Como você pode observar através dos meus textos, sou aficionada por pensar acerca de percepção e seu impacto sobre a realidade de cada indivíduo. Em tempos sombrios como o período eleitoral que vivemos neste ano de 2018, este hábito se faz bastante útil.
O que me pergunto com frequência é: quantos obstáculos com os quais nos deparamos são reais e quantos são criados por nós mesmos ao longo da nossa própria caminhada?!
Aquilo que eu vejo no ambiente, eu crio na minha realidade. Minha visão é um produto direto da minha percepção que, por sua vez, se dá através da leitura que faço dos acontecimentos e fenômenos à minha volta baseando-me em minhas crenças e verdades pessoais. Falando de maneira simplista, eu projeto no ambiente um entendimento dos fatos que serve para manter viva a realidade que construo totalmente baseada em minhas crenças.
Uma pessoa que não se sente verdadeiramente amada, por exemplo, interpretará toda e qualquer atitude de alguém do seu círculo de convivência como uma demonstração desta verdade. Ao passo que uma pessoa com boa autoestima, consciente do seu valor e importância, será capaz de aceitar situações em que o outro peca para com ela, simplesmente por reconhecer que humanos pecam e isso independe do quanto amam uns aos outros.
Entender a influência das nossas verdades pessoais na leitura que fazemos do mundo é fundamental para entender a importância do autoconhecimento. Se carrego dentro de mim emoções conturbadas, medos e ameaças imaginários, oriundos de experiências passadas, certamente enfrentarei qualquer adversidade com emoções que trazem qualidade e intensidade diretamente proporcional à intensidade e qualidade destas emoções anteriores.
Seja qual for seu posicionamento político, poderá aplicar esta teoria no entendimento da polarização que observamos neste período eleitoral. Ambos os lados extremando suas críticas e anunciando terror frente à vitória do lado oposto. O clima resultante desta batalha é de forte descredito por parte da população que passou a imaginar ameaça iminente, mesmo após alguns dias do resultado, onde nada mudou de fato.
Cenas de confronto de violência aconteceram sim, mas nada acima do observado antes do período eleitoral. E, parte destes registros se deu em consequência de muitas das manifestações dos grupos que questionam os resultados obtidos nas urnas.
Mas afinal, o que cada um dos brasileiros pode fazer para melhorar nosso país?
Até quando depositaremos nas circunstâncias a culpa por tudo que nos acontece e em que momento seremos capazes enquanto nação de assumir nossa responsabilidade no cenário em que me encontro?
Não se trata de negar a existência de obstáculos reais e desafiadores. Mas sim me perguntar como tenho lidado com cada um deles. Me ajoelhando e atirando pedras, com ódio por ele estar à minha frente? Ou recuando um, dois ou três passos se preciso, em busca de novas perspectivas que me ajudem a superá-lo?
Experimente olhar sobre outros ângulos… você pode se surpreender com novas possibilidades.
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