior que tudo, era o Amor. Esse Amor é que a levou a abrir as mãos e soltar as pedras para que a vida corresse seu curso. E que nada é eterno neste mundo físico.
Outra mãe é Joana de Cusa, mulher de um alto funcionário de Herodes. Que após seu marido ter perdido todos os bens e falecido, ela se dedica a cuidar dos seus filhos e de outros. Até que um dia, quando Roma na perseguição ao Cristianismo, ela foi presa juntamente com seus filhos, amarrados a um poste e queimados vivos. O seu filho pede que ela repudie a Jesus para que eles não morressem queimados. Com o coração dilacerado, lembrando de todos os momentos felizes e nesse exato momento, ela se lembra de Maria, mãe de Jesus. que viu seu filho crucificado. E, apesar da dor, conseguiu respeitar os desígnios que eram maiores que ela e sucumbiu às chamas.
Tanto Maria, mãe de Jesus, como Joana de Cusa tinham a clareza da eternidade além da matéria, com uma fé inabalável, mas ainda sim sofreram, pois eram seres humanos.
Infelizmente eu ainda continuo segurando as pedras com a esperança de que tudo irá melhor. E que eu possa fazer algo para retirar o filho das chamas, com medo do fluxo que a vida ainda me reserva.
Cada mãe sofre por seus filhos, sejam pequenos ou grandes, bons ou maus. Todos eles nasceram inocentes e puros, e alguns se desvirtuaram para um caminho de sombras, obscuro, cheios de culpas, angústias. E têm medo de voltar porque isso requer renunciar ao orgulho, ao fracasso, a dificuldade de olhar para dentro de si e ver suas mazelas. E poder se permitir abrir um espaço para ver a luz.
A jornada do autoconhecimento e da autodescoberta são como todas as mães que sofrem por seus filhos. É um caminho de dores, ressignificações, permissões. E que quando encontram a luz no fundo do túnel, correm para chegar até ela.
Quando praticamos a CNV – Comunicação Não Violenta em várias ocasiões ou situações enfrentamos o conflito para transmutar nossas crenças por outras melhores, mas renunciar ao orgulho, julgamento e/ou vingança. Quando falo aqui de vingança, não necessariamente me refiro a fazer algum mal físico diretamente, mas sim o pensamento, que tem o mesmo peso. Por mais que muitos possam não acreditar, mas esse pensamento fica impregnado na consciência E que em algum momento vai cobrar por uma reparação.
Quando trazemos a compaixão na CNV é para que possamos nos desvencilhar da vingança, dos maus pensamentos, da dor e perdoar.
Foi exatamente isso que vimos em Maria, mãe de Jesus. Não estou aqui levando para religião, mas sim para o ser humano que existe em cada um de nós em essência. A nossa humanidade. Mas como diz Marshall perdemos ao longo de nossas vidas.
Gostaria de convidar você a ressignificar suas crenças e valores que não te levem à compaixão e à consciência. A transformar o julgamento em empatia, a vingança em perdão, e deixar a dor ir embora.
Gostou do artigo? Quer conversar mais sobre o sentimento diante a dor de um filho? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em falar a respeito.
Um grande abraço,
Wania Moraes
http://www.waniamoraes.com.br/
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